Blog

  • Além das festas, festival de Cannes tem filas quilométricas e perrengues

    LEONARDO SANCHEZ
    CANNES, FRANÇA (REVISTA SIMPLES) – Quem vê os sorrisos de Cate Blanchett e Emma Stone no tapete vermelho pode até pensar que o Festival de Cannes é puro glamour, uma celebração do cinema feita com looks caríssimos, taças de espumante e festas na praia.

    Ou, ao menos, uma reunião harmoniosa entre artistas e cinéfilos, em que estes passam os dias vendo filmes dos maiores nomes do cinema mundial, meses antes de eles estarem disponíveis para o público geral. Um sonho em celuloide.

    Mas não é bem assim. Por trás da mitologia e do marketing que transformaram o evento, que encerra sua 77ª edição neste sábado (25), num dos eventos mais luxuosos da cultura, há muito perrengue. Tanto para meros mortais, quanto para o alto escalão de Hollywood.

    Para ir a Cannes e realmente aproveitar a extensa programação, é preciso estar disposto a abrir mão do sono e das refeições. As primeiras sessões começam às 8h30 e as últimas podem ir até as 2h da manhã. Para entrar na sala, é preciso chegar com antecedência razoável e enfrentar filas, mesmo que o ingresso já tenha sido garantido.

    No caso das exibições da sala Debussy, a segunda maior, a fila é feita na rua, o que é um problema quando o Sol forte da Riviera decide aparecer ou quando o tempo muda bruscamente e faz chover sobre os cinéfilos -o clima costuma variar bastante na primavera francesa.

    Para as galas no Grande Teatro Lumière, aquelas às quais a equipe do filme comparece, os ingressos são limitados, e é tradição em Cannes que cinéfilos ou moradores da cidade fiquem do lado de fora da sala, por horas, segurando plaquinhas em que pedem entradas.

    Isso tudo com a vestimenta exigida para essas sessões -smoking, vestido longo e salto alto, já que o ingresso costuma se materializar em cima da hora. Ao chegar no Palácio dos Festivais às 8h, quando ele abre, já é possível ver gente querendo tíquetes para galas que só acontecerão 12 horas mais tarde, por volta das 20h.

    Apresentar um filme no evento também significa se comprometer com uma agenda extensa e apertada, em especial porque estúdios e distribuidores não pagam estadia para que as estrelas permaneçam na Riviera Francesa nos 12 dias de programação.

    Elas costumam chegar na véspera ou no dia da première e ir embora no seguinte, cumprindo uma agenda de três diárias que inclui horas de preparação do look do tapete vermelho, a sessão de gala, uma festa de première, sessões de fotos, coletiva de imprensa e entrevistas individuais com jornalistas -que, a depender do tamanho da produção, pode ganhar um dia a mais.

    “Não há lugar como Cannes, mas é muita coisa. É excitante e tenso, incrível e estressante, especial e cansativo”, descreveu Jesse Plemons no dia de imprensa de “Tipos de Gentileza”, um dos filmes mais esperados desta seleção competitiva de Cannes. No ano passado, ele passou pela mesma experiência, representando “Assassinos da Lua das Flores”.

    Até mesmo Meryl Streep, que não apresentou filme e foi a Cannes apenas para ter sua carreira celebrada com uma Palma de Ouro honorária, brincou com a rotina. “Fui dormir às três da manhã” e “estou de ressaca”, disse ela no painel do qual participou, sem perder a simpatia, mas sugerindo que um levantar da cama mais tarde lhe foi negado.

    E para os membros do júri, como Xavier Dolan, presidente na Um Certo Olhar, a história não é muito diferente. Ao ser questionado pela revista francesa Les Inrocks o que nunca esquece de trazer a Cannes, respondeu “ansiolíticos”. E também disse que passou dias chorando na cama depois da recepção amarga de um de seus filmes, “É Apenas o Fim do Mundo”, há oito anos.

