Categoria: Tech

  • Startup oferece curso gratuito de IA e almeja 1 milhão de alunos

    (REVISTA SIMPLES) – Junior Borneli, 43, pede que o ensino de inteligência artificial seja uma questão de estado. E que isso aconteça com urgência.

    “Capturar a principal janela de oportunidade quando surge é fundamental. É muito curta essa janela. Se a gente demora muito perde uma grande chance, a de ser relevante no presente”, afirma.

    Ele é CEO e fundador da StartSe, empresa de educação executiva com sede no Brasil e operações nos Estados Unidos e China. A companhia criou o Movimento IA Brasil, com a meta de oferecer cursos gratuitos de Inteligência Artificial, em diferentes níveis, para 1 milhão de pessoas.

    Lançado em novembro do ano passado, o programa, aberto para qualquer interessado, reuniu 12 mil alunos desde então. Para incrementar o número, a StartSe busca parcerias e patrocínios de outras empresas. A primeira foi a IBM, que vai oferecer as aulas aos seus funcionários.

    Especializada também em treinamento, oferece programas de imersão para executivos em lugares como Vale do Silício, nos Estados Unidos, e na China, e cursos de lideranças. A empresa afirma ter treinado 50 mil pessoas em 2024.
    Ela leva executivos para quatro hubs no exterior para que vivam experiências de tecnologias de ponta com empreendedores locais. São viagens a cada 15 dias para a China. Para o Vale do Silício, são semanais.

    Borneli acredita que o número de 1 milhão é viável por meio das parcerias com outras companhias que podem oferecer e divulgar o curso para seus colaboradores.

    “[IA] É a maior inovação tecnológica de todos os tempos. Supera a Revolução Industrial e agrícola. É assunto de soberania nacional e alvo de políticas públicas. Quem tem acesso a IA são as pessoas que produzem mais e se desenvolvem mais rapidamente”, afirma.

    Em julho do ano passado, o governo federal anunciou uma proposta para o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial 2024-2028. Os investimentos previstos, segundo o Executivo, são de R$ 23 bilhões. A ideia é criar infraestrutura de alto processamento tecnológico e desenvolver modelos de IA em português que reflitam as características culturais e linguísticas do país.

    O Ministério da Educação participa com planos para criação de cursos de graduação e pós-graduação na área, aulas técnicas para professores e servidores públicos, assim como fomento à pesquisa.

    Em setembro passado, o Piauí foi o primeiro estado do país a implementar o ensino de IA para os alunos do 9º ano do ensino fundamental e em três séries do ensino médio.

    “Chamamos isso de uma nova alfabetização. A IA pega tudo o que a gente sabia fazer nos últimos 40 anos e muda completamente a mecânica disso. Quem continua fazendo do jeito que sempre fez vai ser menos produtivo, ganhar menos e ter mais dificuldade no seu negócio. Não é se proteger para não ficar para trás. É exponencializar para ser muito mais relevante”, opina Borneli.

    Os cursos disponíveis pela StartSe têm metodologia que divide as aulas em quatro blocos. No início, se trata de desmistificar a Inteligência Artificial e mostrar que qualquer pessoa pode utilizá-la. O segundo, ensina a usá-la no dia a dia. Depois se trata de como criar aplicações para transformar o que se faz hoje em uma atividade mais produtiva. A última parte da primeira fase programa é atualização de diferentes ferramentas.

    A segunda fase, ainda a ser disponibilizada, será dedicada a criar nichos, diz o CEO. Ferramentas direcionadas para determinadas atividades econômicas.
    “Funciona como um funil. A gente dá um letramento básico e vamos conhecer mais sobre as pessoas, qual o perfil delas. Na segunda fase, fica mais profundo”, completa.

    O ensino de IA é aprovado por três em quatro professores, de acordo com pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, publicada em maio de 2024, elaborada pelo Semesp, entidade que representa entidades particulares de ensino superior.

    Segundo o estudo, 74,8% dos docentes entrevistados concordam, pelo menos parcialmente, com o uso da IA nas salas de aula. Apesar disso, 39% declararam ter o hábito de usar a tecnologia no ensino.

    Startup oferece curso gratuito de IA e almeja 1 milhão de alunos

  • IA pode criar mais empregos do que aqueles que elimina, diz FEM

    Na semana passada, o Fórum Econômico Mundial divulgou um relatório sobre os efeitos da Inteligência Artificial (IA) no mercado de trabalho, revelando que cerca de 40% dos empregadores já demitiram funcionários devido à adoção dessa tecnologia.

