A tecnologia blockchain e a AI podem afetar a economia brasileira?

A tecnologia blockchain e a AI podem afetar a economia brasileira?

O mercado tecnológico brasileiro é um dos que mais cresce. Dois pontos de inovação que estão na moda, afetando vários setores, são a tecnologia blockchain e a inteligência artificial. Enquanto a blockchain é bastante conhecida por possibilitar o funcionamento das criptomoedas, a IA está presente em diversas aplicações.

Indo desde a análise de dados em larga escala a sistemas de recomendações automatizadas, a AI está por todas as partes. Hoje, há uma percepção cada vez maior de que essas duas frentes tecnológicas podem moldar o futuro da economia do Brasil, abrindo oportunidades em áreas como finanças, logística, saúde e educação.

O atual estado da economia tecnológica brasileira

De acordo com um relatório divulgado em 2022 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 21% das grandes empresas brasileiras afirmam que já utilizam sistemas de IA em algum nível, enquanto 14% indicaram ter planos de adoção nos próximos anos. Esses números mostram o interesse das corporações em automatizar processos, otimizar a tomada de decisões e ganhar competitividade no mercado nacional e internacional.

Dados do Banco Central indicam que houve um aumento de quase 60% no volume de negociações envolvendo criptomoedas no país entre 2021 e 2022, confirmando o avanço rápido desse setor. E tudo isso tem impacto direto no surgimento de novas oportunidades de negócio.

Startups e empresas consolidadas investem em pesquisa, desenvolvimento e soluções que combinam blockchain e IA para atender demandas internas e também para exportar serviços. Um exemplo é o projeto do Real Digital, iniciativa do Banco Central que aposta numa versão virtual da moeda brasileira baseada em tecnologia de registro distribuído (DLT).

Ainda que em fase piloto, esse projeto mostra uma disposição clara das autoridades monetárias em modernizar o sistema financeiro, o que pode gerar reflexos positivos para a estabilidade econômica do país e para a atração de investimentos estrangeiros. O lançamento de criptomoedas mais “oficiais” não é novo e está ocorrendo em muitos países.

As chamadas CBDCs, que são moedas digitais dos bancos centrais, mostram como a tecnologia blockchain afetou o mercado financeiro tradicional e veio para ficar. O mercado de criptomoedas, que há poucos anos era considerado um nicho, tornou-se um ecossistema robusto, com corretoras e plataformas de negociação cada vez mais completas.

Blockchain e inteligência artificial o Brasil

Em 2022, o Congresso Nacional deu os primeiros sinais em relação a regulamentações específicas para ativos digitais, visando proteger investidores e evitar práticas ilícitas, como fraudes e lavagem de dinheiro. Hoje isso já é uma realidade, apesar de bem recente e não contemplando todas as nuances do mercado.

A Receita Federal, por sua vez, já exige a declaração de transações com criptomoedas, o que ajuda a aumentar a transparência e a credibilidade do mercado. A adoção de blockchain e IA pode afetar muito setores como a logística e o agronegócio, dois dos mais importantes para a economia nacional.

A rastreabilidade de produtos agrícolas, por exemplo, pode ser aprimorada via blockchain, garantindo que mercadorias sejam monitoradas desde a origem até o destino final, assegurando qualidade e transparência a compradores e consumidores. Já a IA auxilia na análise de dados de clima, solo e demanda de mercado, ajudando produtores a planejar melhor a colheita e a distribuição.

Com isso, reduz-se o desperdício, melhora-se a eficiência e cria-se um ecossistema mais sustentável e economicamente viável. Outra área que se beneficia das novas tecnologias é a indústria de manufatura. Hoje, fábricas inteligentes já utilizam algoritmos de inteligência artificial para prever manutenção de máquinas, analisar falhas em tempo real e ajustar a linha de produção de acordo com a demanda.

E soluções baseadas em blockchain podem melhorar a gestão da cadeia de suprimentos, reduzindo custos e aumentando a competitividade das empresas brasileiras. Segundo estimativas da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, a adoção de tecnologias 4.0 pode agregar cerca de 73 bilhões de reais por ano à economia do país em ganhos de produtividade.

Mesmo o setor público não escapa. Prefeituras e governos estaduais estudam incorporar IA em serviços essenciais, como a saúde, para melhorar o atendimento em hospitais e postos de saúde, com sistemas de triagem automatizados e análise preditiva de doenças. Já as tecnologias de registro distribuído podem ser aplicadas em plataformas de votação ou em processos licitatórios.

Contribuindo, assim, para um ambiente menos suscetível a fraudes. Em São Paulo, por exemplo, há projetos-piloto que estudam a viabilidade de utilizar blockchain para registrar documentos oficiais, eliminando burocracias de cartório e reduzindo custos operacionais. Do ponto de vista profissional, essas mudanças criam novas demandas no mercado de trabalho brasileiro.

Profissionais com habilidades em machine learning, análise de dados e desenvolvimento de soluções blockchain encontram oportunidades em startups, fintechs e empresas de médio e grande porte que buscam se adaptar à era digital. De acordo com a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o Brasil precisará formar cerca de 420 mil profissionais de TI até 2025 para atender às demandas do setor.