Categoria: Lifestyle

  • Filme sobre os Mamonas Assassinas só se sai bem em números musicais

    FOLHAPRESS – Se há uma banda que merece um revival, certamente é Mamonas Assassinas. Primeiro pelo que os cinco rapazes de Guarulhos tiveram de efêmero, tendo morrido em um desastre aéreo perto do aeroporto da cidade. Segundo porque, nos anos 1990, eles criaram um estilo original, cujo fundamento era em boa parte um modo de compreensão ingênuo do mundo.

    Ingênuo, bem-humorado, aberto ao outro e, antes de tudo, a si mesmos, algo que na época representava o Brasil, um país roqueiro, moderno, um pouco caipira, um tanto anárquico, gozador e, sobretudo, cheio de energia.

    O que é ótimo neste filme: esta enorme energia está lá toda vez que os atores interpretam a banda no palco. Neste sentido, o revival é bem-sucedido e lembra um momento interessante da música brasileira, que não veio da intelectualidade nem do morro ou da metrópole, mas também não do interior. Os atores respondem bem às atividades de palco.

    O que é péssimo neste filme: para começar, o roteiro ginasiano. A premissa é a mesma usada nos musicais hollywoodianos dos anos 1930 -não abandone nunca os seus sonhos. Isso é explicitado em um discurso de Dinho, papel de Ruy Brissac, o líder da banda, no início e no final do filme -há cinco anos ninguém acreditava em mim, mas agora estou aqui, ele diz. Assim, aquela ideia de que em cinema não se trata de dizer, mas de mostrar, é abandonada.

    Haveria outros pontos a desenvolver, como a amizade entre Dinho e Sergio (Rhener Freitas), o baterista, que começa com uma inimizade profunda, ou a oposição dos pais de Dinho às veleidades artísticas do filho, além da descrença dos donos de gravadoras.

    Seguem-se conflitos, uma pilha deles, que, mal tendo começado, logo terminam. No meio, há uma boa sacada. Sergio, que trabalha como motoboy, convida uma bela garota para jantar. Ela aceita e usa seu melhor vestido, pensando que vai a um restaurante fino. Acaba comendo um cachorro-quente numa barraquinha e não desgosta.

    Os enquadramentos são lamentáveis, a luz é desinteressante, a cenografia não raro parece emprestada de algum filme publicitário já rodado. Os atores são forçados a dizer diálogos não raro constrangedores, e assim vamos.

    Para resumir, temos aqui um filme que é ótimo pela banda, pela banda tal como representada no palco, e muito, mas muito deficiente sempre que sai do palco e da música do grupo. Entre o ótimo e o ruim, como se situará o espectador?

    O juízo final sobre este filme virá dele, afinal. O decente “Meu Nome É Gal” não emplacou, já “Nosso Sonho”, de Claudinho e Buchecha, veio com bom artesanato e nem por isso fracassou. “Mussum, o Filmis” também não foi longe, apesar de Ailton Graça. Em suma, compreender o espectador de hoje, para o filme que busca alcance em bilheteria, não está fácil.

    “Mamonas Assassinas” terá cumprido seu papel caso arraste velhos e novos fãs do conjunto, mesmo num cenário sem cota de tela, ou seja, sem qualquer proteção para o filme nacional. Neste caso, o espectador poderá sentir-se emocionado pelo gênio ingênuo dos rapazes de Guarulhos e da Brasília Amarela. Caso contrário, será preciso lamentar que a energia e formidável alegria investidos nos números de palco tenha sido atropelada pela incompetência que dá o tom ao restante do filme.

    MAMONAS ASSASSINAS – O FILME

    Avaliação Regular
    Quando 28 de dezembro
    Onde Nos cinemas
    Classificação 12 anos
    Elenco Ruy Brissac, Rhener Freitas e Fefe Schneider
    Produção Brasil, 2023
    Direção Edson Spinello

    Filme sobre os Mamonas Assassinas só se sai bem em números musicais

  • Ludmilla anuncia turnê com show no Allianz Parque, em SP

    SÃO PAULO, SP (REVISTA SIMPLES) – A cantora Ludmilla anunciou, na noite desta segunda-feira, 18, uma nova turnê com 19 shows marcados a partir de maio de 2024.

