STF ouve Mourão, comandante da Marinha e Aldo Rebelo em investigação sobre tentativa de golpe
Entenda o contexto dos depoimentos e as implicações para a política brasileira
Nesta sexta-feira, 23 de maio de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF) realiza uma série de depoimentos cruciais no âmbito da ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado ocorrida após as eleições presidenciais de 2022. Entre os convocados para prestar esclarecimentos estão o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo.
O foco da investigação: tentativa de golpe
A ação penal em curso no STF busca apurar os eventos que culminaram nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que houve uma tentativa de golpe de Estado, articulada por membros do governo anterior e apoiadores, com o objetivo de reverter o resultado das eleições presidenciais que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva.
Depoimentos estratégicos
Os depoimentos desta sexta-feira são considerados estratégicos para a elucidação dos fatos. Hamilton Mourão, que foi vice-presidente durante o governo de Jair Bolsonaro, é arrolado como testemunha de defesa de diversos réus, incluindo o próprio Bolsonaro, o general Augusto Heleno e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Mourão deverá esclarecer sua participação e conhecimento sobre os eventos que antecederam os atos de 8 de janeiro.
O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, também prestará depoimento. Ele foi indicado como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, acusado de ter colocado tropas à disposição para apoiar uma possível tentativa de golpe. O depoimento de Olsen é aguardado com expectativa, pois pode lançar luz sobre o envolvimento das Forças Armadas nos eventos investigados.
Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, também será ouvido. Embora tenha ocupado cargos em governos petistas, Rebelo já foi elogiado por Bolsonaro e chegou a ser cogitado para assumir o Ministério da Amazônia em um eventual segundo mandato do ex-presidente. Seu depoimento poderá oferecer uma perspectiva diferenciada sobre os acontecimentos.
Outras testemunhas
Além dos depoimentos mencionados, o STF ouvirá outras testemunhas relevantes para o caso. Entre elas estão:
-
Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, arrolado como testemunha de defesa de Alexandre Ramagem.
-
Waldo Manuel de Oliveira Aires, coronel do Exército, testemunha de defesa de Walter Braga Netto.
-
Alex Dall’Osso Minussi, coronel de artilharia do Exército, e Gustavo Suarez da Silva, diretor do Departamento de Segurança Presidencial, ambos testemunhas de defesa de Augusto Heleno.
-
Antonio Capistrano de Freitas Filho, vice-almirante da Marinha, e Marcelo Francisco Campos, almirante da Marinha, testemunhas de defesa de Almir Garnier.
Implicações políticas e jurídicas
A investigação sobre a tentativa de golpe tem gerado intensos debates no cenário político brasileiro. Enquanto a PGR sustenta que houve uma articulação para subverter a ordem democrática, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro negam as acusações e afirmam que os eventos de 8 de janeiro foram manifestações espontâneas de insatisfação popular.
O STF, por sua vez, tem adotado uma postura firme na condução das investigações e já condenou diversos envolvidos nos atos antidemocráticos. A Corte busca responsabilizar não apenas os executores dos atos, mas também aqueles que, de alguma forma, contribuíram para sua ocorrência.
O papel das Forças Armadas
Um dos pontos centrais da investigação é o papel das Forças Armadas nos eventos de 8 de janeiro. A participação ou omissão de militares de alta patente está sob escrutínio, e os depoimentos de figuras como o comandante da Marinha e ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica são fundamentais para esclarecer o grau de envolvimento das Forças Armadas na tentativa de golpe.
A posição de Aldo Rebelo
Aldo Rebelo tem se posicionado de forma crítica em relação à narrativa de que os eventos de 8 de janeiro configuraram uma tentativa de golpe. Em declarações anteriores, ele afirmou que atribuir uma tentativa de golpe àqueles atos seria uma “fantasia” e uma “desmoralização da instituição do golpe de Estado”. Seu depoimento poderá reforçar essa perspectiva ou trazer novos elementos ao debate.
O que esperar dos desdobramentos
Os depoimentos desta sexta-feira devem se estender ao longo do dia e são aguardados com grande expectativa. As informações obtidas poderão influenciar os rumos da investigação e impactar o cenário político nacional. A sociedade brasileira acompanha atenta os desdobramentos, na expectativa de que a verdade seja esclarecida e que os responsáveis por eventuais crimes sejam devidamente responsabilizados.