    No entanto, conforme aponta o site Ars Technica, a IA também pode trazer impactos positivos ao mercado. O relatório projeta que, embora a IA possa eliminar aproximadamente 92 milhões de empregos, também criará cerca de 170 milhões de novas vagas até 2030.

    “Os empregadores estão planejando redirecionar suas estratégias empresariais em resposta à introdução da IA. Dois terços pretendem contratar profissionais com habilidades específicas em IA, enquanto 40% planejam reduzir a força de trabalho em áreas onde tarefas podem ser automatizadas”, destaca o relatório.

    A previsão reflete tanto os desafios quanto as oportunidades que acompanham a transformação tecnológica. À medida que a IA automatiza tarefas repetitivas, cresce a demanda por profissionais capacitados em áreas como desenvolvimento, gerenciamento e manutenção de sistemas de IA.

    Esses dados reforçam a necessidade de adaptação por parte de empresas e trabalhadores, além de investimentos em educação e qualificação para aproveitar as oportunidades geradas pela nova era tecnológica.

    IA pode criar mais empregos do que aqueles que elimina, diz FEM

  • Experiências científicas terríveis e assustadoras

    Podemos agradecer a maior parte do que sabemos à experimentação científica. No entanto, a ciência tem um passado sinistro e chocante. Hoje, existe um comportamento mais ético em relação às cobaias e objetos de testes, mas nem sempre foi assim.

     

    Descubra alguns dos mais horríveis experimentos científicos já realizados na galeria a seguir.

    Leia Também: Entidades LGBTI+ criticam Meta: “patologização de identidades é grave”

    Experiências científicas terríveis e assustadoras

  • “patologização de identidades é grave”

    Diante das alterações nas regras do Facebook e do Instagram anunciadas na última terça-feira (7), diferentes entidades e coletivos que congregam pessoas LGBTI+ têm manifestado temor com um possível crescimento no volume dos discursos de ódio e de mensagens homofóbicas nas duas plataformas digitais, que cobram do governo brasileiro e do Congresso Nacional a adoção de medidas que visem proteger os direitos humanos.

    “É necessário revisar a atuação do Grupo Meta no país e, se cabível, impor sanções para assegurar que o ambiente digital não seja palco para retrocessos democráticos e violações de direitos”, registra nota divulgada na quinta-feira (9) pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH).

    Uma das maiores preocupações das entidades envolvem a disseminação de discursos que classificam a homossexualidade ou a transgeneridade como doença mental, apesar do consenso científico atual rejeitar tais teses. Nos Estados Unidos, as mudanças já foram aplicadas. Pelas novas regras, insultos homofóbicos, xenófobos e misóginos que antes eram filtrados, estão sendo liberados.

    As mudanças foram anunciadas por meio de um pronunciamento em vídeo de Mark Zuckerberg, presidente executivo da Meta, que controla as duas plataformas. A principal mudança é o fim da checagem de fatos, que tem como objetivo detectar e apontar erros, imprecisões e mentiras nas postagens. Na prática, significa que não será mais realizado nenhum trabalho para confirmar e comprovar informações veiculadas pelos usuários do Instagram e do Facebook. Zuckerberg informou que será adotado um modelo de notas da comunidade, similar ao da plataforma X controlada pelo empresário Elon Musk. Através desse modelo, os próprios usuários podem agregar informações contestando a veracidade de determinada conteúdo.

    Zuckerberg também anunciou mudanças envolvendo moderação de conteúdo, como a redução no uso de filtros que buscam por conteúdos que violam os termos de uso. “É uma troca. Significa que vamos mapear menos coisas ruins, mas também vamos reduzir o número de postagens de pessoas inocentes que derrubamos acidentalmente”, disse.

    Para a Aliança Nacional LGBTI+ e a ABRAFH, a situação é alarmante. “Essa decisão viola os princípios dos direitos humanos, retrocedendo conquistas históricas e reforçando estigmas que colocam vidas em perigo. É essencial recordar que, desde 1990, a Organização Mundial da Saúde não reconhece a homossexualidade como doença, posição corroborada por tratados internacionais que o Brasil subscreve”, registra a nota.