    Em “Ludmilla In The House Tour”, a artista passará por grandes arenas e casas de shows espalhadas por cidades como São Paulo, Rio, Salvador e Belo Horizonte. A ideia é celebrar dez anos de trajetória e passar por hits antigos e atuais.
    Em São Paulo, ela toca no dia 8 de junho, no Allianz Parque. As vendas para todos os shows começam nesta terça, 19, a partir do meio-dia, na plataforma Eventim.

    Ludmilla anuncia turnê com show no Allianz Parque, em SP

  • Drake promete show no Brasil após cancelar Lollapalooza em março

    SÃO PAULO, SP (REVISTA SIMPLES) – Drake falou sobre a possibilidade de se apresentar no Brasil durante uma transmissão ao vivo, quase nove meses após cancelar de última hora o show que faria no Lollapalooza, em São Paulo.
    “Brasil, quero dizer que devo a vocês o show da minha vida e vou dar a vocês” disse Drake durante o vídeo ao vivo.

    Na época, o rapper emitiu um comunicado em que dizia que, “devido a circunstâncias imprevistas”, estava sem membros de sua equipe de som e produção e que por isso não poderia se apresentar no festival.

    Mas uma apuração da Folha mostrou que o cantor mentiu sobre o motivo do cancelamento do show.

    Sob condição de anonimato, pessoas envolvidas com a produção do festival afirmaram que parte da equipe contratada pelo rapper não só já estava no Brasil trabalhando como havia passado a madrugada anterior ao cancelamento fazendo a montagem de cenário e equipamento de áudio.

    Segundo as pessoas ouvidas, a equipe de Drake, que estava hospedada no hotel Hilton, ficou sabendo que ele não viria mais ao Brasil durante a montagem.

    Drake promete show no Brasil após cancelar Lollapalooza em março

  • Governo Lula sanciona prorrogação da Lei Paulo Gustavo até final de 2024

    SÃO PAULO, SP (REVISTA SIMPLES) – O presidente Lula sancionou a prorrogação da Lei Paulo Gustavo até o fim de 2024. Na prática, estados e municípios terão mais tempo para executar os recursos da medida, criada para ajudar o setor cultural na pandemia. Antes, o prazo para executar os recursos era o dia 31 de dezembro deste ano.

    Na Câmara, a proposta de prorrogação foi aprovada por 326 votos a 84. No Senado, havia recebido 74 endossos. O projeto foi escrito pelos senadores Randolfe Rodrigues, da Rede, e Humberto Costa, do PT.

    Na justificativa para o aumento do prazo, Randolfe lembrou que a plataforma governamental para a submissão dos pedidos de recursos só foi aberta em maio, e os estados, os municípios e o Distrito Federal tiveram até julho para apresentar seus planos de ação a serem aprovados pela União.

    O parlamentar diz que a execução dos recursos até dia 31 de dezembro deste ano “é tarefa inexequível”. Nesse cenário, a manutenção deste prazo esvazia o espírito da norma, na medida em que boa parte dos seus recursos vão ser restituídos à União, sem cumprir seu objetivo: fomentar a produção cultural no Brasil“, segue.

    A lei foi criada ainda durante a pandemia de Covid-19 e é destinada a espaços ou atividades culturais. Seu objetivo é incentivar e reaquecer o setor cultural perante os efeitos da crise sanitária, garantindo apoio a artistas, produtores e organizadores de áreas como o cinema, o teatro e a música.

    Em maio deste ano, a ministra Margareth Menezes anunciou o repasse de R$ 3,8 bilhões para os estados, o Distrito Federal, além de todos os 5.570 municípios brasileiros.

    A prorrogação da lei era a condição para que a Secretaria da Cultura de São Paulo promovesse mudanças nos editais. Agentes culturais paulistas criticam os documentos porque consideram que eles estimulam a centralização de recursos e negligenciam o interior paulista.

