Categoria: leitora

  • Por que algumas mulheres adoram Donald Trump?

    Donald Trump e a esposa Melania (Foto: Getty Images)Donald Trump e a esposa Melania (Foto: Getty Images)

    Durante toda a campanha presidencial o republicano Donald Trump se referiu publicamente às mulheres que achava pouco atraentes como porcas, cadelas e “animais repugnantes”. Quando concorreu com a ex CEO da Hewlett-Packard Carly Fiorina pela candidatura republicana no ano passado, ele sugeriu que ela não tinha como ser uma líder por ser feia. Irritado com uma pergunta difícil feita pela apresentadora da FOX News Megyn Kelly durante um debate, ele disse mais tarde que ela havia sido dura porque estava menstruada. Repetidas vezes, Trump reafirmou que a infidelidade masculina reside em mulheres que não “satisfazem” adequadamente seus maridos. Em 2011, descreveu a amamentação como um ato “repugnante”. No início do ano, disse que, se fosse presidente, uma mulher que abortasse iria enfrentar “algumas formas de punição”. Em seu livro “The Art Of The Comeback” (A Arte do Retorno, em português livre), escreveu que mulheres são garimpeiras atrás de ouro, por isso “você deve tratá-las como merda”. Isso sem citar os diversos casos de assédio que vieram à tona durante a corrida presidencial. Sim, esse será o novo presidente dos EUA.



    A ideia parece inconcebível do ponto de vista feminino. Foi por isso que durante a campanha uma repórter australiana acompanhou de perto alguns comícios de Donald Trump para entender o motivo que levava algumas mulheres a apoiar o então candidato.



    “Esperei todo o verão para conhecer pessoalmente as ‘Trump girls’ que estavam ‘quebrando a Internet’”, contou a jornalista R. Todd Kelly. Ela se referia ao movimento lançado nas redes sociais pela campanha de Trump, que encorajava mulheres a declararem seu apoio a ele postando selfies sexies online. Como resultado, o Facebook, Twitter e Instagram foram tomados por grupos intitulados Babes4Trump, Trump Hotties e RumpsforTrump, todos dedicados a publicar fotos provocativas das eleitoras femininas e aparentemente criados por homens.



    Logo, a hashtag #TrumpGirlsBreakTheInternet virou um movimento amplo que destacava os principais pontos de confusão e tensão do papel da mulher na campanha de um candidato tão misógino. Nunca antes uma corrida política foi negociada por meio da sensualidade de eleitoras, que se diziam confortáveis nesta posição e acreditavam ser simplesmente um meio engraçado para se alcançar um objetivo comum. “As selfies são uma maneira realmente divertida de transmitir a mensagem de Donald Trump”, explicou Sarah Hagmayer, porta-voz do grupo Students For Trump (estudantes por Trump).



    Sarah compartilhou uma série de fotos suas e de sua irmã vestindo biquínis patriotas nos mais diversos cenários climáticos (até na neve). E quando questionada se essa não seria uma forma de objetificação, ela garantiu que não. “A mensagem transmitida pelas selfies é apenas a de que Trump vai tornar a América boa novamente”, disse. “Eu o apoio porque adoro suas políticas”



    E quando questionada sobre quais seriam essas políticas, fica claro que, primeiro, ela não consegue citar nenhuma além da construção do muro na fronteira com o México e, em segundo lugar, que ninguém havia lhe questionado isso antes. Jan Morgan, outra apoiadora, pontuou que a necessidade de ter Trump como presidente transcende a ideia do que seria ver as mulheres de uma maneira “politicamente correta”. “Eu não me importo com o que Donald Trump pensa ou fala sobre as mulheres. Francamente, acho patético alguém se importar com isso. Hillary vai tirar nossas armas, Donald vai mantê-las. O que faz as mulheres o apoiarem é o fato de que segurança é importante para nós.”



