Bolsonaro e a Denúncia da PGR: Defesa do Ex-Presidente Contesta Acusação de Tentativa de Golpe
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta um prazo crucial para responder à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. O período para apresentação da resposta se encerra nesta quinta-feira (6), marcando um momento decisivo para o processo.
Recusa de Ampliação de Prazo Pelo STF
Na última semana, os advogados de Bolsonaro recorreram da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou a extensão do prazo de resposta para 83 dias. A defesa argumentou que esse tempo seria necessário, uma vez que a PGR analisou o caso por igual período e que ainda não tiveram acesso completo aos documentos do processo.
Contudo, a PGR se manifestou contra a ampliação. Em um parecer enviado ao STF na quarta-feira (5), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que não existe previsão legal para tal prorrogação, mantendo o prazo original para a defesa de Bolsonaro.
Pedido de Impedimento de Ministros
Além da solicitação de mais tempo, a defesa do ex-presidente também pediu que os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin se declarassem impedidos de participar do julgamento. O argumento central é que ambos já possuiriam envolvimento anterior com questões relacionadas a Bolsonaro, o que poderia comprometer sua imparcialidade.
Em maio de 2024, Cristiano Zanin se declarou impedido para julgar um recurso de Bolsonaro contra sua condenação que o tornou inelegível. Agora, os advogados afirmam que o ministro também deve ser afastado do caso de tentativa de golpe, pois haveria conexão entre os processos.
Ademais, a defesa lembra que, antes de ser ministro, Zanin advogou para o PT e assinou uma notícia-crime contra Bolsonaro por ataques às instituições democráticas. Essa ação incluiu a acusação de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, a mesma tipificação presente na atual denúncia da PGR.
No caso de Flávio Dino, a defesa destaca que o ministro moveu uma ação por calúnia, injúria e difamação contra Bolsonaro enquanto era governador do Maranhão, o que também poderia indicar parcialidade.
No entanto, ambos os ministros declararam não haver impedimentos e garantiram sua imparcialidade para julgar a denúncia.
Composição da Primeira Turma do STF
A decisão sobre o caso de Bolsonaro será tomada pela Primeira Turma do STF, que é formada pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Essa turma é responsável por analisar as questões penais relacionadas ao ex-presidente e seus aliados.
Denúncia da PGR e Acusações Contra Bolsonaro
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou uma denúncia robusta contra Bolsonaro e outras 33 pessoas, incluindo seu ex-vice-presidente, general Braga Netto, e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. A acusação central gira em torno da tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022.
Segundo a PGR, os denunciados respondem pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Caso sejam condenados, as penas podem somar até 43 anos de prisão.
Bolsonaro é apontado como o líder do grupo que planejou a suposta tentativa de golpe, articulando ações para minar o resultado eleitoral e questionar a legitimidade da vitória de Lula.
Com a proximidade do fim do prazo para resposta da defesa, cresce a expectativa sobre os próximos passos do STF e como essa decisão poderá impactar o futuro político de Bolsonaro e de seus aliados.