    Por esse motivo, a Defensoria Pública da União (DPU) entrou com uma ação para suspendê-los. O pedido foi inicialmente acatado judicialmente em 25 de outubro, mas o governo de São Paulo recorreu e a decisão foi revogada.

    Em sua decisão, a magistrada Tatiana Pereira anulou a suspensão dos editais e remeteu os autos à Justiça estadual de São Paulo. Ela afirma que a Justiça Federal não tem competência para julgar o caso. O mérito da questão não foi analisado.

    Governo Lula sanciona prorrogação da Lei Paulo Gustavo até final de 2024

  • U2 toca música de Natal ao vivo pela primeira vez em 36 anos

    O grupo U2 voltou a tocar a clássica música natalina “Christmas (Baby Please Come Home)”, de Darlene Love, pela primeira vez em 36 anos. O show aconteceu no sábado, na casa de espetáculos Sphere, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

    A banda irlandesa não tocava a música, lançada originalmente em 1963, desde 1987. Na verdade, o grupo só a havia tocado ao vivo uma vez, em 20 de dezembro de 1987, no encerramento da turnê Joshua Tree, em um show no Sun Devil Stadium, no Arizona, também nos Estados Unidos.

    A música deixou os fãs em êxtase, como é possível ver no vídeo compartilhado pela banda em seu canal no YouTube.

    U2 toca música de Natal ao vivo pela primeira vez em 36 anos

  • Quentin Tarantino analisa filmes que o formaram em novo livro

    ANDRÉ BARCINSKI
    REVISTA SIMPLES – Poucos cineastas são tão explícitos sobre suas influências quanto Quentin Tarantino. Ele gosta tanto de determinados diretores e gêneros que escreveu um livro relatando e explicando suas obsessões cinéfilas -“Especulações Cinematográficas”, que acaba de sair no Brasil pela editora Intrínseca, com ótima tradução de André Czarnobai.

    A obra não se propõe a ser uma enciclopédia de cinema. É uma celebração do tipo de cinema que fez Tarantino e moldou seu estilo.
    Há capítulos sobre filmes como “Amargo Pesadelo”, de John Boorman, “Perseguidor Implacável”, de Don Siegel, “Os Implacáveis”, de Sam Peckinpah, “Irmãs Diabólicas”, de Brian De Palma, “Taxi Driver”, de Martin Scorsese, e até “A Taberna do Inferno”, de Sylvester Stallone.

    O cineasta não se limita a dar opiniões sobre o filme, mas discorre longamente sobre os diretores, atores e roteiristas e compara esses filmes a outros do mesmo período, sempre com um ponto de vista interessante e peculiar. É um livro para ler com um bloco de anotações, listando os filmes que não se conhece.

    Tarantino faz filmes sobre filmes. Obras em que disseca seus gêneros cinematográficos e literários prediletos -cinema policial asiático em “Cães de Aluguel”, cinema noir e livros “pulp” em “Pulp Fiction”, faroestes sangrentos em “Django Livre”, filmes de guerra em “Bastardos Inglórios”, a obra de Elmore Leonard em “Jackie Brown”, cinema de artes marciais nos dois “Kill Bill”- e pensa cada fotograma como um tributo a algum cineasta, ator ou roteirista que admira.

    Em “Especulações Cinematográficas”, ele escreve sobre a experiência de assistir filmes na tela grande, especialmente obras das décadas de 1970 e 1980 a que ele assistiu, em sessões duplas e triplas, desde os sete anos, quando começou a ver filmes adultos acompanhados da mãe, Connie, e do padrasto, o músico Curtis Zastoupil. Seu pai, o ator Tony Tarantino, abandonou Connie antes de ele nascer.