    “As mulheres que apoiam Donald Trump se importam primeiro e absolutamente com a segurança de sua família”, explica Melissa Deckman, professora de ciência política do Washington College. “Elas enxergam imigrantes e muçulmanos extremistas como ameaças reais, e estão à procura de alguém para defendê-las.” Elas acham que as promessas da construção do muro e a proibição da entrada de muçulmanos é o que separa a possibilidade de seus filhos crescerem de maneira próspera ou de se tornarem vítimas de violência.



    E apesar de não saberem como essas medidas podem ser viabilizadas legal e financeiramente, elas são inflexíveis ao admitir que Trump irá realizá-las já nos seus primeiros 100 dias de mandato.



    O CÍRCULO FEMININO DE TRUMP



    Para um homem aparentemente tão “dotado” de testosterona, parece incoerente notar ainda a presença de três mulheres com papéis importantes na corrida que culminou em sua eleição. Além da esposa Melania e da filha Ivanka, a secretária de imprensa é Hope Hicks, um enigma para muitos.



    Aos 27 anos, ela nunca tinha trabalhado com política. Em 2012, a relações públicas foi encarregada por Trump a ajudar Ivanka a expandir sua linha de moda. Mas, em 2015, como sua mãe admitiu ao The New York Times, Hope Hicks foi contratada pelo político para assumir a função de atender a imprensa em sua campanha. “Foi um choque”, disse Caye Cavender. Agora, a improvável secretária de imprensa lida diariamente com centenas de pedidos dos veículos de comunicação e gerencia a repercussão das confusas declarações de seu chefe, que durante a campanha lançou cinco políticas diferentes sobre aborto em apenas três dias.



    Assim como outras mulheres do círculo de Trump, Hicks é ex-modelo. Simplesmente porque ele gosta de se cercar “de mulheres atraentes”. Uma investigação feita pelo The New York Times revelou que ocasionalmente no local de trabalho, Trump interrompe as reuniões de negócios para opinar sobre as figuras femininas presentes na sala. “Sempre que possível, ele quer que seus visitantes notem suas funcionárias mais atraentes.”



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  • Saiba os benefícios da Vitamina D e como ela ajuda na manutenção da boa forma

    Os benefícios da vitamina D (Foto: Think Stock)Os benefícios da vitamina D (Foto: Think Stock)

    Toda segunda-feira nossa colunista, a médica Esthela Conde, tira dúvidas das leitoras sobre saúde e fitness. Para esta semana o tema escolhido foi Vitamina D, Confira aqui 3 perguntas:


    O que é exatamente a vitamina D?
    Apesar de ser chamada de vitamina, na verdade é um hormônio essencial para o nosso organismo. Muita gente sabe sobre a relação da vitamina D com o cálcio e consequentemente com os ossos, porém o que muita gente não sabe é que a vitamina D está relacionada com outros funcionamentos do organismo, que irei responder na próxima pergunta. Uma curiosidade, é que ela foi descoberta em 1922 e foi chamada de vitamina, pois acreditava-se que ela só poderia ser obtida através dos alimentos. Só mais tarde, porém, descobriram que 90% da vitamina D é produzida pelo corpo humano.


    Quais os benefícios da vitamina D?
    Bom, a primeira grande importância é que ela é responsável pela captação/absorção de cálcio pelos ossos. A falta de cálcio pode levar ao raquitismo quando criança e osteoporose na fase adulta. Na gestante a vitamina D é importantíssima! No comecinho da gravidez, sua deficiência pode causar aborto. Sabe-se também que ela atua em doenças auto-imune como artrite reumatoide e esclerose múltipla. Além disso, participa de processos cardíacos, como a contração muscular. A grande verdade é que os estudos mais recentes, têm demonstrado que a maioria das nossas células possuem receptores para vitamina D. Isso inclui os músculos, ou seja, ajudando na força muscular e ganho de massa magra. (Não percam o live desta segunda-feira 7 (às 16h30) no facebook da Marie Claire, que falarei mais detalhadamente sobre esses benefícios!!!)


