Bolsas asiáticas operam sem direção única diante das incertezas com tarifas dos EUA
As bolsas asiáticas encerraram o pregão desta sexta-feira sem direção definida. A instabilidade dos mercados reflete a apreensão dos investidores com a possibilidade de novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A proximidade do prazo de 9 de julho para a aplicação de medidas protecionistas amplia as incertezas no cenário global e tem gerado reações distintas nas praças asiáticas.
Com os Estados Unidos em feriado pelo Dia da Independência, o volume de negociações globais foi reduzido, intensificando os efeitos das notícias geopolíticas e econômicas. As bolsas asiáticas, em especial, têm sido impactadas pela tensão comercial com Washington, que ameaça impor tarifas entre 10% e 70% sobre uma série de produtos importados.
Japão mantém estabilidade com Nikkei em leve alta
O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, registrou leve alta de 0,06%, alcançando 39.810,88 pontos. Esse segundo dia consecutivo de ganhos, ainda que modestos, indica a cautela dos investidores japoneses. O receio com o possível aumento das tarifas sobre produtos japoneses, especialmente nos setores automotivo e eletrônico, tem limitado movimentos mais expressivos.
Desempenho misto na China continental
Na China, o índice Xangai Composto teve um avanço de 0,32%, atingindo 3.472,32 pontos. O desempenho positivo é atribuído a expectativas de novos estímulos econômicos e à recuperação de setores ligados à infraestrutura. Por outro lado, o Shenzhen Composto caiu 0,43%, refletindo perdas em ações de tecnologia e consumo, mais vulneráveis ao cenário externo incerto.
Hong Kong registra queda no Hang Seng
Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 0,64%, encerrando o dia em 23.916,06 pontos. A instabilidade política local somada à dependência do comércio internacional tem deixado os investidores mais avessos ao risco. O setor imobiliário também pesou negativamente, contribuindo para o desempenho fraco.
Queda acentuada no mercado da Coreia do Sul
O índice Kospi, da Coreia do Sul, liderou as perdas no continente asiático ao cair 1,99%, fechando a 3.054,28 pontos. Empresas exportadoras foram as mais afetadas, com destaque para os setores de eletrônicos e semicondutores, que podem ser diretamente atingidos por eventuais barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Taiwan fecha em baixa com Taiex pressionado
O índice Taiex, de Taiwan, registrou queda de 0,73%, encerrando o pregão em 22.547,50 pontos. A retração foi influenciada pelo desempenho fraco das ações de tecnologia e pela pressão vinda de tensões geopolíticas entre China e Estados Unidos. Analistas apontam que investidores estão reavaliando posições antes do anúncio oficial das tarifas americanas.
Bolsa da Austrália encerra estável
Na Oceania, o índice S&P/ASX 200, da bolsa australiana, subiu 0,08%, fechando a 8.603,00 pontos. A estabilidade foi sustentada pelo bom desempenho de empresas de mineração e energia, setores menos sensíveis à volatilidade comercial global. Ainda assim, o baixo volume de negociações limitou os ganhos no mercado australiano.
Bolsas europeias abrem em queda após alta recente
O cenário instável não ficou restrito às bolsas asiáticas. Na Europa, os mercados abriram em baixa após uma sequência de sessões positivas. Investidores reagiram a dados fracos de encomendas industriais na Alemanha e acompanharam de perto as movimentações dos EUA nas negociações comerciais.
A bolsa de Londres iniciou o dia com queda de 0,30%, Paris recuava 0,76%, Frankfurt cedia 0,35%, enquanto Milão, Madri e Lisboa registravam perdas de 0,10%, 0,48% e 0,23%, respectivamente. O feriado nos Estados Unidos contribuiu para uma liquidez mais restrita e uma postura mais cautelosa por parte dos investidores europeus.
A tensão com as tarifas dos EUA domina o cenário global
As expectativas em torno da imposição de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos dominam a pauta econômica internacional. Com o governo norte-americano sinalizando medidas protecionistas contra diversos parceiros comerciais, os impactos já começam a ser sentidos nos mercados asiáticos.
Os produtos afetados podem incluir eletrônicos, automóveis, metais e alimentos. As tarifas, caso aplicadas, podem ter efeitos severos sobre as cadeias globais de suprimentos, afetando tanto exportadores asiáticos quanto consumidores americanos.
Perspectivas para a próxima semana
Com o fim do feriado nos Estados Unidos, os mercados devem retomar maior liquidez a partir de segunda-feira. O foco seguirá nas declarações do governo americano sobre as tarifas e em possíveis contramedidas por parte de China, Japão e Coreia do Sul.
Indicadores econômicos da zona do euro, como inflação e produção industrial, também estão no radar. Além disso, resultados trimestrais de empresas asiáticas relevantes poderão influenciar o humor dos investidores.
Volatilidade deve continuar
O comportamento das bolsas asiáticas nesta sexta-feira demonstra que o mercado segue sensível às incertezas provocadas pelas políticas comerciais dos Estados Unidos. O temor de uma escalada na guerra tarifária tem gerado reações diversas entre os investidores.
Enquanto algumas bolsas ainda encontram espaço para pequenas altas, como no Japão e na China, outras demonstram preocupação mais evidente, caso da Coreia do Sul e de Hong Kong. A instabilidade pode persistir nas próximas semanas, especialmente se não houver clareza nas decisões da Casa Branca.