    A exemplo do cinema de Tarantino, seu livro é divertidamente caótico -sem uma ordem aparente, ele enfileira capítulos a esmo, falando ora de filmes, ora de diretores, ora de seus críticos prediletos. Um dos capítulos mais interessantes é uma ode a Kevin Thomas, um obscuro crítico de cinema de Los Angeles que escrevia sobre os filmes B que os críticos mais renomados não se dignavam a assistir.

    O livro abre com um capítulo autobiográfico, “O pequeno Quentin assistindo a grandes filmes”, em que narra seus primeiros anos cinéfilos e o impacto de ver filmes adultos na infância, sem entender muito da trama, mas já impactado pela reação que imagens causavam nas plateias.

    Connie e Curtis levavam o pequeno Quentin para assistir a qualquer coisa, muitas vezes em cinemas “poeira” em que a plateia demonstrava seu apreço -ou não- pelo filme com gritos ou vaias. Essa experiência marcou o menino para sempre.
    Tarantino nasceu em 1963 e teve a sorte de viver, ainda criança e adolescente, uma época de ouro do cinema americano, a chamada Nova Hollywood de filmes como “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola, “Lua de Papel”, de Peter Bogdanovich, e “O Franco-Atirador”, de Michael Cimino, entre outros.

    Mas não foram apenas esses filmes clássicos que fizeram a cabeça do menino, que enlouqueceu com obras sangrentas e explosivas como “A Outra Face da Violência”, de John Flynn, “Joe: das Drogas à Morte”, de John G. Avildsen, e “Um Homem Chamado Cavalo”, de Elliot Silverstein.

    Tarantino explica com maestria a gênese e explosão da Nova Hollywood, com o cuidado de dividir os diretores daquele período em dois grupos -os cineastas antissistema e os chamados “movie brats”, ou pirralhos do cinema.

    “Para deixar bem claro, os cineastas antissistema pós-anos 1960 eram Robert Altman, Bob Rafelson, Hal Ashby, Paul Mazursky, Arthur Penn, Sam Peckinpah, Frank Perry, Michael Ritchie, William Friedkin, Richard Rush, John Cassavettes e Jerry Schtazberg”, ele escreve.

    Segundo Tarantino, eles eram, em sua maioria, cineastas ligados à contracultura e com uma visão pessimista dos Estados Unidos e de Hollywood. “Os cineastas antissistema queriam refazer os filmes de John Ford, mas não da maneira que Paul Schrader e Martin Scorsese fizeram em ‘Taxi Driver’ e ‘Hardcore: no Mundo do Sexo’. Eles queriam refazer ‘Sangue de Heróis’ do ponto de vista dos apaches.”

    Já os pirralhos eram de uma geração posterior -nomes como Scorsese, De Palma, Coppola, Bogdanovich, Spielberg e Lucas. “Eles foram a primeira geração de cineastas homens, jovens e brancos criados assistindo à televisão e formados em faculdades de cinema. Surgiram para definir o tom daquela década [1970] com filmes populares e estilosos.”

    Colecionador obsessivo de cópias em película de suas obras favoritas, Tarantino usou a fortuna que ganhou no cinema para tentar formar novas gerações de cinéfilos e combater o fechamento de salas e o recente domínio dos filmes juvenis de Marvel e DC, ao comprar e reformar dois cinemas antigos de Los Angeles, o New Beverly e o Vista, e fazer a programação das duas salas ser centrada em filmes clássicos.

    “Especulações Cinematográficas”, primeira incursão do cineasta pela análise de cinema, é mais um esforço de Quentin Tarantino para não deixar a cinefilia morrer.

    ESPECULAÇÕES CINEMATOGRÁFICAS
    – Avaliação Muito bom
    – Preço R$ 89,90 (400 págs.); R$ 62,90 (ebook)
    – Autoria Quentin Tarantino
    – Editora Intrínseca
    – Tradução André Czarnobai

    Quentin Tarantino analisa filmes que o formaram em novo livro

  • Filmes que são comprovadamente anti-machistas

    O “teste de Bechdel” foi criado pela cartunista norte-americana Alison Bechdel em 1985 e se tornou a maneira mais popular de avaliar se as personagens femininas de um filme estão bem representadas. As regras são simples: o filme deve conter duas ou mais personagens femininas com nomes e essas personagens devem conversar entre elas sobre algo que não seja sobre os homens do filme. Parece simples, certo? Mas muitos filmes não conseguem passar nesse simples teste.

