A preguiça, o medo de não fazer algo perfeitamente ou a inércia nos afastam de realizar várias atividades, mas com alguns métodos, é possível superar esses obstáculos. Os japoneses possuem diversas técnicas que podem nos ajudar a superar a preguiça e encontrar motivação
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Quantas vezes você demorou para começar uma tarefa pendente? Ou para finalmente se inscrever naquele curso que você adora?
Às vezes, a preguiça, o medo de não fazer tudo perfeito ou a desmotivação nos afastam de realizar várias atividades. Ou adiamos tanto que acabamos perdendo um tempo precioso que poderíamos estar aproveitando.
Há muitos motivos que podem nos levar a isso. Mas também existem soluções.
Para esses casos, os japoneses têm diversas técnicas que podem nos ajudar a superar a preguiça e encontrar motivação.
Abaixo contamos algumas delas para você.
Ikigai
Sem tradução direta do japonês, o termo representa a ideia de felicidade de viver. Essencialmente, é a razão pela qual você se levanta todas as manhãs.
Para quem, no Ocidente, está mais familiarizado com o conceito, ele é frequentemente associado a um diagrama de Venn com quatro qualidades que se sobrepõem: o que você ama, aquilo em que é bom, o que o mundo precisa e pelo que você pode ser pago.
Ken Mogi, neurocientista e autor de Awakening Your Ikigai, afirma que o ikigai é um conceito antigo e familiar para os japoneses, podendo ser traduzido de forma simples como “uma razão para se levantar pela manhã” ou, mais poeticamente, “despertar com alegria”.
Já a psicóloga japonesa Michiko Kumano (2017) descreve o ikigai como um estado de bem-estar que surge da dedicação às atividades que se gosta de fazer, trazendo também uma sensação de plenitude.
Em poucas palavras: encontre algo que o motive diariamente, uma razão para seguir em frente. Pode ser desde ter um pequeno espaço com plantas, cuidar de um animal de estimação ou aprender algo novo todos os dias.
Kaizen
A filosofia Kaizen tem como base realizar pequenas mudanças e melhorias constantes em todas as áreas da vida.
Essa abordagem contrasta com a ideia de querer dominar algo desde o primeiro dia, um pensamento que, além de irrealista, gera frustração e pode levar ao abandono das metas que estabelecemos.
A aplicação prática dessa filosofia envolve definir pequenas metas diárias e concentrar-se nas pequenas melhorias. O segredo é se comprometer a dar pelo menos um passo que te aproxime do seu objetivo.
Estabelecer pequenas metas diárias e observar esses conquistas pode ser uma maneira de se motivar.
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Esses pequenos passos ajudam a superar a inércia e a criar um impulso constante rumo à produtividade. Além disso, permitem identificar gradualmente os pontos que podem ser aprimorados.
A técnica remonta ao período do pós-guerra no Japão e, por exemplo, no site da renomada empresa Toyota, esse sistema é reconhecido como um dos princípios básicos do seu modelo de produção.
A tradução de Kaizen para o português, de forma geral, é “melhoria constante”. “Kai” significa “mudança” e “zen” significa “para melhor”.
Trata-se de uma filosofia que ajuda a garantir máxima qualidade, eliminação de desperdícios e melhorias na eficiência, tanto em equipes quanto em processos de trabalho.
Técnica Pomodoro
Quando uma tarefa parece difícil de realizar, seja por ser cansativa ou por exigir muita concentração, essa técnica pode ser bastante útil.
Embora tenha sido criada pelo italiano Francesco Cirillo no final da década de 1980, ela é amplamente utilizada no Japão para aumentar a produtividade e tornar as tarefas diárias mais leves. A técnica é conhecida como “pomodoro”, em referência a cronômetros em forma de tomate usados para marcar o tempo.
Matthew Bernacki, professor associado da Faculdade de Educação da Universidade da Carolina do Norte (UNC), nos Estados Unidos, explicou à BBC que essa abordagem, baseada em blocos de tempo, é eficaz para evitar distrações.
