EUA Designam Cartéis Mexicanos como Organizações Terroristas

Em uma decisão histórica e polêmica, o governo dos Estados Unidos designou formalmente oito grupos do crime organizado da América Latina como organizações terroristas estrangeiras. Entre eles, estão seis cartéis mexicanos, a gangue venezuelana Tren de Aragua e a salvadorenha MS-13. A medida, anunciada nesta quarta-feira (19), faz parte de uma estratégia para intensificar a repressão a essas organizações e pressionar os países da região a tomarem medidas mais duras contra elas.

Cartéis mexicanos designados como terroristas

Os seis cartéis mexicanos incluídos na lista são:

  • Cartel de Sinaloa
  • Jalisco Nova Geração
  • Golfo
  • Nordeste
  • La Nueva Familia Michoacana
  • United

Esses grupos têm envolvimento direto no tráfico de drogas, incluindo a produção e distribuição de fentanil, droga sintética que tem causado uma crise de overdoses nos EUA. O Cartel de Sinaloa, por exemplo, é considerado um dos maiores fornecedores da substância.

Repercussão política e estratégica

Logo após a assinatura do decreto, Elon Musk, assessor especial da presidência dos EUA, publicou no X: “Isso significa que eles são elegíveis para ataques de drones.” A declaração gerou uma forte reação e especulações sobre uma possível intervenção militar americana contra os cartéis, incluindo a possibilidade de uso de drones para vigilância ou ataques diretos no território mexicano.

O governo do México reagiu com veemência, afirmando que não aceitará qualquer tipo de ação extraterritorial dos EUA. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, declarou que “se essa medida for para ampliar investigações sobre lavagem de dinheiro e redes criminosas que atuam nos EUA, é algo positivo. Mas não aceitaremos violações da soberania nacional.”

Impactos da designação como terrorismo

A classificação dos cartéis mexicanos como organizações terroristas permite que os EUA tomem medidas mais rígidas, como:

  • Sanções financeiras: Congelamento de ativos e restrições a transações financeiras para membros e associados dos cartéis.
  • Restrições de viagem: Bloqueio de vistos e entrada nos EUA para indivíduos ligados a essas organizações.
  • Ações judiciais ampliadas: Permissão para processos judiciais mais rigorosos contra quem apoiar esses grupos.

Por outro lado, críticos apontam que essa medida pode ter consequências inesperadas. Empresas e bancos da América Latina podem enfrentar maiores riscos legais ao conduzir transações com entidades que possam ter algum vínculo indireto com os cartéis. Além disso, a classificação pode impactar imigrantes que tentam cruzar a fronteira dos EUA, pois muitos recorrem aos cartéis para obter passagens seguras. Isso poderia levar às suas deportações sumárias ou negativa de pedidos de asilo.

Consequências para as relações EUA-México

O México é um parceiro estratégico dos EUA, tanto em questões econômicas quanto de segurança. No entanto, essa decisão pode abalar as relações bilaterais. O governo mexicano teme que a designação abra precedentes para uma intervenção militar no país, o que poderia desencadear uma crise diplomática sem precedentes.

O que esperar daqui para frente?

Especialistas apontam que a decisão dos EUA pode ser um primeiro passo para uma política ainda mais agressiva contra os cartéis. Algumas possibilidades incluem:

  • Aumento da cooperação entre polícias dos dois países para combater o crime organizado.
  • Ampliação de sanções econômicas a indivíduos e empresas suspeitas de ligação com os cartéis.
  • Maior pressão sobre o governo mexicano para reprimir essas organizações dentro de seu território.
  • Possível uso de força militar, dependendo da evolução dos eventos.

A designação dos cartéis mexicanos como organizações terroristas marca uma nova fase na guerra contra o crime organizado. No entanto, essa medida pode ter repercussões significativas nas relações entre os EUA e os países da América Latina, especialmente o México. Resta saber até onde Washington está disposto a ir para erradicar esses grupos e quais serão as consequências dessa estratégia para a estabilidade da região.