Javier Milei enfrenta processos por promover criptomoeda $LIBRA
O presidente da Argentina, Javier Milei, está no centro de uma crise judicial após promover a criptomoeda $LIBRA em suas redes sociais. O caso gerou mais de 100 processos na Justiça Federal e levanta questões sobre a legalidade da ação presidencial na valorização de ativos digitais.
Milei e a promoção da criptomoeda $LIBRA
Na última sexta-feira (14), Milei utilizou seu perfil no X (antigo Twitter) para divulgar a criptomoeda $LIBRA, alegando que o ativo poderia financiar pequenos negócios e startups. A publicação foi vista por milhões de seguidores e gerou uma alta expressiva no valor do token.
No entanto, algumas horas depois, o presidente apagou o post, afirmando que não possuía conhecimento detalhado do projeto e que desejava evitar especulação indevida. O problema é que, logo após a remoção da publicação, o valor da criptomoeda despencou, causando milhões de dólares em prejuízos para investidores.
Acusações e processos na Justiça
A repercussão do caso foi imediata e levou a 111 denúncias protocoladas digitalmente em tribunais argentinos, de acordo com o portal Infobae. A Justiça Federal de Buenos Aires já aceitou uma das denúncias, que está sob responsabilidade do juiz Sebastián Casanello.
Milei enfrenta acusações de fraude, manipulação de mercado, estelionato e negociações incompatíveis com a função pública. Advogados afirmam que o caso se assemelha a um esquema de fraude em larga escala, onde o presidente teria utilizado sua influência para inflacionar artificialmente o ativo digital.
Entre os nomes citados nas ações judiciais também estão:
- Karina Milei, irmã do presidente;
- Manuel Adorni, porta-voz presidencial;
- Hayden Davis, empresário responsável pelo projeto KIP Protocol, criador da criptomoeda.
Especialistas apontam que a movimentação pode configurar um caso de “rug pull”, prática comum no mundo das criptomoedas, onde os desenvolvedores abandonam um projeto após inflacionar artificialmente seu preço, deixando investidores com prejuízos massivos.
Reação do governo
Diante da crise, a Casa Rosada divulgou um comunicado tentando minimizar o impacto da polêmica. Segundo o governo, Milei frequentemente compartilha iniciativas privadas sem ter vínculo direto com elas e, por isso, teria promovido a criptomoeda sem más intenções.
No entanto, a nota oficial confirmou que membros do governo se reuniram recentemente com representantes da KIP Protocol, levantando ainda mais dúvidas sobre o nível de envolvimento do presidente na valorização do ativo.
A oposição argentina aproveitou a polêmica para pedir o impeachment de Milei, argumentando que ele usou sua posição para favorecer um ativo financeiro, o que acabou prejudicando milhares de investidores. O Congresso já discute a possibilidade de uma investigação formal sobre o caso.
O impacto do caso na política e no mercado
O episódio envolvendo Milei e a criptomoeda $LIBRA gerou uma forte repercussão política e econômica. Enquanto investidores tentam recuperar suas perdas, analistas alertam para os riscos da promoção de ativos digitais por figuras públicas.
No mercado financeiro, a crise gerada pelo episódio afetou a confiança dos investidores e reforçou debates sobre a necessidade de regulamentação mais rígida para o mercado de criptomoedas. Nos últimos anos, diversos casos semelhantes de manipulação de mercado digital têm sido registrados ao redor do mundo, evidenciando a vulnerabilidade dos ativos descentralizados.
Próximos passos da Justiça
A Justiça Federal argentina já iniciou a análise das denúncias e deve determinar se Milei e os demais envolvidos responderão criminalmente pelo caso. Caso seja comprovado que o presidente influenciou diretamente o mercado financeiro, ele poderá enfrentar graves penalidades legais, que vão desde multas milionárias até a perda do cargo.
O desfecho do caso ainda é incerto, mas a crise coloca Javier Milei em uma situação política delicada, podendo comprometer sua governabilidade e sua popularidade entre os eleitores.