    As duas entidades consideram que as mudanças representam grave retrocesso na luta contra a desinformação, podendo comprometer avanços democráticos e atingir direitos fundamentais no Brasil. “Essa decisão amplia a disseminação de conteúdos falsos, que alimentam discursos de ódio, preconceitos e violências, colocando em risco a segurança e a dignidade das pessoas LGBTI+, além de ameaçar a coesão social.”

    As entidades também chamam a atenção para a importância das discussões no âmbito do Judiciário e do Legislativo. Está em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento de ações nas quais se discute se as redes sociais são responsáveis por conteúdos de usuários, caso deixem de tomar as providências necessárias para remover postagens com teor criminoso. Além disso, no Congresso Nacional, a regulação de conteúdo das plataformas digitais é tema de um projeto de lei que ficou conhecido como PL das Fake News. A Aliança Nacional LGBTI+ e a ABRAFH defendem a necessidade de aprovação de um marco legal sobre o assunto.

    “A ausência de legislação específica tem permitido que empresas como o Grupo Meta tomem decisões arbitrárias e prejudiciais ao interesse público, como o encerramento da checagem de notícias falsas e a permissão de conteúdos que patologizam a transgeneridade e a homossexualidade. É indispensável que o Congresso assuma seu papel na defesa da democracia, combatendo a desinformação e assegurando que os direitos humanos sejam preservados em ambientes virtuais, por meio de mecanismos claros de regulação e responsabilização. A resistência à desinformação e aos discursos de ódio é um compromisso que transcende interesses individuais”, acrescentam.

    Na opinião do presidente do Grupo de Trabalho Memória e Verdade LGBT, Renan Quinalha, o sinal verde dado pela Meta aos discursos de patologização das identidades LGBTI+ é extremamente grave. Em uma postagem veiculada na sexta-feira (10) em suas redes sociais, Quinalha criticou as mudanças anunciadas. “Durante muito tempo, fomos considerados não só pecadores, pelas igrejas, e criminosos, pelos Estados, mas também doentes. O estigma que nos foi imposto pelo saber médico é dos mais profundos, porque sempre se beneficiou da legitimidade e do prestígio da ciência. Não por outra razão, uma de nossas batalhas mais antigas tem sido precisamente pela despatologização, ou seja, para não haver essa associação das existências LGBTI+ a uma doença.”

    Quinalha cita casos de internação compulsória em hospitais psiquiátricos e manicômios judiciários. “Fomos submetidos a violências como choques elétricos, lobotomia, insulinoterapia e convulsoterapia. Escreveram tratados com fotos e diagnóstico. Fizeram laudos e prescreveram diferentes tratamentos. Graças a um abaixo assinado iniciado em 1981 no Brasil, nosso país despatologizou a homossexualidade em 1985. A Organização Mundial da Saúde o fez em 1990. As existências trans só em 2018 – e com ressalvas. Órgãos de classe profissional como os conselhos federais de Medicina e de Psicologia vedam essas práticas de terapias de cura gay“, acrescenta.

    No entanto, ele observa que se trata de uma conquista ainda recente no Brasil e que até hoje não foi alcançada em alguns países e alerta que, sem a moderação das plataformas, a remoção dos discursos de patologização que estiverem em circulação nas redes sociais só será possível acionando o Judiciário.

    “É muito grave. Porque o tempo da Justiça é lento. Porque nos onera mais uma vez a nos defender sozinhos e por nossa conta dos ataques. O estrago já vai ter sido – e já está sendo – feito. Vão viralizar memes e falsas pesquisas que nos classificam como doentes. E muita gente vai acreditar. É assim que se constroem preconceito e discriminação. Não podemos permitir que as plataformas amplifiquem discursos de ódio impunemente”, escreveu.

    Ao anunciar as mudanças nas regras do Facebook e do Instagram, Mark Zuckerberg disse que a recente eleição de Donald Trump nos Estados Unidos é um ponto de inflexão. Ele fez acenos ao novo presidente dos Estados Unidos, que tomará posse no dia 20 deste mês. Ao mesmo tempo, assumiu argumentos encampados por Trump e por outros líderes mundiais de extrema-direita, que classificam a checagem de fatos como censura. “É hora de voltar para nossas raízes de livre expressão no Facebook e no Instagram”, afirmou.

    O presidente executivo da Meta ainda acusou governos e veículos da mídia tradicional de serem favoráveis à censura.

