Ibovespa cai após divulgação de dados do Caged e preocupa investidores

Ibovespa cai após divulgação de dados do Caged e preocupa investidores

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), iniciou o pregão desta quarta-feira (26) em alta, mas perdeu fôlego e inverteu a tendência após atingir sua máxima intradia de 126 mil pontos. O movimento de queda está diretamente relacionado à divulgação dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que superaram as estimativas do mercado e elevaram as projeções de juros futuros.

Ibovespa em queda: impactos dos dados do Caged

Por volta das 13h49 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava uma queda de 0,41%, operando a 125.458 pontos. A desvalorização reflete a reação dos investidores aos dados do mercado de trabalho divulgados pelo Caged, que apontaram a criação líquida de 137.303 empregos em janeiro. O número ficou muito acima das expectativas do mercado, que previa um saldo positivo de 50,5 mil vagas.

Embora o aumento do emprego formal seja um dado econômico positivo, os investidores temem que essa aquisição de mão de obra impulsione a inflação, levando a um cenário de juros mais altos por mais tempo. Como resultado, os juros futuros subiram entre 14 e 31 pontos ao longo da curva.

Dólar em alta e impacto na economia

No sentido oposto ao Ibovespa, o dólar comercial registrou um avanço de 0,34%, sendo cotado a R$ 5,77. No decorrer do dia, a moeda norte-americana chegou a atingir R$ 5,7981, com uma alta de 0,76%. A valorização do dólar está ligada ao receio de que uma inflação mais forte exija uma postura mais conservadora por parte do Banco Central, o que pode retardar eventuais cortes na taxa Selic.

Outro fator que contribui para a alta do dólar é o desempenho do índice DXY, que mede a força da moeda americana em relação a outras divisas globais. O DXY registrava uma alta de 0,20%, atingindo 106,519 pontos.

Empresas se destacam no Ibovespa

Apesar do recuo geral do Ibovespa, algumas empresas se destacaram positivamente no pregão. A Vale (VALE3) registrou um avanço de 0,79%, sustentando parte do índice. A Ambev (ABEV3) liderou as altas com um crescimento de 4,69%, após anunciar um aumento de 11% no lucro líquido e a distribuição de dividendos.

Por outro lado, as atenções estão voltadas para os balanços de empresas relevantes, com ênfase na Petrobras (PETR4), que divulgará seus resultados após o fechamento da B3.

Paulo Gala alerta para desaceleração econômica no Brasil e EUA

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, analisou o impacto da desaceleração econômica no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo Gala, os últimos dados de confiança do consumidor indicam um cenário de preocupação, com quedas expressivas nos setores da construção civil e serviços.

Ele destacou que, apesar da criação de 100 mil vagas formais em janeiro, os indicadores apontam para um desaquecimento da economia. “O indicador de confiança tem uma forte correlação com a atividade econômica, e históricamente precede quedas no PIB, como ocorreu na crise de 2014-2015 e durante a pandemia”, afirmou.

Nos Estados Unidos, a situação também é desafiadora, com queda na taxa de juros e preocupações relacionadas às tarifas comerciais impostas pelo governo, além do impacto das políticas de inflação e da retração do mercado de trabalho.

Bolsas internacionais e Nvidia impulsionam expectativas

Nos mercados internacionais, os índices de Nova York operam em alta, impulsionados pela expectativa do balanço da Nvidia. O Dow Jones registrava um avanço de 0,28%, o S&P 500 subia 0,61% e o Nasdaq operava com ganhos de 0,95%.

Os investidores estão otimistas com os resultados da Nvidia, uma das principais empresas do setor de tecnologia e responsável pelo avanço da Inteligência Artificial (IA) no mundo. O analista Lukman Otunuga, da FXTM, afirmou que o balanço da Nvidia servirá como um indicador fundamental para o mercado de tecnologia e para a consolidação de sua avaliação de US$ 3,1 trilhões.

Na Europa, as bolsas seguem em direção a novos recordes, impulsionadas pelos bons resultados trimestrais de grandes empresas do continente.

O Ibovespa segue pressionado pela divulgação dos dados do Caged, que aumentam a percepção de juros mais altos e impactam negativamente a bolsa. A alta do dólar e o receio com a inflação também contribuem para a volatilidade do mercado. Enquanto isso, o setor internacional aguarda com atenção os resultados da Nvidia, que podem impulsionar o rali da tecnologia.