Pedidos de recuperação judicial no Brasil registram aumento de 9% em janeiro, diz Serasa Experian

Recuperação Judicial no Brasil: Entenda o Aumento dos Pedidos em 2025

Os pedidos de recuperação judicial no Brasil cresceram quase 9% em janeiro de 2025, refletindo a atual conjuntura econômica desafiadora. De acordo com a economista Camila Abdelmalack, gerente executiva de estudos econômicos da Serasa Experian, esse aumento não surpreende, pois está diretamente ligado às taxas de juros elevadas e às dificuldades no acesso ao crédito, especialmente para micro e pequenas empresas.

Crescimento dos Pedidos de Recuperação Judicial em 2025

Dados indicam que 80% dos pedidos de recuperação judicial registrados em janeiro deste ano partiram de micro e pequenas empresas, que constituem a maior fatia do setor empresarial brasileiro. Essa tendência reforça o impacto das dificuldades financeiras enfrentadas por esses negócios na tentativa de manter suas operações diante do cenário de crédito restrito e juros elevados.

A especialista explica que, diferentemente das grandes empresas, que podem recorrer ao mercado acionário ou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os pequenos negócios encontram barreiras significativas no financiamento. Com linhas de crédito escassas e caras, muitos empreendedores acabam optando pela recuperação judicial como única alternativa para evitar a falência.

Principais Fatores para o Aumento da Recuperação Judicial

1. Taxa de Juros Elevada

A alta taxa de juros tem dificultado o acesso ao crédito e aumentado o custo dos financiamentos. Com empréstimos mais caros, muitas empresas se veem incapazes de honrar compromissos financeiros, levando ao crescimento dos pedidos de recuperação judicial.

2. Dificuldade no Acesso ao Crédito

Bancos e instituições financeiras têm restringido a concessão de crédito, especialmente para micro e pequenas empresas, que apresentam maior risco de inadimplência. Essa limitação agrava ainda mais a situação financeira desses negócios.

3. Má Gestão Financeira

A economista Camila Abdelmalack destaca que, além dos fatores externos, a má gestão e o planejamento financeiro inadequado também contribuem significativamente para o aumento dos pedidos de recuperação judicial. Empresas que não realizam um acompanhamento rigoroso do fluxo de caixa podem entrar em um ciclo de endividamento que culmina na necessidade de recorrer à recuperação judicial.

O Processo de Recuperação Judicial

A recuperação judicial é uma ferramenta legal que permite que empresas endividadas reorganizem suas dívidas e evitem a falência. Esse processo passa por várias etapas:

  1. Pedido de recuperação judicial: A empresa solicita a recuperação na Justiça e apresenta sua situação financeira.
  2. Aceitação do pedido: O juiz analisa o pedido e pode deferi-lo, suspendendo execuções e cobranças.
  3. Apresentação do plano de recuperação: A empresa deve propor um plano de reestruturação para seus credores.
  4. Assembleia de credores: Os credores analisam e votam no plano apresentado.
  5. Implementação do plano: Se aprovado, o plano entra em vigor e a empresa inicia a recuperação financeira.

Perspectivas para 2025

Apesar do crescimento econômico positivo em 2024 e da redução do desemprego, micro e pequenas empresas ainda enfrentaram dificuldades para lidar com o cenário de crédito restrito. A expectativa para 2025 não é otimista, uma vez que a manutenção da taxa de juros elevada pode piorar ainda mais a situação financeira dessas empresas.

A economista destaca que, diante desse cenário, é essencial que os empresários busquem estratégias de planejamento financeiro, como:

  • Revisão contínua do fluxo de caixa;
  • Negociação de prazos e condições de pagamento com fornecedores;
  • Busca por alternativas de financiamento mais acessíveis;
  • Implementação de uma gestão financeira eficiente para evitar a necessidade da recuperação judicial.

O aumento dos pedidos de recuperação judicial no Brasil é um reflexo da economia atual e das dificuldades enfrentadas pelas empresas, especialmente as de pequeno porte. Diante desse cenário desafiador, o planejamento e a gestão financeira são fundamentais para evitar problemas futuros. Monitorar a situação econômica e buscar alternativas viáveis para manter a sustentabilidade dos negócios será essencial para os empreendedores em 2025.