    Quanto às festas, Gary Oldman, em Cannes para apresentar “Parthenope” na competição, entregou o jogo quando um jornalista disse ter visto o ator animado numa delas. “A verdade é que eu sou obrigado a ir a essas coisas”, disse ele rindo.

    São várias as festas que se espalham pela costa azulada da cidade. Os filmes grandes sempre têm uma própria, que costuma ser mais exclusiva, mas há ainda eventos organizados pelo próprio festival e por suas mostras paralelas, marcas de bebidas alcoólicas, grifes de moda, patrocinadores, distribuidoras, produtoras, órgãos públicos e pelas próprias celebridades.

    A qualidade das comemorações, a maioria em restaurantes na praia, varia absurdamente. Em algumas, nem há open bar, e é preciso pagar pela própria bebida. Outras, mais caprichadas, têm cardápios temáticos e fartos, além de lembrancinhas.

    No meio-termo, formando a maioria, há vinho à vontade e charcutaria. Sempre com DJs e bandas, que sofrem para pôr os convidados para dançar.

    No ano passado, a festa após a estreia de “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” teve a presença de ninguém menos que Harrison Ford. Mas o astro da franquia ficou poucos minutos por ali, numa área reservada e distante dos convidados da Disney.

    E há muita gente que pula as festas, simplesmente porque a escolha fica entre farrear ou ter algumas horas a mais de sono. Roncos, aliás, vão se tornando parte da trilha sonora nas sessões conforme o festival avança, bem como tosses e espirros.

    A imunidade não aguenta o ritmo, afirmou uma farmacêutica em frente ao Palácio dos Festivais, enquanto pegava uma caixa de remédio para gripe e dizia que muitos “festivaliers”, como são chamadas os frequentadores do festival, apareceram para comprar o medicamento nessa reta final.

    Contribui para isso a alimentação pobre e em horários desregulados. Ao sentar para uma refeição no bairro medieval de Le Suquet, é comum ver homens de smoking e mulheres de vestido tentando se equilibrar em saltos altíssimos nas ladeiras de pedrinhas da parte histórica da cidade, a caminho das galas que acontecem lá embaixo.

    Uma loira num vestido prateado, avistada por este repórter, não só conseguiu, como dava mordidas vorazes e apressadas num sanduíche sem graça, daqueles prontos vendidos no mercado. Sanduíches estes que são a base de alimentação de muitos “festivaliers”, em especial jornalistas, que enganam a fome com baguetes de salame, pãezinhos com patê e saladas em marmitinhas plásticas.

    Isso porque, há pouco tempo, entre uma sessão de filme e outra, os restaurantes no entorno da sede do evento costumam ficar sempre lotados e com os preços inflacionados. Os ônibus da cidade também enchem no período do festival -há sessões também em outros pontos da cidade-, perturbando a rotina de quem é morador.

    O tal Palácio dos Festivais, aliás, pode até ser enorme e opulento, ostentando os sempre belos cartazes da mostra de cinema na fachada, mas divide a parede com um cassino decadente, num contraste que sintetiza bem o que é o Festival de Cannes.

    Além das festas, festival de Cannes tem filas quilométricas e perrengues

  • Filmes amados que quase não chegaram ao cinema

    Filmes amados que quase não chegaram ao cinema

    Quando olhamos para os filmes mais celebrados da história, pode ser fácil imaginar que a ideia passou do roteiro para a tela de forma perfeita, com o apoio de todos que cruzaram seu caminho até receber aclamação da crítica. Mas isso geralmente está muito longe da verdade! Na realidade, algumas das melhores histórias que já vimos na tela quase nem foram feitas. Elas foram rejeitadas por produtores e executivos de estúdio de muitas das grandes empresas. Mas, felizmente para eles e para nós, esses roteiristas e diretores não desistiram. Às vezes tudo o que é preciso é perseverança.

