Cade investiga Google (GOGL34) por abuso de posição dominante e uso de conteúdo jornalístico

Cade investiga Google: possível abuso de posição dominante em foco no mercado brasileiro

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reabriu uma investigação administrativa contra o Google (GOGL34), levantando preocupações sobre um possível abuso de posição dominante no setor de buscas e uso indevido de conteúdo jornalístico no Brasil. A decisão reacende o debate sobre práticas competitivas no ambiente digital e o impacto direto na sustentabilidade financeira da imprensa nacional.

A investigação, reaberta em março de 2025, analisa se o Google estaria realizando “raspagem” de conteúdo jornalístico de outros sites e exibindo essas informações diretamente em suas páginas de resultados. Tal prática pode ter como consequência o desvio de tráfego dos sites originais, prejudicando os veículos de mídia que dependem do acesso direto para gerar receita publicitária.

Impacto nas receitas jornalísticas

O cerne da investigação do Cade está na suposta interferência do Google (GOGL34) na geração de tráfego para os sites jornalísticos. Ao exibir manchetes e trechos das matérias diretamente em sua plataforma, o Google pode estar influenciando negativamente a audiência dos sites de notícia. Isso impacta diretamente a principal fonte de renda desses veículos: a publicidade digital baseada em visitas e impressões.

Além disso, a empresa é acusada de priorizar seus próprios serviços nos resultados das buscas, o que também seria uma forma de alavancar artificialmente seu domínio no mercado de buscas online. A prática prejudica não apenas os veículos jornalísticos, mas também a diversidade de fontes de informação disponível para os usuários.

Reabertura do processo

Originalmente aberto em 2018, o inquérito foi arquivado em dezembro de 2024 pela Superintendência-Geral do Cade. No entanto, em março de 2025, o processo foi reaberto após um parecer que destacou a movimentação de autoridades reguladoras internacionais em países como França e Bélgica, que vêm reprimindo condutas semelhantes praticadas pelo Google no setor jornalístico.

A retomada do processo reforça a atenção global voltada ao equilíbrio de poder entre plataformas tecnológicas e produtores de conteúdo. O Cade, como órgão responsável pela defesa da livre concorrência no Brasil, sinaliza com essa reabertura sua disposição em acompanhar tendências internacionais e proteger o mercado local de práticas potencialmente danosas.

Raspagem de conteúdo: o que está em jogo?

A chamada “raspagem” de conteúdo refere-se à extração automatizada de trechos de textos, imagens ou dados de sites de terceiros. Quando isso é feito sem autorização e os conteúdos são redistribuídos por outra plataforma — como ocorre nas páginas de resultados de busca — configura-se um possível uso indevido de propriedade intelectual.

No contexto do Google (GOGL34), a exibição de manchetes e resumos de notícias em destaque nos resultados de busca representa um benefício direto para a empresa, que mantém os usuários em seu ecossistema por mais tempo, enquanto retira dos produtores originais o tráfego e a monetização correspondentes.

O papel do Cade na regulação do ambiente digital

Com a digitalização acelerada da economia, o Cade tem se envolvido com mais frequência em investigações que envolvem gigantes da tecnologia. Casos como o do Google (GOGL34) trazem à tona a complexidade de se aplicar a legislação de defesa da concorrência a mercados digitais, onde o valor se dá muitas vezes pelo controle de dados e pela atenção dos usuários.

A reabertura do inquérito demonstra o reconhecimento, por parte do Cade, de que o ambiente digital requer constante atualização das ferramentas legais e regulatórias. A ação também responde a pressões de setores como o jornalístico, que veem sua viabilidade ameaçada pela concentração de poder nas mãos de poucas plataformas.

O futuro da relação entre plataformas e jornalismo

Esse novo capítulo na investigação contra o Google (GOGL34) poderá influenciar o futuro da monetização de conteúdo jornalístico no Brasil. O debate sobre como plataformas como o Google devem remunerar os produtores de conteúdo jornalístico — especialmente quando seus textos são utilizados para enriquecer os próprios serviços da big tech — está se tornando cada vez mais urgente.

Iniciativas legislativas em diferentes países já buscaram estabelecer formas de compensação financeira justa entre plataformas e veículos de mídia. No Brasil, esse inquérito pode acelerar a formulação de normas específicas, o que tornaria o país um exemplo regional de como lidar com as assimetrias de poder na economia da informação.

Além disso, a investigação do Cade poderá influenciar políticas internas do Google (GOGL34), seja por meio de ajustes nos algoritmos que determinam os resultados de busca, seja por eventuais compromissos assumidos para evitar penalizações.

A reabertura da investigação contra o Google (GOGL34) marca um momento crucial para a regulação das plataformas digitais no Brasil. O Cade, ao retomar o inquérito, coloca em pauta questões fundamentais para o equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito à concorrência justa.

Em um cenário onde a informação é um ativo valioso e a atenção do usuário é disputada segundo a segundo, garantir que os produtores de conteúdo jornalístico tenham condições de competir em pé de igualdade é essencial para a saúde democrática e econômica do país.

A análise do Cade nas próximas semanas será acompanhada de perto por empresas, veículos de imprensa, entidades reguladoras e pela sociedade civil. Os desdobramentos do caso podem servir como precedente para outras ações e regulamentações, tanto no Brasil quanto em outras jurisdições.