Especialistas afirmam que atual política de gasto público do governo pode comprometer resultado sustentável da economia


Especialistas afirmam que atual política de gasto público do governo pode comprometer resultado sustentável da economia

Especialistas afirmam que atual política de gasto público do governo pode comprometer resultado sustentável da economia

Especialistas afirmam que a atual política de gasto público do governo pode comprometer um resultado sustentável da economia e que a política fiscal é o maior desafio.

Na fábrica de papinhas de bebê, a antiga cozinha não suportou o calor da economia em 2024.

“Eu tive que triplicar o meu quadro de funcionários porque a gente não estava conseguindo suprir a demanda de produção com as vendas. Foi um ano muito bom”, conta Platiní Vieira, chefe de produção.

Na indústria, investimento é ingrediente básico. Sem ele, nada cresce.

“A gente investiu em infraestrutura, em maquinário e em equipe. E logística, marketing, a gente investiu geral. A gente investiu em tudo o que precisava para expandir”, diz o empresário Ricardo Figaro.

Em 2024, 44% dos investimentos foram na construção, 38% em máquinas e equipamentos, e 17% no grupo “outros” – categoria em que o IBGE inclui o desenvolvimento de softwares e atividades de florestamento, por exemplo.

A Confederação Nacional da Indústria reconhece que os resultados alcançados no acumulado de 2024 se deve muito a políticas voltadas para a reindustrialização e de financiamento; e pede que o governo adote medidas que contribuam para “a racionalidade dos gastos públicos, bem como que haja mais rigor nas ações de todos os poderes públicos com relação a novos gastos e custos, principalmente aqueles que possam ir na contramão do controle fiscal“.

É que assim como na receita do chef, existe o ponto certo da economia. Descuidar dos gastos públicos é como esquecer a panela no fogo. A inflação acima da meta e o aumento das importações vistos em 2024 são sinais de atividade aquecida. Com a alta dos juros a partir do fim de 2024, o Banco Central busca o equilíbrio. E vem mais água nessa fervura. O economista Sergio Vale explica:

“Os melhores momentos da economia brasileira, quando a gente olha a nossa história pós hiperinflação, do Plano Real para cá, foram os momentos que a política monetária e a política fiscal trabalharam em conjunto. Foram relativamente poucos momentos que a gente teve isso na economia brasileira. Em geral, o que muitas vezes acontecia? O Banco Central trabalhava para tentar ajustar a economia, tentar manter ela em um crescimento razoável que não gerasse inflação, e a politica fiscal executiva do outro lado colocando mais dinheiro na economia, aumentando gasto público, aumentando a demanda e atrapalhando a vida do Banco Central. A gente está um pouco nessa situação nos últimos dois anos. O Banco Central está ali fazendo um trabalho para tentar conter a inflação, mas a política fiscal não está conseguindo ajudar. Pelo contrário, está fazendo papel de aumentar mais o gasto e isso está atrapalhando o trabalho do Banco Central”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Especialistas afirmam que atual política de gasto público do governo pode comprometer resultado sustentável da economia — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

No último trimestre de 2024, a atividade esfriou. E com ela, o ritmo da indústria e o nível dos investimentos. Mas o que 2024 entrega é bem mais do que se esperava há um ano: alta de 7,3% nos investimentos e 3,3% na indústria – o melhor resultado em três anos.

Em 2025, economistas dizem que as condições de temperatura e pressão são outras, com o clima propício para o agronegócio.

“Nós estamos com uma realidade diferente econômica nos Estados Unidos, temos tensões geopolíticas crescentes. Então, isso também faz com que o investimento para frente seja mais cauteloso. Mas, sem dúvida, o agro vai ser um amortecedor para que a queda não seja muito pronunciada”, afirma Caio Megale, economista-chefe da XP.

Os economistas ressaltam a importância do equilíbrio entre a política fiscal e a monetária.

“Certos sinais de que a demanda começou a correr muito além da capacidade de oferta da economia, a inflação subiu, o déficit externo aumentou por conta do aumento das importações. Isso são sinais de que talvez seja a hora de dar uma pisada no freio e dar uma reacomodação. Um novo equilíbrio entre oferta e demanda da economia para que a inflação volte a cair, volte a se estabilizar, e a gente entre mais equilibrado lá em 2026”, diz Caio Megale.

“A gente precisa tirar a lenha dessa fogueira para ajudar a desacelerar a economia. O Banco Central está fazendo isso, está colocando água nessa fogueira, que é a taxa de juros. Só que o governo, do outro lado, está colocando mais lenha. Porque se a gente não desacelera agora, vai ser pior lá na frente. Era melhor que o governo tentasse fazer esse ajuste nesse momento para conseguir chegar em 2026 em melhores condições. Na hora que você tenta acelerar no momento em que a inflação está elevada, você pressiona o Banco Central a subir mais juros ainda e ai você pode prejudicar não é só o crescimento desse ano, é o crescimento também de 2026”, diz Sérgio Vale.

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