    REVISTA SIMPLES para descobrir os filmes famosos que foram rejeitados e as histórias de bastidores por trás deles! Quem será que se arrepende de ter dito “não”?

    Filmes amados que quase não chegaram ao cinema

  • Sucessos e fracassos do estúdio de cinema!

    A Columbia Pictures foi fundada em 1924. Em seus primeiros anos, o estúdio era um ator menor em Hollywood, uma start-up de baixo orçamento cuja pequena reputação se tornou objeto de desprezo entre a elite da sétima arte. No entanto, no início da década de 1930, a Columbia Pictures estava produzindo e distribuindo o que se tornaria alguns dos filmes mais célebres e lucrativos feitos durante a Idade de Ouro de Hollywood.

    Hoje, é o terceiro maior estúdio de cinema do mundo, e é provável que um de seus filmes favoritos tenha sido produzido por este grupo. Em seu centenário, o estúdio comemora 100 anos de produção cinematográfica.

    Para comemorar a data icônica, clique na galeria e conheça a história, os sucessos e os fracassos que colocaram a Columbia no mapa do cinema!

    Sucessos e fracassos do estúdio de cinema!

  • Rock in Rio 2024 inicia a venda geral de ingressos nesta quinta

    Rock in Rio 2024 inicia a venda geral de ingressos nesta quinta

    SÃO PAULO, SP (REVISTA SIMPLES) – O Rock in Rio inicia a venda geral de ingressos para a edição de 2024 nesta quinta. A partir das 19h, o público vai poder adquirir ingressos para os dias os dias 13 a 15, 19 e 20, 21 e 22 de setembro, quando o festival acontece, no Rio de Janeiro.

    O valor dos ingressos são de R$ 795, a inteira, e R$ 397,50, a meia-entrada, para cada dia do festival. A venda geral será realizada no site da Ticketmaster.

    Os ingressos disponibilizados na pré-venda do Rock in Rio, iniciada nesta segunda-feira, se esgotaram em duas horas e 15 minutos. Foram 300 mil ingressos vendidos em tempo recorde, segundo a organização do festival.

    Completando 40 anos nesta edição, o Rock in Rio terá sete dias de apresentação e contará com artistas internacionais, como Katy Perry, Mariah Carey, Ed Sheeran e Shawn Mendes, e os brasileiros Ivete Sangalo, Jão e Iza, entre outros. A abertura dos portões acontecerá às 14h e será encerrada à meia-noite.

    Rock in Rio 2024 inicia a venda geral de ingressos nesta quinta

  • As mortes mais poderosas e emocionantes do cinema

    Uma cena de morte é tipicamente um grande momento e pode até ser uma das mais importantes de uma trama. Seja de um herói ou de um vilão, a morte de um personagem importante é muitas vezes uma das partes mais memoráveis de um filme. Não importa se acontece numa comédia romântica clássica ou num filme de super-heróis de grande orçamento, essas mortes podem ser triunfantes, admiráveis, trágicas ou profundamente chocantes. Mas uma coisa é certa: elas deixaram sua marca na história do cinema.

    Clique nesta galeria para reviver esses momentos, mas prossiga com cautela: há alguns spoilers sérios pela frente.

    As mortes mais poderosas e emocionantes do cinema

  • Os detetives mais icônicos e inesquecíveis do cinema e da TV!

    Os detetives mais icônicos e inesquecíveis do cinema e da TV!

    Hollywood tem fornecido ao cinema alguns detetives verdadeiramente icônicos. Todo tipo de personagem com esse tema foi criado, desde policiais à paisana até sheriffs do fim do mundo. A televisão, por sua vez, também é o lar de algumas figuras lendárias investigativas e policiais. Mas quem são os astros de cinema e personagens da TV mais avassaladores, aqueles que estão sempre preparados para enfrentar o cara malvado?

    Clique e relembre alguns dos melhores detetives das telonas e telinhas.

    Os detetives mais icônicos e inesquecíveis do cinema e da TV!