    Quanto eu devo ingerir por semana? Cada uma fala sobre uma quantidade, nunca sei qual o valor correto.
    Ana a dose ideal de vitamina D, depende muito. Por exemplo, se você tem de fato deficiência é uma dose, se você precisa apenas manter manutenção é outra. Além disso varia de acordo com a faixa etária e patologias, por isso essa confusão de doses! Porém somente um médico capacitado pode avaliar o que de fato é deficiência, insuficiência ou valor limítrofe de vitamina D. O fato é que por ser uma suplementação vendida sem prescrição, muitas pessoas com deficiência têm usado subdoses e obviamente não estão vendo efeito e outras muitas estão usando superdoses sem ter a deficiência. Dá-se aí a importância da avaliação médica.



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  • Saiba como é o funcionamento e benefícios dos antioxidantes

    Saiba os segredos dos antioxidantes (Foto: Think Stock)Saiba os segredos dos antioxidantes (Foto: Think Stock)

    Toda segunda-feira nossa colunista, a médica Esthela Conde, tira dúvidas das leitoras sobre saúde e fitness. Para esta semana o tema escolhido foi antioxidante, divulgado na nossa página de Facebook dias antes, e lá você sempre terá espaço para fazer suas perguntas em relação ao tema seguinte. Confira aqui 3 perguntas:


    Regina Cristina: Como funciona o antioxidante no organismo? A partir de quando é bom prestar atenção no consumo dele?
    O antioxidante age no nosso organismo combatendo o processo de oxidação das moléculas, evitando assim a formação dos temidos radicais livres, que em excesso pode causar diversas alterações à saúde, incluindo a aceleração do envelhecimento. Quanto ao consumo Regina, na literatura já existem alguns trabalhos, mostrando que antioxidante, na forma de suplemento, em excesso, pode não ser tão benéfico quanto imaginávamos. Por isso, devemos sempre tentar obter da forma mais natural possível, que é através do consumo de alimentos. Existem também, alguns exames específicos, que podem mostrar processos de inflamação crônica no organismo, indicando assim, excesso de radicais livres e a necessidade do aumento de antioxidantes, isso pode nos ajudar a ter um parâmetro.


    Marcela Oliveira: Qual o antioxidante mais poderoso que existe? Quais os tipos?
    Os melhores antioxidantes são os obtidos através da alimentação, principalmente vegetais e frutas. Existe uma tabela chamada ORAC ( Oxygen Radical Absorbance Capacity), que classifica os alimentos com maior ação antioxidantes. Alguns que estão sempre no topo são: cacau cru, framboesa preta, romã, cramberry, uva, ameixas, cerejas, açaí, blueberry.
    O que acontece de fato é que a vida moderna, muitas vezes, não nos permite ter uma alimentação tão regrada e balanceada ( no quesito antioxidantes), por essa razão muitas vezes procuramos a suplementação como uma alternativa mais prática.


    Clara Silva: Quais os prós e contras do uso?
    Creio que essa pergunta se refere a suplementação com antioxidantes e não aos naturais obtidos na alimentação. Bom, os prós como já foi dito é que são mais práticos para o uso diário e além disso conseguimos garantir uma maior eficácia do poder antioxidante da substancia. Já os presentes na alimentação, depende de fatores como clima, estado de conservação do alimento e possível ação de microrganismo. Quanto aos contras, se você optar por consumir apenas o suplemento, você estará deixando de ingerir os demais nutrientes presentes nos alimentos.