Tanto para estudar quanto para fazer alguma tarefa no computador ou até mesmo para organizar a casa, a técnica Pomodoro pode nos ajudar a concentrar e tornar o processo mais leve.
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Por exemplo, ajuste o cronômetro para 25 minutos e, nesse período, dedique-se exclusivamente a estudar um conteúdo ou realizar uma tarefa, seja ela intelectual ou física, desconectando-se de todas as distrações.
Depois, você tem cinco minutos para recompensar o cérebro com alguma distração, como fazer um lanche ou verificar suas mensagens. Em seguida, retorne para mais um bloco de 25 minutos de estudo ou trabalho.
Essa técnica não apenas ajuda a evitar a perda de tempo com distrações, mas também mantém o cérebro motivado com a perspectiva de uma “recompensa”.
Hara Hachi Bu
“Não coloque no estômago (Hara) mais do que 80% do que você gostaria de comer (Hachi Bu).”
Essa é, basicamente, a ideia por trás dessa técnica, que consiste em evitar comer até ficar completamente cheio.
E o que isso tem a ver com produtividade e preguiça? Basta pensar em como você se sente após uma refeição exagerada, quando fica completamente satisfeito. Dá vontade de tirar um cochilo, certo?
A solução está nesta prática, que tem origem na cidade de Okinawa, onde as pessoas seguem esse conselho como uma forma de controlar seus hábitos alimentares.
A técnica shoshin consiste em abordar tudo o que fazemos com uma atitude aberta, sem preconceitos, deixando de lado a experiência.
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A psicóloga Susan Albers explica que essa abordagem é útil porque ensina a parar de comer quando você se sente apenas satisfeito.
Segundo a Cleveland Clinic, ao olhar para o seu prato, defina qual quantidade o faria sentir-se cheio e, então, calcule como seria 80% dessa porção. Talvez isso corresponda a dois terços da comida no prato.
O objetivo é sentir-se satisfeito, sem fome, em vez de completamente cheio.
Shoshin
Esse conceito vem do budismo zen e significa “mente de principiante”.
A ideia foi apresentada pelo monge Shunryū Suzuki, que escreveu: “Na mente do principiante há muitas possibilidades. Mas na do especialista, poucas”.
Essa técnica consiste em abordar tudo o que fazemos com uma atitude aberta, sem preconceitos ou ideias pré-concebidas, independentemente do nível de experiência que já tenhamos no assunto. Exatamente como faria um iniciante.
Isso nos permite aceitar que não sabemos tudo. Segundo a revista Forbes India, vários estudos científicos demonstraram que essa postura de humildade traz muitos benefícios para quem a adota.
Por quê? Porque encarar algo com curiosidade e mente aberta nos incentiva a perseverar, ser inovadores e ter coragem para ousar.
Wabi Sabi
O termo wabi-sabi não é apenas intraduzível, mas também considerado indefinível na cultura japonesa.
Ele tem origem no taoísmo, durante a dinastia Song na China (960-1279), e foi posteriormente incorporado ao budismo zen.
Inicialmente, wabi-sabi era visto como uma forma de apreciação austera e contida. Hoje, o termo engloba uma aceitação mais serena do que é transitório, natural e melancólico, valorizando o imperfeito e o incompleto em tudo, desde a arquitetura até a cerâmica e os arranjos florais.
“Enquanto nos esforçamos para criar coisas perfeitas e depois lutamos para preservá-las, negamos seu propósito e perdemos a alegria que vem com a mudança e o crescimento”, escreveu Lily Crossley-Baxter em um artigo da BBC Mundo.
Quando pensamos em produtividade, em realizar uma tarefa ou nos dedicar a um hobby, o wabi-sabi propõe abraçar a imperfeição em vez de nos estressarmos com os detalhes. Ou, em outras palavras: “o perfeito é inimigo do bom”.
Isso porque, ao insistirmos em alcançar a perfeição, nos fixando em cada pequena minúcia, podemos estar desperdiçando um tempo precioso.
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