  • Novas datas para show de Bruno Mars de SP foram vetadas no Rio; shows vão acontecer?

    SÃO PAULO, SP (UOL/REVISTA SIMPLES) – Além de datas anunciadas anteriormente, Bruno Mars deve se apresentar em São Paulo em 4 e 5 de outubro -dias vetados pela prefeitura do Rio de Janeiro, em razão da proximidade ao primeiro turno das eleições (6 de outubro).

    OS SHOWS EM SP VÃO ACONTECER?

    Ao UOL, a prefeitura de São Paulo diz que o evento é privado e que tem, “como sempre teve”, “toda a estrutura de apoio para os shows”.

    A Secretaria de Urbanismo e Licenciamento, por sua vez, informa que até o momento não há pedido ou solicitação de Alvará de Autorização para o evento em questão. No entanto, o alvará costuma ser emitido com maior proximidade do evento.

    O QUE ACONTECEU NO RIO

    Eduardo Paes disse que as eleições municipais demandam grande mobilização de funcionários públicos, como agentes de segurança, o que impossibilita disponibilizar servidores para auxiliar nos shows.

    Na ocasião, o prefeito do Rio ressaltou que essa impossibilidade seria a mesma em qualquer cidade. Imaginar que vai se fazer qualquer grande evento no Rio de Janeiro (diria até que no Brasil) às vésperas das eleições é absurdo pela necessidade de mobilização de uma grande quantidade desses mesmos agentes públicos.

    A venda de ingressos foi iniciada, mas depois, suspensa. “Aqui tem respeito aos cidadãos e ao processo eleitoral. E tem comando também. Não é terra de ninguém”, disse Paes no X.

    A LiveNation, produtora dos shows, disse que iria trabalhar com o gabinete do prefeito para encontrar uma solução para os fãs. Os shows foram remarcados e uma data extra foi anunciada. As apresentações no Rio acontecerão nos dias 16, 19 e 20 de outubro.

    BRUNO MARS FARÁ 14 APRESENTAÇÕES NO BRASIL

    4, 5, 8, 9, 12 e 13 de outubro – São Paulo – MorumBIS
    16, 19 e 20 de outubro – Rio de Janeiro – Estádio Nilton Santos
    26 e 27 de outubro – Brasília – Mané Garrincha
    31 de outubro e 1º de novembro – Curitiba – Estádio Major Couto Pereira
    5 de novembro – Belo Horizonte – Estádio Mineirão.
    Algumas apresentações em São Paulo (8, 9, 12, e 13 de outubro) e no Rio (19 de outubro) já estão com ingressos esgotados.

    INGRESSOS

    A pré-venda para Clientes Santander começou hoje (21):

    • São Paulo: a partir das 9h online (www.ticketmaster.com.br) e 11h na bilheteria oficial;
    • Rio de Janeiro: a partir das 11h online (www.ticketmaster.com.br) e das 13h na bilheteria oficial;
    • Curitiba e Belo Horizonte: a partir das 13h online (www.ticketmaster.com.br) e das 13h nas bilheterias oficiais.

    Em todas as cidades, a venda geral começa amanhã (quarta-feira), nos mesmos horários e canais da pré-venda. Os ingressos estarão disponíveis online (www.ticketmaster.com.br) e nas bilheterias oficiais (sem taxa de serviço).

    Novas datas para show de Bruno Mars de SP foram vetadas no Rio; shows vão acontecer?

  • Prêmio da Música Brasileira terá show de Marisa Monte, Gloria Groove e Seu Jorge

    SÃO PAULO, SP (REVISTA SIMPLES) – O Prêmio da Música Brasileira anunciou, nesta terça-feira (21), as atrações de sua 31ª edição, marcada para acontecer no dia 12 de junho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

    A edição deste ano será em homenagem ao cantor Tim Maia. Por isso, os artistas farão interpretações de sucessos do compositor, morto em 1998, aos 55 anos.