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  • Alicia Kuczman: “Voltei a ser modelo após ser excluída por um problema de saúde”

    Alicia Kuczman, 23 anos (Foto: Divulgação)Alicia Kuczman, 23 anos (Foto: Divulgação)

    “Nasci em Cascavel, cidade de 300 mil habitantes no Paraná. Minhas lembranças do passado não se parecem nada com as típicas de quem cresce no interior. Apesar de adorar estudar, detestava ir ao colégio. Só tirava notas altas, mas não tinha amigos. Andava pelos corredores com um livro aberto cobrindo o rosto. Eu era diferente e sofria agressões por causa disso. O auge foi a comunidade dedicada a mim no Orkut. ‘O que você faria se a Alicia estivesse se afogando?’ era a pergunta de uma enquete. As opções eram ‘Cuspia nela’, ‘Chutava’, e por aí vai. A última alternativa era de longe a mais clicada: ‘Todas as anteriores’.


    Chorava para não ir ao colégio, mas minha mãe trabalhava num hospital, como assistente social, e ficar em casa com meu pai, Osvaldo, 57, era outro pesadelo. Ele é um engenheiro inteligentíssimo, porém bipolar. Minha memória mais longínqua é de ele me batendo sem motivo. Tinha só 3 anos e sabia que não havia feito nada para merecer aquela surra. A cena se repetia a cada vez que ele mudava de humor com ataques físicos ou verbais. Ele me chamava de burra, dizia que eu não ia dar em nada, me mandava parar de importuná-lo com a minha ‘voz de taquara rachada’. Minha mãe, Herta, 54, passava a maior parte do dia fora e, na maioria das vezes, não presenciava nada. Quando meu irmão, Vinícius, três anos mais novo, e eu contávamos a ela o que havia acontecido, ela explicava que aquilo era reflexo da doença psicológica de meu pai. Mas, para mim, não era desculpa. Só eu sabia o que passava.


    A forma que encontrei de me proteger foi criar meu próprio mundo. Minha diversão era costurar e bordar as roupas que inventava. Aos 11 anos, comprei uma pilha de revistas de moda num sebo e forrei as paredes do meu quarto com minhas preferidas. Sonhava um dia me ver estampada em uma página daquelas, embora não me achasse bonita o suficiente para estar ali. Mesmo com pouco mais de 50 quilos distribuí­dos em 1,77 metro de altura, cabelos louros levemente ondulados e olhos azuis.


    Aos 12, me matriculei num curso de corte e costura para fazer peças mais elaboradas, como a calça de cintura alta que ainda não havia chegado à cidade. Cheguei a pensar que poderia ter uma marca. Assim, entraria no fascinante mundo da moda. De tanto falar no assunto, convenci minha mãe a me acompanhar em pequenos testes de modelo que apareciam em Cascavel. ‘Você é muito pequena’, diziam. ‘Ainda não está na idade.’ Eu insistia, insistia, e ela acabava me levando de novo e de novo ouvindo que ainda não estava pronta para ‘modelar’.


    Em uma tarde de 2009, descobri que estavam convocando meninas em Cascavel para uma seleção. As escolhidas iriam a Florianópolis se apresentar para agências de São Paulo em busca de new faces. Minha mãe conseguiu uma brecha no trabalho e me acompanhou no teste. Fiquei eufórica quando o booker nos chamou de canto. ‘Essa menina tem tudo para acontecer’, disse a ela. ‘Precisa ir para Florianópolis.’ Pela primeira vez, achei que meu sonho poderia virar realidade. A coisa que mais queria na vida era sair daquela cidade. Mas ainda havia um problema: não tínhamos dinheiro para viajar. Apesar de nunca ter faltado nada em nossa casa, vivíamos com tudo muito contado. Mas o pessoal da agência queria tanto que eu participasse daquela seleção que conseguiu um desconto e nós fomos.

