Bolsas asiáticas disparam após suspensão de tarifas pelos EUA

Bolsas asiáticas têm forte alta após decisão dos EUA sobre tarifas

As bolsas asiáticas tiveram um dos seus melhores desempenhos dos últimos anos nesta quinta-feira (10), refletindo a reação positiva dos mercados ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender, por 90 dias, a aplicação de tarifas comerciais mais elevadas sobre diversos países — com exceção da China. A notícia foi recebida com entusiasmo pelos investidores, que voltaram a apostar em ativos de risco.

Índice Nikkei dispara mais de 9% e lidera ganhos regionais

No Japão, o índice Nikkei registrou uma alta expressiva de 9,13%, fechando em 34.609,00 pontos. Trata-se do maior ganho percentual diário desde agosto de 2024. O salto foi impulsionado pelo otimismo em relação à possível estabilização do comércio global e pela valorização de ações de empresas exportadoras, como Toyota, Sony e Panasonic.

O iene, por sua vez, manteve-se estável frente ao dólar, o que também contribuiu para o desempenho das ações japonesas, já que uma moeda mais fraca tende a favorecer empresas que exportam para o exterior.

Kospi sul-coreano sobe 6,60% impulsionado por gigantes de tecnologia

Na Coreia do Sul, o índice Kospi avançou 6,60%, encerrando o pregão em 2.445,06 pontos. O movimento foi puxado pelas empresas do setor de tecnologia e semicondutores, como a Samsung e a SK Hynix, que se beneficiam diretamente da melhora nas perspectivas de comércio global. O setor havia sido penalizado nas semanas anteriores diante do temor de escalada nas tensões entre EUA e China.

Taiwan: Taiex tem maior alta em mais de três décadas

O índice Taiex, da bolsa de Taiwan, liderou os ganhos do continente com uma impressionante alta de 9,25%, atingindo 19.000,03 pontos, seu maior ganho percentual em um único dia desde 1991. O desempenho foi impulsionado por empresas do setor de semicondutores, como TSMC e Foxconn Technology, que dispararam 9,94% e 9,78%, respectivamente. A alta reflete a confiança renovada no setor, que tem grande exposição à demanda global e à cadeia de suprimentos asiática.

Bolsa de Hong Kong acompanha otimismo, mas com ganhos mais modestos

Em Hong Kong, o índice Hang Seng avançou 2,06%, para 20.681,78 pontos. Apesar do ganho ser menor do que em outros mercados asiáticos, a alta foi significativa, puxada principalmente por ações de empresas de tecnologia e do setor financeiro. O mercado também foi influenciado por apostas de que o governo chinês anunciará medidas de estímulo para conter os efeitos da escalada nas tarifas com os EUA.


Bolsas da China continental sobem com expectativas de estímulo

As bolsas chinesas também apresentaram desempenho positivo. O Xangai Composto subiu 1,16%, fechando em 3.223,64 pontos, enquanto o Shenzhen Composto avançou 2,46%, para 1.868,39 pontos.

Embora a China continue sendo alvo das tarifas mais pesadas impostas por Washington — elevadas de 104% para 125% — os investidores acreditam que o governo de Pequim adotará novas políticas de estímulo fiscal e monetário. Além disso, os mercados locais foram impulsionados pela valorização de ações de infraestrutura e tecnologia, setores considerados estratégicos na disputa comercial com os EUA.


Trump suspende tarifas para maioria dos países, mas mantém pressão sobre China

O movimento dos mercados foi resultado direto do anúncio feito por Donald Trump na noite da última quarta-feira (9), informando que os Estados Unidos suspenderão, por 90 dias, a aplicação de tarifas “recíprocas” sobre bens de diversos países — exceto China.

A medida ocorre após semanas de pressão internacional e protestos por parte de aliados históricos dos EUA, como Reino Unido, Alemanha e Coreia do Sul. Segundo Trump, a suspensão temporária visa dar tempo para renegociações e ajustes nas relações comerciais bilaterais.