    Entre 1989 e 1998, Tim Maia foi laureado 13 vezes no Prêmio da Música Brasileira, e agora, receberá a honraria máxima do evento. Algumas de suas principais músicas serão apresentadas em releituras por artistas de diferentes vertentes e gerações.

    Ao todo, serão 11 apresentações de clássicos do compositor. Marisa Monte cantará “Você”, enquanto Simone e Ney Matogrosso darão voz aos hits “Azul da Cor do Mar” e “Primavera”. Além deles, devem se apresentar também nomes como Seu Jorge, Zélia Duncan, Carlinhos Brown, Margareth Menezes, Gloria Groove e Pedro Sampaio.

    A premiação celebra artistas que mais se destacaram no ano passado em 32 categorias. Foram indicados cantores como Ana Castela, Anitta, Ludmilla, Gloria Groove, Sandra de Sá e Caetano Velos.

    Apresentado por Regina Casé, o evento será transmitido pelo Canal Brasil e pelo canal da premiação no YouTube.

    Prêmio da Música Brasileira terá show de Marisa Monte, Gloria Groove e Seu Jorge

  • Filmes que são baseados na mitologia grega (e muita gente nem percebeu)

    Várias das maiores histórias já feitas vieram da Grécia Antiga. Das peças clássicas de Sófocles e Eurípides às inúmeras lendas da mitologia grega, aquela civilização do Mediterrâneo deu ao mundo sagas tão profundas e cheias de significado que continuam a ser contadas até hoje.

    Da Era de Ouro do cinema até a atualidade, os diretores se inspiram nas lendas e heróis gregos. Às vezes, eles recontam os enredos fielmente, enquanto outras adaptações abordam as icônicas tramas em cenários novos e modernos. Em alguns momentos, a influência original é tão sutil que o espectador nem percebe, mas os cineastas criaram o hábito de homenagear as grandes histórias da Grécia Antiga.

    Curioso? Na galeria, conheça longas famosos que foram inspirados em antigas lendas gregas – alguns que você nem sabia! Inclusive, a produção que se passa no Brasil, com atores brasileiros, ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro!

    Filmes que são baseados na mitologia grega (e muita gente nem percebeu)

  • Documentário sobre Lula recebe aplausos em Cannes

    CANNES, FRANÇA (REVISTA SIMPLES) – Um coro de “olê, olê, olá” se uniu aos aplausos efusivos ao fim da estreia do documentário “Lula”, no Festival de Cannes, neste domingo. Dirigido pelo americano Oliver Stone, ao lado de Rob Wilson, o filme foi exibido em caráter especial e viu os ingressos para suas sessões se esgotarem rapidamente.

    Eram os brasileiros que formavam a maior parte do público na estreia do filme que narra a trajetória recente do presidente brasileiro, mas outros idiomas também eram ouvidos na sala Agnès Varda.

    Antes de a sessão começar, Thierry Frèmaux, diretor de Cannes, chegou a perguntar, brincando, quem ali amava o petista. Houve aplausos. “Não se preocupe, Oliver, sabemos como vai ser a recepção a esse filme”, ele respondeu, olhando para o diretor do filme.

    “Este filme é sobre uma pessoa muito especial no mundo hoje”, disse Stone pouco antes. Eu admiro muito este homem e sei que muitas pessoas das classes mais ricas o odeiam. A vocês que estão aqui hoje, não o odeiem, porque ele é uma alma maravilhosa.”

    Stone venceu o Oscar de roteiro por “O Expresso da Meia-Noite” e dois de direção por “Platoon” e “Nascido em 4 de Julho”. Ele já gravou lideranças da esquerda latino-americana em “Comandante” e “Mi Amigo Hugo”, sobre o cubano Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chávez, de quem era amigo.

    Lula também já havia sido capturado por sua câmera, no longa “Ao Sul da Fronteira”, de 2009, em que Stone conversou com diversos líderes políticos da região.