    Aos 3 anos, meu pai me espancava sem motivo”


    Embarquei com minha mãe para Santa Catarina num ônibus lotado de meninas altas, bonitas e cheias de sonhos. Ficamos hospedadas no mesmo hotel onde o teste aconteceu. No grande dia, conversei com cada um dos agentes, enfileirados atrás de uma mesa comprida. Eram muitos, algum haveria de me escolher. Levei um susto quando soube que quase todos queriam trabalhar comigo, a dificuldade agora era decidir por um só. Três meses depois, com 16 anos, estava trabalhando na extinta Lumière, morando em São Paulo num apartamento da agência com outras 11 garotas – nenhuma das que foram comigo para Florianópolis. Durante um ano e meio, participei de castings e mais castings, mas pouca coisa acontecia. Sem dinheiro, me alimentava de bolachas e croissant de pacote, até papel higiênico tive de pedir emprestado. Já estava com tudo pronto para pegar o caminho de Cascavel e abandonar a (tentativa de) carreira, quando fui fazer meu último trabalho, um lookbook de uma marca de roupas.


    Durante o shooting, o maquiador e o fotógrafo me chamaram para conversar. ‘Você tem de mudar de agência’, disseram. Ligaram para a Way (a mesma de Carol Trentini e Alessandra Ambrósio) e me indicaram. Desde a semana em que pisei ali, nunca mais parei de trabalhar. Um mês depois, fui a recordista de desfiles do Fashion Rio e segui para as semanas de moda de Nova York, Milão e Paris. Minha vida agora era pelo mundo. Foi durante um ensaio de moda que conheci o diretor de cinema Marcos Mello, 35. No último dia de trabalho, ele, que estava capturando imagens em vídeo, me pediu para dançar em frente à câmera. ‘Tu acabas de ganhar um marido’, disse no fim. Saímos dois dias depois e, desde então, não desgrudamos mais. Isso já faz quatro anos e meio. A vida parecia muito melhor do que eu havia imaginado.

    Alicia Kuczman (Foto: Reprodução/Instagram)Alicia Kuczman (Foto: Reprodução/Instagram)

    Nas poucas vezes que voltava a Cascavel, duas por ano, olhava aqueles paredes cobertas por revistas e achava graça. ‘Trabalhei com aquela ali’, dizia para minha mãe. ‘Essa que está perto da porta ficou minha amiga’, mostrava outra. Ela vibrava com minha felicidade. Diferentemente do meu pai, que continuava me atacando nas crises e não se conformava de eu ter parado de estudar no fim do ensino fundamental.

    Não tinha dinheiro. Me alimentava de bolachas”


    Nos dois anos seguintes, fiz sucesso, ganhei dinheiro. Morava em um apartamento alugado em Nova York, vivia para lá e para cá. Trabalhava até 36 horas seguidas com a maior disposição. Fiz campanhas para Osklen e Alexandre Herchcovitch, posei para as principais revistas do mercado – Marie Claire entre elas. Era uma vida cansativa, mas eu não tinha do que reclamar. Em meados de 2013, me percebi inchada pela primeira vez. No corpo e principalmente no rosto. Mas não liguei. Como tomava um remédio regular para meu hipotireoidismo [inflamação da tireoide, glândula que, entre outras coisas, controla o metabolismo] desde os 11 anos, achei que era uma disfunção passageira. Mas um dia, aterrissando em Nova York, comecei a sentir dores absurdas do lado direito da barriga. Por sorte, Marcos estava comigo e me levou correndo para o hospital. Fizeram milhões de exames e não descobriram nada. Tomei uma, duas, cinco doses de morfina e continuava urrando, com o corpo contorcido e vomitando bílis sem parar. Horas depois, descobriram: estava com um cisto de 6 centímetros no ovário, que gerou um deslocamento do órgão – até hoje não confirmaram se a doença tem relação com a tireoide, mas acredito que sim. Os médicos disseram que precisavam operar às pressas e não podiam garantir que o ovário seria salvo.