    Nos últimos dias, o discurso gerou reações de diferentes chefes de Estado. Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Emmanuel Macron, abordaram o tema em uma conversa telefônica na sexta-feira. Os governos dos dois países compartilham posicionamento similar e manifestaram preocupação com o risco de uma ampliação na disseminação de notícias falsas. No Brasil, a Advocacia-Geral da União (AGU) notificou a Meta para esclarecer dúvidas em até 72 horas. Explicações também foram cobradas pelo Ministério Público Federal (MPF), que estabeleceu, no entanto, um prazo mais elástico: 30 dias.

    Na quinta-feira (9), o porta-voz da Comissão Europeia, Thomas Regnier, defendeu que a Lei de Serviços Digitais seja respeitada pela Meta. Regnier afirmou que a legislação não autoriza remoção de conteúdo legal das plataformas e sim aqueles que podem ser nocivos para crianças ou para o andamento das democracias da União Europeia.

    Em uma publicação nas redes sociais, o alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que permitir discurso de ódio tem consequências no mundo real. “Regular tal conteúdo não é censura. Meu gabinete pede responsabilidade e governança no espaço digital, em linha com os direitos humanos”, escreveu.

    “patologização de identidades é grave”

  • trabalhadores da Meta estão revoltados com mudanças

    trabalhadores da Meta estão revoltados com mudanças

    Não foram apenas os internautas que reagiram mal às mudanças anunciadas esta semana pelo cofundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg, em relação à moderação de conteúdo do Facebook, Instagram e Threads. Parece que os funcionários da empresa de tecnologia também já demonstraram indignação e revolta com as novidades.

    O site 404 Media afirma ter obtido acesso a comentários internos na plataforma Workplace da Meta, onde os empregados da empresa têm expressado claramente seu descontentamento com essas mudanças.

    Vale lembrar que, nesta semana, Zuckerberg anunciou que a empresa não só abandonará o programa de verificação de fatos, como também adotará uma solução semelhante às Notas da Comunidade da rede social X, de Elon Musk.

    “Essa mudança é inaceitável em todos os níveis”, diz um dos comentários. “Quando comecei a trabalhar aqui, as pessoas sempre me criticavam por isso. Eu os defendia todas as vezes, dizendo que fazíamos o nosso melhor, mesmo que nem sempre conseguíssemos. Mas isso? Assustador”, desabafa outro funcionário. “Acho que está claro que a equipe de política não está aberta a nenhum ‘feedback’ sobre esse assunto e está comprometida com um projeto ideológico que sacrifica algumas das nossas comunidades para alcançar seu objetivo”, observa outro colaborador.

    Segundo a publicação, a resposta a esses comentários tem sido dada por um membro da equipe de política da Meta, que afirma que “os valores centrais da empresa não mudaram”. “Reafirmar nossos valores de liberdade de expressão significa que poderemos ver conteúdos nas nossas plataformas que as pessoas considerem ofensivos. As mudanças de ontem não apenas abrem a conversa sobre esses temas, como também permitem argumentar sobre o que importa para esses usuários”, diz esse funcionário.

    Apesar dessa tentativa de acalmar os ânimos, um funcionário (que prefere se manter anônimo) disse à 404 Media que a situação na empresa não está boa.

    “Internamente, a Meta está um caos total”, afirmou o trabalhador. “Todos os comentários compartilhados estão contra a nova política, exceto um líder que repete os tópicos do Zuckerberg. Diria que o sentimento é de choque e descrença. É um embaraço e uma vergonha que parecem autoinfligidos, diferente dos erros que a empresa cometeu no passado”.

    “A moral dos funcionários LGBTQ+ está uma m*rda total e ninguém está surpreso com isso”, conta outro colaborador da Meta à publicação.

    trabalhadores da Meta estão revoltados com mudanças

  • Elon Musk aponta obstáculo no treino de Inteligência Artificial

    O bilionário Elon Musk, dono da Tesla, SpaceX e da plataforma X, afirmou que o avanço da Inteligência Artificial (IA) pode enfrentar um grande desafio devido à falta de dados disponíveis para o treinamento dos modelos dessa tecnologia.

    “Basicamente, já esgotamos a soma cumulativa do conhecimento humano no treinamento de IA. Isso aconteceu no ano passado”, declarou Musk durante uma entrevista transmitida no X, ao lado de Mark Penn, presidente da Stagwell.

