Telefônica Brasil (VIVT3), controladora da Vivo, despenca 7% após balanço do 4º trimestre

Telefônica Brasil (VIVT3), controladora da Vivo, despenca 7% após balanço do 4º trimestre

As ações VIVT3 da Telefônica Brasil, holding controladora da Vivo, sofreram uma queda abrupta de 7,05% na primeira sessão pós-divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024. Com o papel cotado a R$ 49,72 , o mercado reagiu negativamente a indicadores operacionais e financeiros considerados decepcionantes por analistas. Neste artigo, explicamos os motivos por trás do tombo, as avaliações detalhadas de bancos como JPMorgan, Goldman Sachs e Bradesco BBI, e as projeções para os investidores.


Queda das Ações VIVT3: O que Aconteceu no 4T24?

1. Resultados Financeiros Abaixo das Expectativas

A receita líquida da Telefônica Brasil ficou em linha com o consenso do mercado, mas a margem Ebitda recorrente (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) registrou contração significativa. No 4T24, a margem Ebitda atingiu 39,9% , abaixo dos 41,5% projetados pelo JPMorgan e dos 40,3% registrados no mesmo período de 2023 . Essa queda refletiu pressões na receita móvel e uma eficiência operacional menor que a esperada.

2. Efeito Não Recorrente Mascara Desempenho Real

Parte do lucro reportado foi impulsionada por uma reversão pontual de contingências regulatórias , o que inflou artificialmente os resultados. Ao excluir esse efeito, o Ebitda e o lucro líquido ficaram 5% abaixo das projeções do Bradesco BBI. Esse ajuste revelou uma deterioração operacional subjacente, preocupando investidores.

3. Desaceleração no ARPU Móvel

A receita de serviços móveis cresceu 7% ano a ano , mas o ARPU (receita média por usuário) no pós-pago registrou desaceleração. Esse cenário, somado à volatilidade na receita digital B2B, contribuiu para a avaliação negativa do mercado sobre as ações VIVT3 .


Analistas Explicam: Por que as Ações VIVT3 Desabaram?

JPMorgan: Resultados “Fracos” e Riscos Operacionais

O JPMorgan classificou os resultados como “fracos” e manteve recomendação neutra para as ações VIVT3 , com preço-alvo de R$ 46 . Segundo o banco:

  • A migração da concessão de telefonia fixa para autorização trouxe incertezas sobre a venda de ativos (como redes de cobre e imóveis) e o impacto no fluxo de caixa livre (FCF).
  • A margem Ebitda recorrente abaixo do esperado sinaliza riscos para a sustentabilidade dos lucros.

Goldman Sachs: Cautela com Venda de Ativos

O Goldman Sachs destacou que, apesar de Ebitda e lucro superarem estimativas, os drivers por trás dos números não foram convincentes. A instituição manteve recomendação de compra , mas alertou que o ganho com a venda de ativos não está precificado nas expectativas atuais. Seu preço-alvo é de R$ 53,50 .

Bradesco BBI: Sinais Mistos e Dividendos Atrativos

O Bradesco BBI considerou os resultados “ligeiramente negativos” , mas manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 60 . Para o banco:

  • A receita digital B2B foi volátil, compensando parcialmente a queda no segmento móvel.
  • A reversão de provisões relacionadas à concessão inflou artificialmente o lucro, exigindo cautela na análise.

XP: Dividendos como Ponto de Atenção

A XP destacou que o lucro líquido superou em 6,3% suas projeções, impulsionado por menores despesas financeiras. No entanto, a migração da concessão para autorização gerou expectativas tímidas de valorização. A XP manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 61 para 2025, com base em um dividend yield de 8% .


Migração da Concessão: Riscos e Oportunidades para as Ações VIVT3

A Telefônica Brasil optou por migrar a concessão de telefonia fixa para um regime de autorização, assumindo compromissos de investimento e atendimento. Embora a medida possa liberar recursos via venda de ativos, analistas questionam seus benefícios imediatos:

  • Risco de Fluxo de Caixa Negativo : Clientes da concessão podem gerar FCF negativo no curto prazo.
  • Upside Limitado : A reversão de provisões já está precificada, reduzindo o potencial de surpresas positivas.

Perspectivas Futuras: Vale a Pena Investir em Ações VIVT3?

Apesar da queda recente, as ações VIVT3 ainda têm defensores entre os analistas. O Bradesco BBI projeta um retorno total de 20% até 2025 (12% de valorização + 8% de dividendos), enquanto a XP aposta em um dividend yield atrativo. No entanto, desafios como a desaceleração do ARPU e a dependência de ativos não core (como cobre) exigem atenção.

Pontos Positivos :

  • Dividendos robustos: O rendimento de FCF em 10% é um atrativo para investidores de longo prazo.
  • Potencial de venda de ativos: A liquidação de redes antigas pode injetar caixa na empresa.

Riscos :

  • Pressão regulatória: Mudanças na Anatel podem impactar margens.
  • Concorrência no 5G: Atrasos na expansão da rede podem prejudicar a receita móvel.