Rentabilidade da poupança em alta: depósitos superam saques pelo 2º mês seguido
A rentabilidade da poupança voltou ao centro das atenções dos investidores brasileiros em junho de 2025, quando a caderneta registrou captação líquida positiva de R$ 2,124 bilhões, segundo dados do Banco Central. Este foi o segundo mês consecutivo de resultado positivo, um alívio após um início de ano marcado por retiradas expressivas.
No entanto, apesar do sinal de recuperação recente, o acumulado do ano ainda registra uma retirada líquida de R$ 49,649 bilhões, resultado dos saques intensos ocorridos nos quatro primeiros meses de 2025.
O desempenho da caderneta de poupança em 2025
A rentabilidade da poupança é atualmente composta pela Taxa Referencial (TR) somada a uma remuneração fixa de 0,5% ao mês, totalizando aproximadamente 6,17% ao ano mais a TR. Esse cálculo se aplica sempre que a taxa Selic está acima de 8,5% ao ano — e, no momento, ela está em 15%, segundo o Comitê de Política Monetária (Copom).
Com esse cenário, a poupança rendeu 0,63% em junho de 2025 e acumulou 7,55% nos últimos 12 meses, de acordo com levantamento recente da consultoria Elos Ayta.
Apesar de a rentabilidade da poupança ter subido com a Selic alta, ela ainda fica atrás de aplicações como Tesouro Direto, CDBs, LCIs e fundos de renda fixa, que acompanham mais de perto os juros da economia.
Por que a poupança voltou a atrair depósitos?
Mesmo com rentabilidade inferior a outros produtos financeiros, a caderneta de poupança voltou a registrar captação líquida positiva, e há alguns motivos que explicam essa movimentação:
1. Facilidade de acesso
A poupança é oferecida por todos os bancos, não tem custo de abertura e pode ser movimentada com extrema facilidade, inclusive por aplicativos de celular.
2. Isenção de Imposto de Renda
Ao contrário de outros investimentos de renda fixa, como CDBs ou Tesouro Direto, a rentabilidade da poupança é isenta de IR, o que atrai pequenos investidores e pessoas físicas com perfil conservador.
3. Segurança
A poupança é protegida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, o que proporciona tranquilidade para os poupadores.
4. Ambiente de incerteza econômica
A volatilidade nos mercados de ações e o aumento das taxas de juros tornaram a poupança uma alternativa de baixo risco para quem prefere preservar o capital em vez de buscar altos retornos.
Ainda vale a pena investir na poupança?
Apesar dos dois meses consecutivos de captação positiva, especialistas apontam que a rentabilidade da poupança continua defasada quando comparada a outras opções de renda fixa.
Veja a comparação com investimentos populares:
Investimento | Rentabilidade em 12 meses (jun/2025) | Tributação | Risco |
---|---|---|---|
Poupança | 7,55% | Isento | Baixo |
Tesouro Selic | 13,5% (bruto) | IR de até 15% | Baixo |
CDB 100% do CDI | 13,65% (bruto) | IR de até 15% | Baixo |
LCI/LCAs | 11,5% (isentas) | Isento | Baixo |
Fundos de Renda Fixa | Entre 10% e 14% (bruto) | IR | Médio |
Ou seja, mesmo com ganhos reais positivos, a poupança fica aquém de outras aplicações seguras que oferecem melhor rendimento, especialmente em períodos de alta da Selic.
Retiradas no ano ainda preocupam
Mesmo com os números positivos de maio e junho, o ano de 2025 ainda apresenta um resultado acumulado negativo na poupança:
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Janeiro a abril: fortes retiradas, impactadas por maior atratividade de alternativas como Tesouro Direto, debêntures e fundos DI;
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Maio: primeira captação líquida positiva do ano;
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Junho: consolidação da reversão, com depósitos superando os saques em R$ 2,124 bilhões.
Esse movimento indica uma recomposição gradual da confiança dos investidores na poupança, especialmente entre os mais conservadores e com menor acesso a produtos financeiros complexos.
Perspectivas para a rentabilidade da poupança em 2025
Com a expectativa de manutenção da Selic em patamares elevados pelo menos até o fim de 2025, a tendência é que a rentabilidade da poupança permaneça acima de 7% ao ano.
Ainda assim, o desempenho da poupança continuará limitado por sua fórmula de cálculo, o que mantém o ativo menos competitivo frente a produtos que acompanham o CDI ou oferecem remuneração indexada à inflação.
Caso a Selic comece a cair a partir de 2026, como parte da estratégia de controle da inflação, a rentabilidade da poupança pode cair significativamente, já que com a Selic abaixo de 8,5%, a remuneração passa a ser de 70% da Selic + TR — o que geralmente representa rendimentos bem menores.
A rentabilidade da poupança em 2025 tem se mostrado mais atrativa do que nos anos anteriores, refletindo o cenário de juros altos e a busca por ativos seguros. Ainda assim, investidores mais atentos e com acesso a outras aplicações podem encontrar melhores oportunidades de rendimento com a mesma segurança.
Apesar da leve recuperação observada nos últimos dois meses, o saldo anual negativo revela que os brasileiros ainda estão migrando para opções de investimento mais rentáveis.
Para quem busca segurança, liquidez imediata e isenção de imposto, a poupança segue sendo uma escolha válida. Contudo, para quem deseja rentabilidade real acima da inflação, explorar alternativas de renda fixa pode ser o melhor caminho.