    Musk acredita que, daqui em diante, a solução será recorrer a dados sintéticos para continuar o desenvolvimento da IA. “A única forma de compensar será com dados sintéticos, onde a própria IA os cria. Com esses dados, [a IA] poderá se qualificar e entrar em um processo de autoaprendizado”, explicou o empresário.

     

    Elon Musk aponta obstáculo no treino de Inteligência Artificial

  • ‘Meta reforça uma agenda política destrutiva’, repudia FNDC

    ‘Meta reforça uma agenda política destrutiva’, repudia FNDC

    O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) divulgou uma nota nesta semana manifestando repúdio às alterações nas regras das redes sociais Facebook e Instagram. A principal delas é o fim do programa de checagem de fatos. A decisão foi comunicada em pronunciamento em vídeo de Mark Zuckerberg, presidente-executivo da Meta, que controla as duas plataformas.

    Criada em 1991, a FNDC congrega entidades da sociedade civil brasileira engajadas na discussão da democratização da comunicação. De acordo com a nota divulgada, as medidas adotadas pela Meta representam um ataque direto à proteção de direitos individuais e coletivos no ambiente digital, ao promover a desinformação e ampliar a margem para discursos de ódio.

    Ao anunciar a decisão, Zuckerberg fez acenos à Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos. Crítico da checagem dos fatos, Trump tomará posse no dia 20 de janeiro. Mark Zuckerberg disse que a eleição de Trump é um ponto de inflexão e assumiu argumentos encampados por ele e por outros líderes mundiais de extrema-direita, que classificam a checagem de fatos como censura. “É hora de voltar para nossas raízes de livre expressão no Facebook e no Instagram”, acrescentou.

    A checagem de fatos tem como objetivo detectar e apontar erros, imprecisões e mentiras nas postagens. Na prática, a mudança anunciada pela Meta significa que não será mais realizado nenhum trabalho para confirmar e comprovar informações veiculadas pelos usuários do Instagram e do Facebook. Zuckerberg afirmou que será adotado um modelo de notas da comunidade, similar ao da plataforma X controlada pelo empresário Elon Musk. Através dele, os próprios usuários podem agregar informações contestando a veracidade de determinada conteúdo.

    O presidente-executivo da Meta ainda acusou governos e veículos da mídia tradicional de serem favoráveis à censura. Zuckerberg também anunciou outras mudanças envolvendo moderação de conteúdo, como a redução no utilização de filtros que buscam por conteúdos que violam os termos de uso. “É uma troca. Significa que vamos mapear menos coisas ruins, mas também vamos reduzir o número de postagens de pessoas inocentes que derrubamos acidentalmente”, disse.

    A posição de Zuckerberg é duramente criticada na nota da FNDC. “Sob o pretexto de defender uma suposta liberdade de expressão irrestrita, a Meta anunciou o desligamento de filtros de moderação de conteúdo relacionados a temas sensíveis como imigração e gênero, assim como o enfraquecimento de iniciativas de checagem de fatos, o que contribui para a proliferação de fake news e, consequentemente, reforça conteúdos que promovem a extrema-direita, colocando em risco a democracia, a liberdade de expressão responsável e o próprio tecido social”, diz a nota.

    Para o FNDC, a decisão sinaliza uma ofensiva da Meta contra esforços internacionais de regulação das big techs, como são chamadas empresas responsáveis pelas plataformas digitais. Foram mencionadas discussões em curso no Brasil, na Alemanha e na China.

    “Essa postura revela as big techs como verdadeiras ferramentas geopolíticas que visam desestabilizar a ordem internacional O anúncio da Meta não se limita a uma nova política de moderação de conteúdo, mas configura um movimento político que ameaça a integridade das democracias em todo o mundo. Ao alinhar-se às ideias de Donald Trump, Elon Musk, e outros representantes da extrema-direita, a Meta reforça uma agenda política destrutiva internacional, com objetivo de fragilizar as instituições democráticas e a justiça social, e concentrando ainda mais poder político e econômico nas mãos de poucos, preferencialmente, nos Estados Unidos”, acrescenta o texto.

    A nota cobra ainda uma resposta robusta e imediata. “É imprescindível que governos democráticos e organizações da sociedade civil de todos os países intensifiquem os esforços para regular as plataformas digitais, a fim de garantir um ambiente online mais justo, seguro e respeitoso, livre de manipulação, desinformação e ódio”.

