Crise no Ministério das Comunicações: A queda de Juscelino Filho e os bastidores da política maranhense
A política brasileira ganhou novos contornos com a saída do agora ex-ministro das Comunicações, Juscelino Filho, em 8 de abril de 2025. A demissão, provocada por uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro, abalou a estrutura do União Brasil no governo federal e colocou os holofotes sobre os mecanismos internos de substituição parlamentar. A partir deste episódio, o nome de Juscelino Filho passou a ocupar manchetes em todo o país, tornando-se centro de discussões políticas, jurídicas e eleitorais.
Quem é Juscelino Filho e por que ele foi denunciado pela PGR
Juscelino Filho, eleito deputado federal pelo Maranhão com expressivos 142.219 votos em 2022 (3,84% dos votos válidos), foi um dos quadros mais destacados do União Brasil. Sua atuação no Congresso o levou a ser nomeado ministro das Comunicações no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, numa costura política entre o Executivo e o centrão.
No entanto, sua trajetória ministerial foi interrompida após um relatório da Polícia Federal (PF) culminar em uma denúncia formal da PGR. Segundo o documento, Juscelino teria utilizado verbas do chamado “orçamento secreto” para custear obras com finalidade de benefício pessoal. A investigação apontou para crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Apesar das acusações, a defesa de Juscelino Filho afirmou em nota que ele é inocente e que irá comprovar sua lisura nos tribunais. O caso segue em tramitação e pode ter repercussões significativas tanto no cenário jurídico quanto no político nacional.
Impacto da saída de Juscelino Filho na Câmara dos Deputados
Com a saída de Juscelino Filho do ministério, o deputado federal Ivan Junior (União-MA), que havia assumido como suplente no início de 2025, deixará a Câmara após dois meses de mandato. A entrada de Ivan se deu após o então suplente de Juscelino, Dr. Benjamin, ter sido empossado como prefeito de Açailândia, no Maranhão.
Ivan Junior, que teve apenas 6.647 votos na eleição de 2022 (0,18% dos votos válidos), representava uma renovação em termos de representatividade comunitária. Estivador e advogado, Ivan foi presidente da Associação Comunitária Itaqui Bacanga (ACIB) e do Sindicato dos Estivadores de São Luís entre 2017 e 2020. Sua base política é localizada na capital maranhense.
Apesar do curto período no Congresso Nacional, Ivan conseguiu protocolar três projetos de lei, destacando-se por iniciativas voltadas à redução da jornada de trabalho, eliminação de taxas na meia-entrada e endurecimento das penas para crimes sexuais contra menores. As propostas aguardam despacho do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Sucessão no Ministério das Comunicações
A pasta das Comunicações é uma das mais estratégicas do governo federal, responsável pela articulação de políticas de conectividade, inclusão digital e regulação de radiodifusão. A saída de Juscelino Filho representa uma lacuna significativa na cota do União Brasil no Executivo.
Os bastidores da sucessão indicam que o nome mais cotado para ocupar a vaga é o do deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), atual líder do União Brasil na Câmara. Pedro Lucas, que tem perfil conciliador e forte inserção no Congresso, é visto como figura capaz de manter o equilíbrio entre as demandas da base aliada e os interesses do partido.
A troca no comando do Ministério das Comunicações poderá redefinir os rumos de diversos programas do governo federal, especialmente os que envolvem tecnologia 5G, ampliação de internet em áreas remotas e parcerias público-privadas no setor.
O futuro político de Juscelino Filho
Mesmo afastado do ministério, Juscelino Filho segue com mandato na Câmara dos Deputados, o que lhe garante foro privilegiado. A depender do avanço do processo na Justiça, ele pode ser alvo de um pedido de cassação no Conselho de Ética da Casa.
Sua permanência no cenário político dependerá da capacidade de defesa frente às acusações e da pressão que os partidos de oposição e a própria sociedade civil exercerão sobre o Congresso. Além disso, sua atuação parlamentar será acompanhada com lupa pelos veículos de imprensa e analistas políticos.
Há ainda a possibilidade de novas investigações surgirem a partir do relatório da PF, ampliando o escopo da denúncia e incluindo outros atores políticos no processo.
A trajetória política de Ivan Junior
A ascensão de Ivan Junior ao Congresso Nacional foi marcada por uma trajetória singular. Estivador de profissão e atuante no movimento sindical e comunitário, ele decidiu entrar na política institucional em 2020, concorrendo a uma vaga de vereador em São Luís. Com 1.967 votos, não conseguiu se eleger, ficando como suplente.
Já nas eleições gerais de 2022, tentou vaga na Câmara dos Deputados, obtendo votação ainda pequena para os padrões maranhenses. Ainda assim, assumiu a cadeira como suplente de Juscelino Filho e utilizou o curto tempo em Brasília para apresentar pautas que dialogam diretamente com os trabalhadores e os mais pobres.
Seu desempenho foi bem visto por lideranças comunitárias e pode servir como base para uma candidatura futura com mais robustez eleitoral. Em suas redes sociais, ele se posiciona como crítico à gestão do prefeito Eduardo Braide (Podemos) e mantém aliança com figuras de peso como o governador Carlos Brandão (PSB) e o ministro André Fufuca (PP).
O papel do União Brasil no governo Lula
A crise envolvendo Juscelino Filho reacende discussões sobre a participação do União Brasil na coalizão governista. O partido, fruto da fusão entre DEM e PSL, representa uma das maiores bancadas do Congresso Nacional e é estratégico para a governabilidade do presidente Lula.
Nos bastidores, há relatos de insatisfação de alas do partido com os rumos do governo, especialmente após episódios de desgaste público como o protagonizado por Juscelino. A indicação de um novo nome para a pasta das Comunicações será um teste de força e coesão interna da sigla.
A depender da condução política do processo, o União Brasil pode sair fortalecido ou fragilizado desse episódio, influenciando a estabilidade da base governista nos meses que antecedem as eleições municipais de 2026.
Entre escândalos e transições, a política segue em ebulição
A queda de Juscelino Filho do Ministério das Comunicações marca mais um capítulo da constante turbulência da política brasileira. Em um cenário onde as instituições são testadas a cada escândalo, cabe à imprensa e à sociedade civil acompanhar com atenção os desdobramentos e cobrar responsabilidade e ética na gestão pública.
A substituição no comando da pasta, os efeitos sobre o União Brasil e a movimentação de suplentes na Câmara dos Deputados revelam como os bastidores políticos influenciam diretamente o andamento das políticas públicas.
Enquanto a Justiça avança em sua apuração, o futuro de Juscelino Filho permanece incerto — mas o impacto de sua saída já é sentido em Brasília e no Maranhão.