    Porém, trazemos uma boa notícia para os fãs do cinema: não são apenas filmes feministas que passam com louvor nessa avaliação. Muitos filmes de sucesso foram aprovados! Na galeria, veja qual dos seus blockbusters favoritos passam no teste anti-machismo.

    Filmes que são comprovadamente anti-machistas

  • Thomas Mann reprimiu homossexualidade que sai da sombra em novo romance

    (REVISTA SIMPLES) – O escritor irlandês  não acredita em fantasmas, mas sabe que eles existem. A certeza veio quando fez pesquisas para o livro “O Mágico”, retrato ficcional do alemão Thomas Mann, um dos maiores nomes da história da literatura.

    Quando esteve em Paraty, por exemplo, Tóibín julgou ter visto o espectro de Júlia, a mãe brasileira do autor de “A Montanha Mágica”, quando sentiu o aroma de frutas tropicais. Já em Lübeck, cidade onde Mann nasceu, visitou pensões onde pressentiu as primeiras inclinações homossexuais do futuro escritor. Finalmente, em Munique, jura ter ouvido o eco dos saraus literários organizados pela velha senhora Mann.

    “Não tomei nota, apenas absorvi as sensações que aqueles lugares me evocavam”, conta o irlandês que, depois de devorar três biografias sobre Thomas Mann, descobriu um homem de alma complexa.

    “Fiquei fascinado com a distância entre o artista que se apresentava ao mundo -erudito, distante, sério- e a figura que ele revelava em seus diários, na qual confessa seus amores proibidos”, comenta Tóibín. Ele é autor também do romance “Brooklyn” e da biografia ficcionalizada de outro escritor que também sublimava o desejo pelos homens através de sua escrita, Henry James, em “O Mestre”.

    Já em “O Mágico”, o autor irlandês cria uma ilusão para que o leitor acredite nos fatos. Sua habilidade está em costurar histórias verdadeiras com ficcionais, favorecido pelas lacunas que Mann deixou ao longo da vida. O Nobel de Literatura de 1929 foi um artista brilhante cuja vida se desenrolou quando duas guerras mundiais abalaram a Europa, o que o obrigou a se refugiar nos Estados Unidos.

    Pessoalmente, Mann teve uma trajetória tumultuada. A latinidade da mãe, Júlia, contrastava com seu caráter essencialmente germânico. Nascida no Brasil, na ensolarada região de Paraty, Júlia da Silva-Bruhns foi levada aos sete anos para a sombria Lübeck, após a morte da mãe. Lá, passou a maior parte de sua vida tentando se adaptar a costumes diferentes dos que conheceu na infância. Aos 17 anos se casou com o cônsul e comerciante alemão Johann Heinrich Mann, com quem teve cinco filhos.

    “Thomas era alemão no sangue, nos olhos, mas partes dele eram completamente latinas. Algo essencial nele veio de sua mãe. Em outras palavras, se seu pai tivesse se casado em Lübeck com outra família, eles não produziriam alguém como Thomas Mann”, observa Tóibín.

    A ambiguidade também se refletia em sua sexualidade, pois, apesar de casado e pai de seis filhos, Mann sentia desejo por outros homens, desde os tempos de estudante até o final da vida, um artista sexualmente reprimido que não se permitiu comportar-se como desejava.

    Mas espalhou indicações óbvias dos seus desejos: publicou uma novela abertamente homoerótica, “Morte em Veneza”, e deixou diários nos quais reconhecia sua atração por homens, estipulando que os cadernos só poderiam ser tornados públicos 20 anos após sua morte, o que aconteceu em 1975.

