O que é inflação e por que você precisa entendê-la
A inflação é um dos termos mais citados quando se fala de economia — e também um dos menos compreendidos pela população em geral. No entanto, entender o que é inflação é essencial para qualquer cidadão que queira proteger seu poder de compra, planejar investimentos ou simplesmente manter sua vida financeira em equilíbrio.
Neste artigo, você vai entender o que é inflação, como ela funciona, quais os seus principais tipos, causas, impactos no dia a dia e as maneiras de se proteger de seus efeitos. Acompanhe uma explicação clara e prática, ideal para quem quer se informar de forma acessível.
Definição de inflação
De forma simples, inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços em uma economia ao longo do tempo. Quando dizemos que houve inflação, estamos dizendo que, em média, o custo de vida subiu.
Se o preço do pãozinho na padaria, da gasolina no posto e da mensalidade escolar sobe, mas os salários continuam os mesmos, significa que seu poder de compra caiu — e isso é justamente o efeito da inflação.
Como a inflação é medida no Brasil
No Brasil, o principal índice de inflação é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE. Ele mede a variação de preços para uma cesta de produtos e serviços consumida por famílias com rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos. Outros índices incluem:
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INPC (voltado para famílias com renda até 5 salários mínimos)
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IGP-M (muito usado em reajustes de aluguel)
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IPC-Fipe (com foco na cidade de São Paulo)
Esses índices são acompanhados mensalmente por governos, empresas e investidores para entender a direção da economia.
Principais causas da inflação
A inflação pode ter várias causas, sendo as principais:
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Inflação de demanda: quando há mais pessoas consumindo do que produtos disponíveis. O excesso de demanda pressiona os preços para cima.
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Inflação de custos: quando o custo de produção aumenta (ex: energia, matéria-prima, salários), os produtores repassam esse aumento para o consumidor final.
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Inflação inercial: ocorre quando há a prática de reajustar preços com base em inflação passada, alimentando um ciclo contínuo.
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Inflação monetária: acontece quando o governo emite dinheiro em excesso, desvalorizando a moeda.
Como a inflação afeta sua vida
A inflação impacta diretamente seu cotidiano, mesmo que você não perceba. Veja alguns exemplos:
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Poder de compra reduzido: com R$ 100 hoje você compra menos do que comprava há um ano.
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Reajustes em contratos: aluguéis, mensalidades escolares, planos de saúde e outros serviços são frequentemente ajustados com base em índices inflacionários.
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Investimentos corroídos: aplicações financeiras que não rendem acima da inflação acabam perdendo valor real.
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Endividamento maior: juros altos, motivados pelo combate à inflação, tornam o crédito mais caro.
Inflação alta, controlada ou deflação: qual é o melhor cenário?
Nem sempre inflação zero é o melhor dos mundos. Economistas defendem que uma inflação moderada é sinal de uma economia saudável. Veja a diferença:
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Inflação controlada (meta entre 3% e 4,5%): estimula o consumo e mantém a previsibilidade.
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Inflação alta (acima de 10%): gera insegurança, fuga de investimentos, perda de poder de compra e instabilidade.
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Deflação (queda generalizada de preços): pode parecer boa, mas indica recessão, desemprego e desestímulo à produção.
Quem controla a inflação no Brasil?
A inflação é monitorada e controlada pelo Banco Central do Brasil (BCB). Ele atua principalmente por meio da taxa básica de juros, a Selic. Quando a inflação sobe, o BCB tende a aumentar os juros para desestimular o consumo e o crédito. Quando está controlada ou abaixo da meta, pode reduzir a Selic para estimular a economia.
Esse mecanismo é chamado de política monetária.
Exemplos práticos: inflação no dia a dia do brasileiro
Nos últimos anos, o Brasil passou por choques inflacionários ligados à pandemia da Covid-19, guerra na Ucrânia, aumento do dólar e crises climáticas. Tudo isso impactou o preço de itens como:
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Combustíveis (gasolina e diesel)
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Energia elétrica
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Alimentos (óleo, arroz, carne, leite)
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Serviços (transporte, saúde, educação)
Segundo o IPCA, o Brasil fechou o ano de 2022 com uma inflação acumulada de 5,79%. Já em 2023, os dados mostraram desaceleração, com índice em torno de 4,62%.
Como se proteger da inflação?
Aqui estão algumas formas de proteger seu patrimônio dos efeitos da inflação:
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Invista em ativos indexados à inflação: como o Tesouro IPCA, que garante rendimento real acima do índice.
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Diversifique sua carteira: incluindo ações, fundos imobiliários, ouro e até criptomoedas.
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Evite dívidas em tempos de inflação alta: o crédito fica mais caro.
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Renegocie contratos e reajustes: sempre que possível, busque alternativas em serviços e fornecedores.
A inflação no contexto global
A inflação não é um problema exclusivo do Brasil. Países desenvolvidos como Estados Unidos e Reino Unido também enfrentaram altas inflacionárias recentes. A guerra na Ucrânia, o aumento no preço do petróleo e gargalos na cadeia global de suprimentos provocaram inflação em várias economias, levando bancos centrais ao redor do mundo a subir juros.
Saber o que é inflação não é mais um privilégio de economistas ou investidores. Trata-se de uma necessidade básica para qualquer cidadão que queira manter seu poder de compra, entender os movimentos do mercado e tomar melhores decisões financeiras.
A inflação está presente em cada centavo gasto, em cada compra no supermercado, no preço da gasolina e nas prestações de um financiamento. Aprender sobre ela é o primeiro passo para proteger seu bolso e sua qualidade de vida.