📈 Ibovespa inicia a semana em queda com pressão do cenário externo e dados econômicos internos
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), começou a segunda-feira, 19 de maio, em leve queda, refletindo o impacto do rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência Moody’s, a movimentação política norte-americana com o projeto “Beautiful Bill” de Donald Trump, e os dados do indicador IBC-Br, considerado uma prévia do PIB brasileiro.
Às 10h03 (horário de Brasília), o Ibovespa recuava 0,23%, aos 138.861,36 pontos, em um pregão que promete ser marcado por forte volatilidade e cautela por parte dos investidores. Ao mesmo tempo, o dólar à vista era negociado com leve avanço de 0,35%, cotado a R$ 5,6825, acompanhando as oscilações da moeda norte-americana no cenário global.
Cenário macroeconômico influencia o desempenho do Ibovespa
O desempenho do Ibovespa nesta segunda-feira está sendo fortemente influenciado por fatores externos e internos. O rebaixamento da perspectiva da nota de crédito dos Estados Unidos pela Moody’s trouxe incertezas ao mercado financeiro internacional. A agência atribuiu o corte ao aumento do risco fiscal nos EUA, uma vez que as recentes políticas propostas pelo Partido Republicano podem elevar significativamente o déficit público.
Entre elas, destaca-se o projeto apelidado de Beautiful Bill, defendido por Donald Trump, que visa tornar permanentes os cortes de impostos realizados durante seu primeiro mandato. A proposta deve ampliar a dívida norte-americana em até US$ 3,3 trilhões. O plano também prevê reduções temporárias de impostos sobre gorjetas, horas extras e financiamentos de veículos, além de aumentar os gastos com segurança de fronteiras e defesa.
Essa movimentação no Congresso americano elevou a aversão ao risco dos investidores e aumentou o movimento de retirada de capital dos mercados emergentes, impactando diretamente os ativos da B3 e contribuindo para a queda do Ibovespa.
IBC-Br surpreende e sinaliza crescimento da economia
Outro fator de peso no radar dos investidores é o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O indicador teve alta de 0,8% em março, segundo dados divulgados recentemente. O crescimento acima do esperado ajuda a reforçar as expectativas positivas para o desempenho econômico brasileiro em 2024.
Apesar disso, o impacto positivo do IBC-Br foi neutralizado pelas incertezas externas e pelas revisões do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central. De acordo com os economistas consultados, a estimativa de inflação para 2025 caiu de 5,51% para 5,50%, marcando a quinta redução consecutiva. Já o PIB previsto para o ano subiu levemente de 2% para 2,02%.
Expectativas do mercado para os próximos dias
O mercado financeiro brasileiro seguirá atento à evolução do cenário internacional, especialmente às repercussões do rebaixamento da nota de crédito dos EUA e às novas sinalizações da política monetária norte-americana. Uma maior pressão sobre os juros nos Estados Unidos pode fortalecer o dólar globalmente, o que tende a pressionar ainda mais o câmbio brasileiro e o próprio Ibovespa.
No Brasil, além dos indicadores macroeconômicos, os investidores estão de olho em mudanças corporativas relevantes, como o caso da Mobly (MBLY3), que mudará seu nome para Grupo Toky e passará a operar sob o novo ticker TOKY3 a partir de 26 de maio. A decisão foi oficializada após a 1ª Vara Empresarial de São Paulo revogar a liminar que suspendia as deliberações da assembleia geral de acionistas, realizada em 30 de abril.
Setores mais impactados no pregão de hoje
O setor financeiro e as empresas exportadoras tendem a ser os mais impactados negativamente no pregão de hoje. As ações de bancos, que possuem forte representatividade no índice, sofrem com o aumento da aversão ao risco e a redução da liquidez global. Já as empresas ligadas ao setor externo, como Vale e Petrobras, reagem às oscilações nas commodities e ao fortalecimento do dólar.
Por outro lado, setores mais defensivos, como energia elétrica e saneamento, podem apresentar melhor desempenho em dias de maior incerteza no mercado, funcionando como porto seguro para investidores que buscam proteção.
Análise técnica do Ibovespa
Do ponto de vista técnico, o Ibovespa mantém uma tendência de consolidação no curto prazo. A região dos 140 mil pontos tem funcionado como resistência psicológica importante, enquanto o suporte imediato se encontra na faixa dos 137 mil pontos. A quebra de qualquer um desses níveis pode definir a direção do índice nos próximos dias.
A média móvel de 21 períodos mostra enfraquecimento no volume comprador, indicando que os investidores aguardam novos catalisadores para retomar um movimento de alta mais consistente. O volume financeiro deve continuar abaixo da média até a divulgação de dados relevantes ou a diminuição das incertezas externas.
Perspectivas para o dólar e política monetária
O comportamento do dólar também é central para o mercado nesta semana. A valorização da moeda norte-americana frente ao real é reflexo direto do ambiente externo mais hostil, mas também carrega dúvidas quanto ao futuro da política monetária do Federal Reserve (Fed).
Sinais de que os juros norte-americanos podem permanecer elevados por mais tempo colocam pressão sobre moedas de países emergentes e geram saídas de capital da bolsa brasileira, contribuindo para a retração do Ibovespa.
No âmbito interno, o Banco Central brasileiro deve manter sua política de cortes graduais na taxa Selic, desde que a inflação siga controlada e os indicadores econômicos, como o IBC-Br e o PIB, continuem com viés positivo.
Empresas no radar: Grupo Toky estreia novo momento na B3
A mudança de nome da Mobly para Grupo Toky representa mais do que uma troca de marca. A companhia, agora sob o ticker TOKY3, busca reposicionar-se no mercado e atrair um novo perfil de investidor. As decisões tomadas em assembleia visam modernizar a governança da empresa e impulsionar sua estratégia de crescimento.
Com isso, as ações da empresa podem ter um comportamento distinto no pregão, dependendo da reação do mercado ao novo momento corporativo. Para os investidores atentos a oportunidades, acompanhar a performance do novo ticker será essencial.
Ibovespa começa a semana pressionado, mas fundamentos internos sustentam otimismo
Embora o Ibovespa tenha iniciado a semana com leve queda, o cenário não é totalmente negativo. O crescimento do IBC-Br e a revisão para cima do PIB no Boletim Focus mostram sinais de resiliência da economia brasileira. Ainda assim, os riscos externos, especialmente os ligados aos EUA e à política fiscal global, seguem como fator de preocupação.
A expectativa é de que o Ibovespa continue operando em compasso de espera, à medida que os investidores digerem os acontecimentos recentes e buscam novas sinalizações para os próximos passos do mercado.