    “Eu me interessei pelas suas ambiguidades, o senso de mistério envolvendo o homem notório que dava palestras, era muito fotografado e que fazia passeios tranquilos após as refeições com sua esposa versus o homem que manteve diários, absorvido em um silêncio que escondia uma vida secreta, íntima”, conta Tóibín.

    “Mann realizou boa parte de sua vida erótica na observação, olhando outros gays. Não há qualquer evidência de que frequentava parques à noite ou visitava cafés em Munique. Seus desejos se realizavam por meio da imaginação, tanto em sonhos como a partir de seus olhares. Ele constantemente repreendia atos que eram aprovados apenas por seus olhos.”

    Tóibín está certo de que “Morte em Veneza” não seria publicado hoje. Lançado em 1912, o romance acompanha a obsessão, que se tornará mortal, de um homem respeitado por um jovem garoto de impressionante beleza.

    “Mann estava em Veneza em 1911, sabemos disso pois sua esposa Katia anotou no livro de memórias que escreveu anos depois. Na praia, ele viu esse lindo garoto. Segundo Katia, Thomas começou a olhar fixamente para o menino. Ao voltar para casa, fez o que um escritor faria: pensou sobre a forma e a estrutura para retratar uma experiência difícil pela qual passou.”

    Segundo o irlandês, Mann tentou transformar o menino da história em uma figura simbólica, que representasse a beleza. “Mas, lido sob o olhar de hoje, o romance mostra um homem mais velho admirando um adolescente com luxúria, o que é inaceitável. Sua intenção era revelar, nas entrelinhas, a própria homossexualidade, mas seus leitores da época acreditavam que ele estava interessado na decadência e na beleza. O esforço frustrado colocou-o ainda mais em um estado de ocultação.”

    Não foi a primeira vez que o alemão se valeu de elementos da vida real em sua ficção. “A Montanha Mágica”, por exemplo, teria nascido em 1912 quando sua mulher foi internada em um sanatório para tuberculosos em Davos, na Suíça. E diversas histórias da família foram usadas na elaboração de seu primeiro grande sucesso, o romance “Os Buddenbrook”, de 1901, narrando justamente a decadência da burguesia alemã.

    “A literatura era seu barco seguro”, observa Tóibín. “Ele era um fantasma em sua própria vida, exceto quando estava no escritório. Por isso que sua obra continua sólida.”

    O MÁGICO
    Preço R$ 129,90 (544 págs.); R$ 44,90 (ebook)
    Autoria Colm Tóibín
    Editora Companhia das Letras
    Tradução Christian Schwartz e Liliana Negrello

    Thomas Mann reprimiu homossexualidade que sai da sombra em novo romance

  • Ninguém dá muita coisa por esses filmes, mas eles são ótimos mesmo assim!

    Todos os anos, Hollywood faz centenas de filmes. São tantas histórias que podemos perder algumas joias escondidas que são ofuscadas por blockbusters e filmes premiados. Sejam dramas ou comédias românticas, muitos desses filmes injustamente subestimados nunca receberam o crédito que mereciam. Alguns até sofreram uma série de críticas negativas, mas, sem dúvida, merecem uma segunda chance. Outros foram bem recebidos pelos críticos e telespectadores, mas nunca encontraram uma grande audiência.

    Vontade de assistir um bom filme? Então, clique na galeria a seguir para descobrir os melhores filmes subestimados de Hollywood!

    Ninguém dá muita coisa por esses filmes, mas eles são ótimos mesmo assim!

  • O Melhor Filme do Oscar no ano que você nasceu: Lembra qual foi?

    Quem é fã de cinema certamente acompanha os grandes lançamentos e a repercussão dos longas mais badalados em premiações do gênero. Por isso, é bem provável que a pessoa se lembre das mais recentes produções que levaram o Oscar de Melhor Filme, uma das principais categorias da cerimônia. Mas será que você se recorda da trama mais ovacionada no seu ano de nascimento? Difícil, né?

    Confira a galeria e surpreenda-se! Será que é um dos seus preferidos ou nem por isso?

    O Melhor Filme do Oscar no ano que você nasceu: Lembra qual foi?