    “Regulação não é censura, mas um mecanismo essencial para defender as pessoas e proteger as democracias, preservando os direitos humanos e a liberdade de expressão responsável”, diz a nota.

    O pronunciamento de Zuckerberg também gerou reação dentro do governo federal. João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação (Secom), classificou como uma declaração explícita de que a Meta não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital. Em meio à repercussão do anúncio, o Ministério Público Federal (MPF) decidiu, nesta quarta-feira (8), oficiar a Meta para se explicar sobre as mudanças. Foraom concedidos 30 dias úteis de prazo para manifestação. O MPF quer entender se as novas regras podem impactar direitos dos usuários brasileiros do Facebook e do Instagram. 

    Preocupações também foram ecoadas por lideranças europeias. Entre elas, o ministro alemão dos Assuntos Digitais, Volker Wissing. Ele afirmou que a questão será examinada cuidadosamente e defendeu a necessidade de garantia de informação segura e verificada. Thomas Regnier, porta-voz da Comissão Europeia, negou nesta quinta-feira (9) que governos europeus pressionem por censura. Ele afirmou que a Lei de Serviços Digitais não forçou e nem solicitou que as plataformas da Meta removessem conteúdo legal e, sim, aqueles que pudessem ser nocivos para crianças ou para o andamento das democracias da União Europeia.

    Em uma publicação nas redes sociais, o alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, Volker Türk, afirmou que regulação de conteúdo não é censura. “Permitir discurso de ódio e conteúdo prejudicial online tem consequências no mundo real. Regular tal conteúdo não é censura. Meu gabinete pede responsabilidade e governança no espaço digital, em linha com os direitos humanos”, registra a postagem compartilhada nesta sexta-feira (10).

    Nos Estados Unidos, onde as mudanças já foram aplicadas, manifestações com insultos homofóbicos, xenófobos e misóginos, antes filtradas, passaram a ser liberadas. As novas regras permitem, por exemplo, que os usuários associem a homossexualidade ou a transsexualidade à doenças mentais, apesar do consenso científico rejeitar esse tipo de tese.

    No Brasil, a regulação das big techs já é tema de um projeto de lei que ficou conhecido como PL das Fake News, atualmente em tramitação no Congresso Nacional. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também já manifestaram publicamente preocupações com a questão. No fim do ano passado, a corte começou a julgar ações na qual se discutem se as plataformas digitais devem ser responsabilizadas por conteúdos de usuários caso deixem de tomar as providências necessárias para remover postagens com teor criminoso.

    ‘Meta reforça uma agenda política destrutiva’, repudia FNDC

  • Zuckerberg permitiu que a meta violasse direitos autorais para treinar suas ias, acusa processo

    Zuckerberg permitiu que a meta violasse direitos autorais para treinar suas ias, acusa processo

    Alvo de um processo por violar direitos autorais, a Meta usou material pirata no treinamento de seu modelo de inteligência artificial (IA), a Llama. Advogados de acusação alegam que o próprio CEO Mark Zuckerberg deu sinal verde à equipe por trás do uso indevido de conteúdo, segundo o site TechCrunch. A empresa diz estar protegida pela “doutrina do uso justo”, na qual permite a utilização desse material com a premissa de criar de algo novo.

    Nessa disputa conhecida como Kandrey vs Meta, estão envolvidos nomes como a comediante e roteirista do The Sarah Silverman Program, Sarah Silverman e o escritor do Entre o Mundo e Eu (2015), Ta-Nehisi Coates. Documentos apresentados ao Tribunal Distrital dos Estados Unidos ao distrito da Carolina do Norte revelam que Zuckerberg liberou a utilização de um conjunto de material literário e acadêmico da LibGen para treinar os modelos Llama.

    O problema é que a LibGen, por sua vez, não tem direito sobre nenhuma das obras disponíveis. Em defesa, a plataforma se descreve como um “agregador de links”. Ou seja: ela não hospeda o conteúdo, mas fornece links que direcionam os usuários para locais onde os arquivos podem ser baixados.

    No meio dos conteúdos piratas, há obras das editoras de livros didáticos Cengage Learning, Macmillan Learning, McGraw Hill, and Pearson Education.

