Notas de dólar. — Foto: Murad Sezer/ Reuters
Notas de dólar. — Foto: Murad Sezer/ Reuters
O dólar opera em queda nesta quinta-feira (20), conforme investidores avaliavam a possibilidade de um novo acordo comercial entre Estados Unidos e China.
Na véspera, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que esse novo acordo com a China “é possível”, destacando que o presidente chinês, Xi Jinping, pode visitar os EUA, mas sem dar mais detalhes sobre sua agenda.
As falas voltam a trazer a percepção de que o novo presidente dos EUA está usando as ameaças tarifárias feitas recentemente mais como uma tática de negociação do que como um plano concreto. (entenda mais abaixo)
Na agenda, os mercados repercutem novos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA e monitoram a divulgação de balanços corporativos de grandes empresas brasileiras, referentes ao 4º trimestre de 2024.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, opera com volatilidade.
Veja abaixo o resumo dos mercados.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Às 14h46, o dólar caía 0,61%, cotado a R$ 5,6909. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,6864. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 0,66%, cotada a R$ 5,7261.
Com o resultado, acumulou:
- alta de 0,54% na semana;
- recuo de 1,90% no mês; e
- perdas de 7,34% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa tinha queda de 0,01%, aos 127.299 pontos.
Na véspera, o índice teve baixa de 0,95%, aos 127.309 pontos.
Com o resultado, acumulou:
- queda de 0,71% na semana;
- ganho de 0,93% no mês;
- alta de 5,84% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
As ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltaram a ficar no radar nesta quinta-feira (20).
Mesmo após o republicano afirmar, na véspera, que pretende anunciar mais tarifas “no próximo mês ou antes”, as atenções ficaram com a sinalização de Trump de que um novo acordo comercial com a China “é possível”.
A fala volta a trazer a percepção de que as várias ameaças tarifárias feitas por Trump desde o início de seu mandato são mais uma tática de negociação do que um plano concreto.
Isso traz certo alívio sobre os eventuais impactos que as tarifas teriam na inflação norte-americana e acaba fazendo o dólar perder fôlego frente a outras moedas globais. O movimento representa uma correção após as altas recentes do dólar ao redor do mundo, que vieram em meio aos temores de uma mudança de acordos geopolíticos.
Vale destacar, no entanto, que as últimas tarifas anunciadas por Trump à China, de 10% sobre os produtos importados do país pelos EUA, continuam a valer — apesar de outras medidas terem sido suspensas ou ainda estarem distantes da data estabelecida para ativação, o que abre espaço para negociações.
Assim sendo, o mercado segue atento a eventuais repercussões dessas novas medidas. Na véspera, por exemplo, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) divulgou a ata de sua última reunião de política monetária. Na ocasião, o comitê manteve inalterada a taxa básica de juros do país, na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano.
O documento indicou que as propostas feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump em seus primeiros dias de governo já trouxeram preocupações sobre uma eventual alta da inflação no país, com empresas dizendo ao BC dos EUA que, em geral, esperam aumentar os preços para repassar aos consumidores os custos das tarifas de importação.
“Em particular, os participantes citaram os possíveis efeitos de potenciais mudanças na política comercial e de imigração, a possibilidade de que os acontecimentos geopolíticos perturbem as cadeias de suprimentos ou gastos das famílias mais fortes do que o esperado”, diz a ata.
Os dirigentes do Fed, na ata, ainda destacaram que alguns indicadores de expectativas de inflação, uma das maiores preocupações da instituição, “haviam aumentado recentemente”, reforçando a leitura de que o BC norte-americano deve manter os juros elevados por mais tempo.
A inflação anual nos EUA atingiu 3,0% em janeiro, enquanto a meta do Fed é de 2,0%, os preços continuam sendo pressionados por um mercado de trabalho resiliente, com baixa taxa de desemprego, e a economia aquecida — o que gera maior demanda por bens e serviços e gera inflação.
Agenda macroeconômica
Na agenda de indicadores, o destaque fica com os novos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Trabalho do país, o número de solicitações teve uma leve alta de 5 mil na semana passada, para 219 mil pedidos.
O número ficou acima do esperado pelos analistas, de 215 mil solicitações, mas ainda representa um mercado de trabalho sólido nos EUA, o que reforça um juro mais alto por mais tempo por parte do Fed.
No Brasil, uma série de resultados corporativos ficavam no radar. Na véspera, a Vale reportou um prejuízo líquido de US$ 694 milhões (aproximadamente R$ 4 bilhões). No mesmo período do ano anterior, a empresa havia reportado um lucro de US$ 2,4 bilhões (R$ 13,7 bilhões).
Com base nos resultados, a Vale aprovou US$ 1,984 bilhão (R$ 11,3 bilhões) em dividendos e juros sobre capital próprio, que serão pagos em março de 2025.
*Com informações da agência de notícias Reuters