Ouro desvaloriza 2,3% após embate de tarifas

Ouro em Queda: Impacto da Guerra Comercial Entre EUA e China Abala o Mercado

A cotação do ouro, um dos ativos mais tradicionais de proteção financeira, vem apresentando quedas consecutivas. A incerteza gerada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China e as novas tarifas impostas pelo governo norte-americano estão impactando diretamente o mercado financeiro global. O metal precioso, que historicamente é visto como um porto seguro para investidores, perdeu 2,3% de seu valor na Bolsa CFD nesta sexta-feira (04), refletindo uma tendência de desvalorização iniciada na sessão anterior.

Ouro em queda: um reflexo da incerteza econômica

Especialistas atribuem a recente queda do ouro a uma mudança no comportamento dos investidores, que estão migrando para outros ativos considerados mais seguros diante da instabilidade econômica global. Segundo Nicky Shiels, chefe de pesquisa e estratégia de metais da MKS Pamp SA, a destruição de riqueza no mercado de ações dos EUA tem sido severa, contribuindo para a aversão ao risco.

“O ouro, apesar de ter se mantido como um refúgio sólido recentemente, simplesmente não está imune a essa grande reação de risco”, afirma Shiels.

Outro fator que tem influenciado a queda da cotação do ouro é a expectativa de uma redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed). Esse cenário torna os títulos públicos dos EUA uma alternativa mais atraente para os investidores, reduzindo a demanda pelo metal precioso.

Histórico de valorização e declínio do ouro

Em 2024, o ouro registrou uma alta de quase 16%, impulsionado por compras massivas de bancos centrais, forte demanda asiática e uma política monetária mais flexível do Fed. No entanto, a situação se reverteu em 2025 com a intensificação da guerra comercial e o aumento da volatilidade nos mercados globais.

Na última quarta-feira (2), os contratos futuros do ouro encerraram o dia em alta, cotados a US$ 3.166,20 por onça-troy na Comex, uma divisão de metais da Nymex (New York Mercantile Exchange). Esse valor representou um novo recorde de fechamento, impulsionado pela expectativa do mercado sobre o pacote tarifário anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump. Entretanto, a volatilidade gerada por essa medida acabou revertendo os ganhos nos dias seguintes.

O impacto da guerra comercial no mercado de metais preciosos

A guerra comercial entre EUA e China tem gerado um efeito cascata nos mercados financeiros. Com a imposição de tarifas adicionais, a confiança dos investidores se abala, levando a uma realocação de capitais para ativos considerados mais seguros.

Os títulos do Tesouro dos EUA, por exemplo, tornaram-se uma alternativa atraente por serem investimentos de baixo risco e oferecerem proteção em momentos de incerteza econômica. Esse movimento de fuga para títulos públicos contribui para a queda do ouro, já que os investidores buscam opções mais estáveis e previsíveis.

Perspectivas para o mercado do ouro

Analistas do mercado financeiro avaliam que a tendência de queda do ouro pode continuar caso a tensão entre as duas maiores economias do mundo persista. A instabilidade política e econômica gerada por tarifas comerciais e políticas protecionistas tem o potencial de reconfigurar o fluxo de investimentos globais, afetando diretamente commodities como o ouro.

Além disso, o ritmo de crescimento econômico mundial também será um fator determinante para a valorização ou desvalorização do metal precioso nos próximos meses. Se houver uma desaceleração acentuada da economia global, o ouro pode voltar a ser visto como um refúgio seguro, retomando sua trajetória de alta.

Alternativas de investimento além do ouro

Diante desse cenário de incerteza, muitos investidores estão diversificando suas carteiras e buscando novas formas de proteção contra a volatilidade do mercado. Além do ouro, algumas alternativas que têm ganhado popularidade incluem:

  • Títulos do Tesouro dos EUA: Considerados de baixo risco, esses títulos oferecem rendimentos estáveis e são uma opção segura para preservar o capital em tempos de crise.
  • Criptomoedas: Ativos digitais como o Bitcoin vêm atraindo investidores como uma forma de diversificação, especialmente diante da instabilidade das moedas fiduciárias.
  • Fundos de investimento em commodities: Alguns fundos especializados oferecem exposição a diversas commodities além do ouro, permitindo maior flexibilidade na gestão de risco.

A recente queda do ouro reflete a complexidade dos mercados globais e o impacto da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Embora o metal precioso continue sendo um dos ativos mais procurados em momentos de crise, fatores como a expectativa de cortes na taxa de juros pelo Fed e a migração de investidores para títulos do Tesouro têm pressionado sua cotação para baixo.

Com um cenário econômico global incerto, é fundamental que os investidores acompanhem as movimentações do mercado e diversifiquem suas carteiras para minimizar riscos e garantir retornos consistentes a longo prazo.