    A LibGen também frequenta os tribunais com frequência – multas que somam mais algumas dezenas de milhões de dólares já foram aplicadas e seu fechamento já foi determinado pela Justiça dos EUA. Tudo por causa de infrações de direitos autorais. E aqui um detalhe: o processo revela que a Meta usou Torrent (um protocolo de compartilhamento de arquivos sem um servidor central) para acessar a biblioteca digital, o que configura uma segunda violação de direitos.

    De acordo com a acusação, funcionários da gigante alertaram que o LibGen era “um conjunto de dados que sabemos ser pirata”, no entanto Mark Zuckerberg deixou explicito a intenção de usar os dados no treinamento da IA.

    O processo também menciona um documento que circulou entre diretores da área de IA da Meta, no qual há a explicita ordem de usar o conteúdo ilícito. Além disso, a empresa teria tentado encobrir a infração ao remover dados de atribuição ao LibGen.

    A estratégia de apagar os rastros do conteúdo seria um roteiro criado por um dos engenheiros da Meta, Nikolay Bashlykov, onde palavras como “copyright” dos arquivos acessados eram apagadas. Segundo a acusação, isso indica que a empresa não só usava os dados para treinamento de modelos de linguagem, mas também tinham a intenção de ocultar a violação.

    O processo se tornou público porque o juiz Thomas Hixson rejeitou um pedido de sigilo feito pela gigante, no qual, segundo o magistrado, não visava proteger informações sensíveis, mas sim evitar publicidade negativa.

    No último ano, empresas desenvolvedoras de IA viraram alvo de processos sobre o uso sem autorização de obras protegidas para o treinamento de grandes modelos. E na maioria das vezes, réus como a Meta baseiam suas defesas na mesma “doutrina do uso justo”.

    Casos como esse já aconteceram antes, por exemplo quando o jornal americano The New York Times abriu um processo judicial contra a OpenAI, dona do ChatGPT, e a Microsoft por violação de direitos autorias em 2023.

    A ação pedia um julgamento com júri e só foi protocolada depois de meses de negociações malsucedidas entre representantes dos setores de tecnologia e comunicação. Criadores de série Game of Thrones também processaram a empresa de Sam Altman. Em 2023, George RR Martin e John Grisham alegram que os direitos autorais delas foram violados para trinar o modelo de IA da companhia.

    De forma semelhante, uma ação judicial também movida por Sarah Silverman, além de uma carta aberta assinada pelos autores Margaret Atwood e Philip Pullman, em julho daquele ano. Na ocasião, eles pediam às empresas de IA compensação financeira pelo uso de seus materiais.

    Zuckerberg permitiu que a meta violasse direitos autorais para treinar suas ias, acusa processo

  • Relatório diz que 41% dos empregadores despedirá funcionários graças a IA

    O Fórum Econômico Mundial compartilhou um relatório que revela as expectativas das empresas em relação ao futuro e como estão encarando a entrada da Inteligência Artificial (IA) no mercado de trabalho.

    Na pesquisa incluída neste relatório – na qual participaram mil empregadores de 22 países, totalizando mais de 14 milhões de trabalhadores – é indicado que, apesar de 77% afirmarem que planejam capacitar seus funcionários para trabalhar com essa tecnologia, outros 41% dizem que esperam reduzir o número de trabalhadores até 2030.

    “A Inteligência Artificial e o ‘big data’ lideram a lista de competências com o crescimento mais rápido, seguidas de perto por redes e cibersegurança, além da alfabetização tecnológica”, afirma o relatório. “Completando as competências relacionadas à tecnologia, espera-se que o pensamento criativo, a resiliência, a flexibilidade e a agilidade, juntamente com a curiosidade e a capacidade de aprender ao longo da vida, continuem ganhando importância no período entre 2025 e 2030.”

    Entre as profissões que os empregadores esperam ter menos demanda no futuro estão os designers gráficos e os assistentes jurídicos.

    Relatório diz que 41% dos empregadores despedirá funcionários graças a IA

  • Após alterar termos de uso, Meta acaba com programas de diversidade

    Após alterar termos de uso, Meta acaba com programas de diversidade

    BELO HORIZONTE, MG E SÃO PAULO, SP (UOL/REVISTA SIMPLES) – A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, está encerrando seus programas de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão). Decisão foi revelada nesta sexta-feira (10) pelos veículos estadunidenses Axios e New York Post, e ocorre na semana em que a empresa causou polêmica após alterar seus termos de uso.

