IPCA-S e IPCA-15: Inflação acelera em fevereiro e preocupa mercado

IPCA-S e IPCA-15: Inflação acelera em fevereiro e preocupa mercado

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPCA-S) registrou uma alta significativa de 1,18% na quarta quadrissemana de fevereiro, impulsionado, principalmente, pelo setor de moradia, que apresentou um aumento expressivo de 3,80%. O dado, divulgado pela Fundacão Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira (6), evidencia a pressão inflacionária sobre os preços ao consumidor brasileiro.

Das oito classes de despesa que compõem o índice, quatro apresentaram alta em fevereiro, com destaque para moradia, alimentação, vestuário e comunicação. Entre as sete capitais analisadas, Salvador liderou a variação positiva, refletindo a intensificação dos preços em setores essenciais da economia.

Inflação acumulada e comparativo mensal

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-S registra alta de 4,03%, enquanto no primeiro bimestre de 2025 o crescimento foi de 1,20%. O resultado de fevereiro representa um salto significativo em relação a janeiro, quando o avanço foi de apenas 0,02%.

Essa aceleração na inflação preocupa o mercado, pois pode impactar a condução da política monetária pelo Banco Central, que segue atento às projeções econômicas para os próximos meses.

IPCA-15 sobe 1,23% em fevereiro e fica abaixo das expectativas

Outro indicador relevante para medir a inflação no Brasil, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15), apresentou crescimento de 1,23% em fevereiro, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira (25). Apesar do avanço, o resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que projetava uma inflação ainda maior.

Nos últimos 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 subiu de 4,5% para 4,96%, com destaque para o aumento expressivo da energia elétrica, que valorizou 16,33%. Esse crescimento reflete o fim do bônus energético de Itaipu, que ajudou a reduzir os custos do setor em janeiro.

Segundo o economista Maykon Douglas, a ausência de novas pressões inflacionárias contribuiu para que o IPCA-15 não superasse as previsões do mercado. Entretanto, ele alerta que o cenário segue desafiador:

“O Banco Central precisará manter uma política monetária rigorosa para conter a inflação. Ainda há preocupações com setores como serviços e alimentação, que continuam pressionando o índice”, afirmou.

Caged e impacto no mercado

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também influenciou o humor do mercado neste mês. O ministro do Trabalho antecipou que o próximo balanço indicará a criação de mais de 100 mil empregos em janeiro, enquanto as expectativas do IBGE eram de cerca de 50 mil novas vagas.

A discrepância nos números gerou preocupação no mercado, pois um mercado de trabalho aquecido pode levar a mais pressão inflacionária, forçando o Banco Central a adotar medidas mais duras na política monetária.

O economista Alisson Correia destacou que o aumento da inflação e o crescimento do emprego estão interligados:

“O mercado já reage com ceticismo às projeções do governo. Com a inflação acelerando, o Banco Central pode ter que elevar os juros novamente para conter a alta nos preços”, comentou.

Expectativas para os próximos meses

O mercado continuará monitorando de perto os indicadores inflacionários e os impactos das políticas econômicas adotadas pelo governo. O Banco Central enfrenta o desafio de equilibrar crescimento econômico com controle da inflação, o que pode influenciar diretamente nas taxas de juros e nas projeções de investimentos para 2025.