O mercado farmacêutico e de saúde no Brasil se prepara para uma mudança significativa com a quebra da patente do Ozempic, um medicamento anti-obesidade amplamente utilizado. Com a expectativa de que isso aconteça em julho de 2026, muitos analistas, incluindo Raphael Elage, da XP, destacam os impactos que essa mudança trará para diversas áreas da economia, como as farmacêuticas, farmácias e planos de saúde. A partir dessa transição, espera-se que haja um aumento tanto no volume de vendas quanto nas margens de lucro, especialmente com a introdução de genéricos do Ozempic no mercado.
Quebra da Patente do Ozempic: O Impacto nas Farmacêuticas
A queda da patente do Ozempic abre novas possibilidades para as empresas farmacêuticas, como a Hypera (HYPE3), que poderá produzir o medicamento genérico. O analista Raphael Elage acredita que esse movimento será positivo tanto para o volume de vendas quanto para as margens de lucro das empresas envolvidas. A Hypera, por exemplo, enfrentará a decisão de importar o produto genérico ou produzi-lo no Brasil, o que afetará diretamente seus custos e margens de lucro.
Se a Hypera optar por importar o produto, o capex (capital de investimento) será menor, mas a margem de lucro será igualmente reduzida. Por outro lado, se a empresa decidir produzir o medicamento localmente, os custos de investimento inicial serão mais altos, mas as margens de lucro serão significativamente maiores. Essa escolha, no entanto, dependerá de vários fatores, incluindo o tempo necessário para maturação e a demanda do mercado local.
O Papel das Farmácias no Cenário Pós-Patente
Além das farmacêuticas, as farmácias brasileiras também serão afetadas pela quebra da patente do Ozempic. De acordo com um relatório da XP, a entrada dos medicamentos genéricos no mercado representa uma oportunidade significativa para as farmácias. A legislação brasileira exige um desconto mínimo de 35% para os medicamentos genéricos em relação aos de referência, mas, na prática, esses preços podem ser até 60% mais baixos.
Com a introdução de versões genéricas do Ozempic, espera-se que os preços do medicamento caiam consideravelmente, o que resultará em um aumento significativo nas vendas. Embora a queda nos preços possa afetar as margens de lucro a curto prazo, o aumento no volume de vendas poderá compensar esse efeito, tornando o mercado ainda mais competitivo e acessível para os consumidores.
Impacto nos Planos de Saúde e Seguradoras
O impacto da quebra da patente do Ozempic não se limita apenas à indústria farmacêutica e às farmácias. As operadoras de planos de saúde também serão afetadas, embora de forma indireta. O uso generalizado do medicamento pode levar a uma melhoria na saúde da população, especialmente em relação à redução de índices de obesidade e sobrepeso. Como resultado, os custos para os planos de saúde, que incluem tratamentos relacionados a condições associadas à obesidade, como diabetes e doenças cardiovasculares, devem diminuir.
A diminuição dos custos com sinistralidade (frequência de sinistros que afetam o seguro) representa uma economia significativa para os planos de saúde. O relatório da XP aponta que, atualmente, cerca de 2,5 bilhões de adultos no mundo apresentam sobrepeso ou obesidade. Esse número deve aumentar para 3,3 bilhões até 2035. O mercado de medicamentos para obesidade e diabetes, impulsionado por medicamentos como o Ozempic, pode praticamente dobrar até 2028, atingindo cerca de US$ 80 bilhões.
O Impacto Econômico da Quebra de Patente no Brasil
A quebra de patente do Ozempic tem o potencial de transformar significativamente o mercado de saúde no Brasil. Além dos benefícios diretos para as empresas farmacêuticas e as farmácias, o medicamento pode proporcionar melhorias na saúde pública, com a redução de doenças relacionadas à obesidade e ao sobrepeso. Com a expectativa de que o mercado de medicamentos para obesidade e diabetes continue a crescer, o Brasil se posiciona como um importante jogador no cenário global.
À medida que a entrada de genéricos de Ozempic se aproxima, é crucial que as partes envolvidas se preparem para os desafios e oportunidades que surgirão. As farmacêuticas devem avaliar suas estratégias de produção e distribuição, as farmácias precisam se adaptar à demanda crescente por medicamentos genéricos, e os planos de saúde devem monitorar de perto os impactos nos custos com tratamentos relacionados à obesidade.
Em resumo, a quebra da patente do Ozempic em julho de 2026 promete trazer mudanças significativas para o mercado de saúde no Brasil. A introdução de genéricos de Ozempic afetará diretamente as farmacêuticas, as farmácias e os planos de saúde. Embora o impacto inicial possa ser desafiador, a longo prazo, espera-se que a mudança resulte em benefícios tanto para as empresas quanto para os consumidores. A melhoria nos índices de obesidade e sobrepeso pode reduzir os custos com tratamentos médicos, trazendo um alívio para os planos de saúde e contribuindo para uma população mais saudável.