    Documento revelado à Axios e ao New York Post afirma que a Meta não levará mais em conta as políticas de diversidade, equidade e inclusão na hora de contratar, treinar ou escolher fornecedores. Ele é assinado pela vice-presidente de recursos humanos da empresa, Janelle Gale, e foi compartilhado na rede de comunicação interna da empresa.

    “O panorama jurídico e político em torno dos esforços de diversidade, equidade e inclusão nos Estados Unidos estão mudando”, escreveu Gale. No texto, ela também afirma que “o termo ‘DEI’ também se tornou carregado, em parte porque é entendido por alguns como uma prática que sugere tratamento preferencial de alguns grupos em detrimento de outros”.

    Mark Zuckerberg, CEO da Meta, tem feito vários acenos a Trump. O executivo se encontrou com o presidente eleito dos EUA em novembro de 2024. Antes do jantar, o criador do Facebook afirmou, segundo a FOX News, que “deseja apoiar a renovação nacional da América sob a liderança do presidente Trump”.

    MUDANÇAS NOS TERMOS DE USO

    Na última terça-feira (7), a empresa anunciou diversas mudanças em suas políticas de uso. As redes de Zuckerberg irão remover as agências de checagem profissionais e passarão a ter um sistema de notas da comunidade, assim como ocorre no X, de Elon Musk. A AGU (Advocacia Geral da União) notificou a Meta para explicar o impacto da medida e respeitar a lei.

    O novo presidente dos EUA sempre se posicionou contrário à checagem de fatos nas redes sociais. Trump chegou a ser expulso do Twitter (hoje X) por divulgar notícias falsas.

    “Depois da eleição da primeira eleição de Trump, em 2016, a mídia tradicional escreveu sem parar sobre como fake news eram uma ameaça para a democracia. Tentamos de boa-fé endereçar essas preocupações, sem nos tornarmos árbitros da verdade. Mas os checadores de fatos são muito enviesados politicamente e destruíram mais a confiança [das pessoas] do que a criaram, especialmente nos EUA”, afirmou Zuckerberg, em comunicado.

    A Meta também anunciou alterações na moderação dos conteúdos. Segundo a nova política, eles irão focar em temas considerados mais sérios, como terrorismo, drogas, golpes e exploração sexual. Imigração e gênero são temas que terão moderação mais leve.

    Mudanças atingiram normas contra discursos de ódio. Os novos termos permitem que pessoas LGBTQIA+ sejam classificadas como “doentes mentais” ou “anormais”. A Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais) protocolou representação no MPF (Ministério Público Federal) contra a Meta. Em 1990, a OMS (Organização Mundial da Saúde) retirou a homossexualidade da classificação internacional de doenças.

    “Nós permitimos alegações de doença mental ou anormalidade quando baseadas em gênero ou orientação sexual, dado o discurso político e religioso sobre transgenerismo e homossexualidade”, define a política de transparência da Meta.

    Mais conteúdo político nas plataformas da Meta. A empresa afirma que desde 2021 reduziu conteúdos que tratassem do tema, baseado no pedido de usuários. Porém, com essas mudanças, a rede diz que terá uma “abordagem mais personalizada”, permitindo que quem quiser, terá mais acesso a esses conteúdos em seus feeds.

    No anúncio, Zuckerberg fala em se juntar ao Governo dos EUA para lutar contra governos ao redor do mundo que atacam empresas do país. O CEO da Meta cita que a Europa tem leis que institucionalizam a censura e que na América Latina há “cortes secretas” que exigem que empresas removam conteúdos. A União Europeia disse rejeitar “categoricamente” as acusações de Zuckerberg.

    “Vamos trabalhar com o presidente Trump para resistir a governos ao redor do mundo, que vão contra empresas dos Estados Unidos, e que queiram censurar mais. (…). A Europa tem um crescente número de leis que institucionalizam a censura, tornando difícil criar qualquer coisa inovadora por lá. Países da América Latina têm cortes secretas, que exigem que companhias removam conteúdos na surdina. A China censura nossos apps de funcionarem lá. A única forma de resistir a essa tendência global é com o apoio do Governo do EUA”, afirmou ainda Zuckerberg.

    Após alterar termos de uso, Meta acaba com programas de diversidade