No entanto, a decisão não contempla a China. Pelo contrário, o presidente americano confirmou que as tarifas sobre produtos chineses seriam elevadas ainda mais, como forma de retaliação à política industrial de Pequim, considerada injusta por Washington. Em resposta, o governo chinês anunciou tarifas de 84% sobre produtos americanos.


Reações internacionais à suspensão das tarifas

A suspensão temporária das tarifas gerou reações variadas em todo o mundo. A União Europeia classificou a medida como “um passo na direção certa”, mas alertou que ainda há incertezas quanto à política comercial dos EUA.

O Reino Unido, por outro lado, expressou frustração por continuar sendo afetado por tarifas elevadas em produtos como aço e automóveis, mesmo após seu compromisso de não retaliar as tarifas americanas.

Nos bastidores diplomáticos, países como Austrália, Canadá e Japão pressionam por um acordo multilateral que estabeleça regras claras sobre tarifas e evite novas ondas de protecionismo comercial.


Repercussão nos mercados ocidentais

Nos Estados Unidos, o mercado financeiro reagiu positivamente à suspensão das tarifas, embora com alguma cautela devido à continuidade da guerra comercial com a China. O índice S&P 500 subiu 5,6%, um dos maiores ganhos diários desde a Segunda Guerra Mundial, impulsionado pelas ações de tecnologia e consumo.

No entanto, os futuros dos índices americanos apresentaram queda leve durante a madrugada, refletindo a preocupação com a retaliação da China e com a falta de clareza sobre a extensão e os critérios da suspensão anunciada por Trump.

Na Europa, os principais índices acionários — como o DAX (Alemanha) e o CAC 40 (França) — também subiram em torno de 5%, acompanhando a recuperação dos mercados asiáticos. O euro se manteve estável frente ao dólar, e o setor automotivo foi o principal destaque positivo.


Especialistas analisam efeitos e próximos passos

Para analistas de mercado, a suspensão das tarifas é um alívio momentâneo, mas não resolve os problemas estruturais da economia global. Segundo economistas da Pimco, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, a medida serve apenas para “ganhar tempo” e não elimina o risco de uma escalada nas tensões entre EUA e China.

Especialistas alertam que uma eventual recessão nos Estados Unidos poderia ser deflagrada caso a guerra comercial se intensifique. A expectativa é de que o Federal Reserve (banco central americano) mantenha os juros estáveis nas próximas reuniões, em resposta ao cenário incerto.

Em Pequim, a leitura é de que a suspensão das tarifas não passa de uma tática política para fortalecer a imagem de Trump junto aos eleitores americanos. Autoridades chinesas reiteraram que estão preparadas para medidas de retaliação proporcionais.


Bolsas asiáticas podem sustentar ganhos?

A grande questão para os próximos dias é saber se as bolsas asiáticas conseguirão manter o ritmo de valorização ou se essa alta foi apenas uma reação de curto prazo. Analistas afirmam que, caso os EUA e a China não retomem negociações sérias nas próximas semanas, os mercados podem devolver parte dos ganhos recentes.

Além disso, a alta generalizada das bolsas asiáticas já começou a levantar preocupações sobre uma possível correção técnica, especialmente em mercados como Taiwan e Japão, que subiram mais de 9% em apenas um pregão.


Mercado celebra alívio temporário, mas incerteza continua

A forte valorização das bolsas asiáticas nesta quinta-feira reflete um momento de alívio nos mercados diante da decisão dos EUA de suspender parte das tarifas comerciais. No entanto, o gesto ainda está longe de ser uma solução definitiva para as tensões que vêm afetando o comércio global.

Com a China ainda sendo alvo de tarifas agressivas e com os riscos de retaliações recíprocas, o ambiente permanece volátil. Investidores devem manter cautela, pois os próximos capítulos dessa guerra comercial tendem a ser decisivos para o rumo da economia global nos próximos trimestres.