    Me achavam magra demais. Perdi trabalhos”


    A cirurgia foi um sucesso, mas minha barriga ficou inchada por duas semanas. Tinha vários contratos fechados no Brasil e todos foram cancelados. Ninguém podia esperar por mim. A dor passou, mas fiquei oito meses sem menstruar. Mesmo assim, não voltei logo ao médico. Displicência minha que teve graves consequências. Em abril de 2014, fui passar dois meses na Austrália a trabalho. Apesar de feliz, me sentia fisicamente esquisita. Vivia com fome, comia loucamente e emagrecia sem parar. Minha calma habitual foi substituída por acessos de irritação incontroláveis. Durante esse período, não fiz nenhum trabalho. Meu agente dizia que o mercado estava me achando magra demais. Havia acabado de acontecer um caso de anorexia na Semana de Moda de Sydney que ganhou repercussão na imprensa e, definitivamente, eu estava fora dos padrões. Na mesma época, comecei a adoecer por qualquer coisinha. Tomava um vento, tinha sinusite. Esfriava, ficava gripada. Ainda comia um quilo de castanhas por dia e raramente dormia mais de três horas por noite. Só apagava quando meu corpo não aguentava mais de exaustão.


    De volta ao Brasil, tive um ataque de pânico no meio de uma sessão de fotos. Os termômetros cariocas marcavam 30 graus e eu tremia de frio no estúdio. Pedi uma pausa, mas a situação só piorava. Os músculos do meu corpo começaram a ter contrações involuntárias. A stylist conseguiu uma bacia de água quente e mandou que botasse os pés lá dentro. No mesmo minuto, meu corpo desarmou, como se derretesse. Era só o primeiro de outros tantos ataques de pânico que viriam em seguida. Nem sei de onde tirei forças, mas consegui terminar o trabalho. O cliente era antigo e pareceu compreender a situação. Mas nunca mais me chamou para nada.


    Finalmente marquei um médico, que pediu exames de sangue. O resultado foi alarmante: meu TSH [hormônio que estimula a tireoide] estava tão baixo que era indetectável. Estava com hipertireoidismo, disfunção na tireoide oposta à que tinha antes que, em vez de desacelerar o metabolismo, deixa-o extremamente acelerado. Os sintomas já sabia de cor: perda de peso, sudorese, depressão, pele ressecada, unhas e cabelos fracos, que caíam em tufos cada vez que me penteava. Desesperada, passei por oito endocrinologistas em um intervalo de um ano e meio. Os primeiros me mandaram tomar Rivotril ‘para não incomodar ninguém’. Outros, dependendo do dia em que ia visitá-los, receitavam remédios para perder ou aumentar o apetite. Em uma semana, chorava sem parar e não conseguia pregar o olho. Na seguinte, ficava absolutamente apática. Nesse perío­do, meu peso chegou a ter variações de 7 quilos em sete dias. ‘Alicia embuchou’, diziam pelas costas. ‘Cresceu e ficou gorda.’ Ninguém me chamava mais para nada.

    Meu corpo parecia derreter. Era um ataque de pânico”


    Sozinha, observei meu corpo e descobri que o inchaço ficava controlado se alternasse a dose do remédio. Até que finalmente encontrei uma médica que me ouviu com paciência e decidiu aprofundar o tratamento. Foram oito meses em que continuei engordando e emagrecendo rapidamente – sem contar outros efeitos horríveis, como taquicardia (não podia andar depressa nem fazer sexo) –, mas a doutora Carolina Mergulhão finalmente conseguiu ajustar a dosagem do medicamento. Numa ida a Cascavel, tive uma crise de ansiedade e corri para a sala em busca de ajuda. Meu pai estava lá sozinho e não tive outro jeito a não ser pedir socorro a ele. ‘Acho que vou morrer’, disse. ‘Posso deitar no seu colo?’ Ele fez um sinal positivo com a cabeça e me aconcheguei em suas pernas. Ninguém disse nada. Não precisava. Dias depois, ele falou pela primeira vez que me amava. Aos poucos, voltei a dormir, trabalhar, viver. Hoje, reconheço
    minha força e o poder de transformação que carrego em mim. E quando me dizem: ‘Como você está magra, ‘Como está linda’, respondo prontamente: ‘Regulei a tireoide’. Simples assim.”


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