    Há meses “Lula” tem gerado interesse da imprensa e da cinefilia tanto nacionais quanto estrangeiras. Na tarde deste domingo, este repórter ouviu num restaurante da cidade um grupo de executivos americanos conversando, empolgados, sobre a sessão a que assistiriam em algumas horas.

    No filme, a câmera de Stone e Wilson captura Lula como um grande estadista, criando para ele momentos grandiosos a partir de imagens de arquivo de emissoras brasileiras e estrangeiras, de trechos de documentários e especiais de TV sobre a sua vida e de imagens do arquivo pessoal do presidente.

    “Obrigado por estarem aqui. Isso é comovente. É uma honra. Espero que vocês possam ver Lula como um ser humano, depois desse filme, e que possam ver que é possível, para todas as democracias do mundo, ter um líder como Lula, eleito para governar para o povo. Que faz promessas e que de fato entrega o que prometeu”, disse Wilson ao fim da sessão.

    “Lula” se concentra no momento de sua prisão, em abril de 2018, e vai até as últimas eleições presidenciais, com a derrota de Jair Bolsonaro. Mas também volta à sua infância pobre, mostra seus três casamentos, recupera sua trajetória como sindicalista, lembra o impeachment de Dilma Rousseff e faz uma breve apresentação sobre o que foi a ditadura militar brasileira.

    Stone e Wilson encontram brechas para destacar o envolvimento dos Estados Unidos no golpe de 1964, num atentado à soberania brasileira que ressurgiria, defende o filme, na articulação da prisão de Lula há seis anos.

    Ao ser entrevistado, Lula fala de uma “quadrilha internacional com a CIA, o FBI”. São muitos os minutos dedicados à relação delicada entre Brasil e Estados Unidos. Stone, em sua filmografia prévia, se debruçou sobre teorias conspiratórias para diversos acontecimentos da história americana. Ele volta a dar seu palpite.

    A movimentação pela prisão de Lula teve apoio americano, defende o filme, que diz que a Casa Branca nunca se recuperou da tentativa frustrada de criar um bloco econômico que unisse as Américas, durante a presidência de George W. Bush.

    O documentário lembra ainda que, num curto período de tempo, líderes latinos de esquerda foram depostos, presos ou vencidos, mais sugerindo que houve algo por trás dessas coincidências do que as analisando como resultado de uma onda política que tomou o continente.

    São várias as entrevistas que os cineastas tiveram não só com Lula, mas também com Janja, Glenn Greenwald, colunista da Folha, Cristiano Zanin, Valeska Martins e Walter Delgatti Neto, o hacker da Lava-Jato. Este, junto com o jornalista Glenn Greenwald, é tratado como herói, enquanto a grande mídia brasileira é pintada como cúmplice da ascensão da ultradireita no Brasil.

    A Globo é citada e criticada deliberadamente pelos entrevistados, sem que haja um canal para sua defesa. Patrícia Campos Mello, repórter especial da Folha, por outro lado, aparece numa imagem de arquivo ajudando o filme a analisar o fenômeno bolsonarista.

    Em geral, não há espaço para qualquer tipo de oposição, num movimento semelhante ao adotado por outros documentários recentes sobre a vida política brasileira, “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, e “O Processo”, de Maria Augusta Ramos.

    Quando Sergio Moro apareceu na tela pela primeira vez, em imagens de arquivo, o público presente na sessão em Cannes o vaiou, ainda que timidamente. Exclamações de surpresa em idiomas que não o português também podiam ser ouvidas nos trechos de entrevista em que Bolsonaro ataca mulheres e homossexuais ou louva a tortura.

    Foram pouco mais de cinco minutos de aplausos, em pé, ao fim do filme, que é encerrado com um samba que vai crescendo ao fundo de um discurso grandioso após a recente vitória eleitoral de Lula, em clima de festa.

    Documentário sobre Lula recebe aplausos em Cannes