O senador Ciro Nogueira (PP), presidente do Partido Progressistas (PP), fez duras críticas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), questionando especialmente a nova estratégia de comunicação do governo, que, segundo ele, tem prejudicado a imagem do petista. O senador, que foi uma das figuras de destaque no governo anterior de Jair Bolsonaro (PL), considera que o aumento da exposição de Lula, impulsionado pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, tem contribuído para o aumento da desaprovação popular do atual presidente.
De acordo com a pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 26 de fevereiro de 2025, a desaprovação de Lula ultrapassou os 60%. Para Ciro Nogueira, o problema do governo Lula não reside apenas na comunicação, mas na falta de uma estratégia clara e eficaz para enfrentar os desafios do país. O senador acredita que uma reformulação profunda da administração seria necessária, mas, ao mesmo tempo, duvida que isso venha a acontecer.
Apesar da presença do Partido Progressistas na base governista, com o ministro André Fufuca à frente do Ministério do Esporte, Nogueira fez questão de ressaltar que, caso o governo não tome uma direção mais eficaz, a possibilidade de ruptura entre o PP e o Planalto pode se concretizar. Ele afirmou: “Se o governo não tiver uma mudança radical agora, não tem como nem a gente, daqui a pouco, permitir que os membros do partido participem desse governo.” Esse posicionamento reflete a insatisfação do senador com a forma como o atual governo tem conduzido a administração, especialmente no que diz respeito à falta de decisões ousadas e eficazes para o Brasil.
Nogueira também apontou que sempre foi contra a entrada do PP na base governista, uma decisão que, segundo ele, acabou se revelando equivocada. O senador não poupou críticas à atual gestão, afirmando que Lula está isolado, sem a vontade política necessária para implementar as mudanças que o país precisa. Além disso, Nogueira criticou a nomeação de Ana Moser para o Ministério do Esporte e pressionou o presidente a substituir a ex-ministra por um aliado político, o que, para ele, seria uma forma de garantir mais representatividade para o PP dentro do governo.
Ciro Nogueira e a Suposta Trama Golpista Envolvendo Bolsonaro
A entrevista de Ciro Nogueira à Folha de S. Paulo também abordou o polêmico tema das investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente as acusações de um possível golpe que envolvem o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Nogueira negou qualquer envolvimento com o suposto plano golpista e defendeu a importância do respeito à vontade popular. Para o senador, ele foi quem convenceu Bolsonaro a iniciar a transição de poder, refutando qualquer acusação que o colocasse como parte de um movimento golpista.
Em relação às investigações em curso, Ciro Nogueira afirmou que não acredita que Bolsonaro esteja envolvido em qualquer atividade ilegal, desde que tenha um julgamento justo. Para o senador, as acusações contra o ex-presidente são baseadas em “achismos” e delações sem provas concretas, e ele defende que Bolsonaro é inocente em relação aos processos em que é citado.
Além disso, Nogueira criticou a postura dos comandantes das Forças Armadas, questionando por que eles não denunciaram o plano golpista, caso realmente existisse. O senador também afirmou que seria um absurdo que Bolsonaro não fosse julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), destacando que, para ele, um julgamento justo seria imprescindível para a credibilidade do processo.
O Papel da Mídia e as Investigações Contra Bolsonaro
Em relação às investigações envolvendo Bolsonaro, Ciro Nogueira minimizou a relevância do caso do cartão de vacinação e da venda de joias recebidas pelo governo. Para o senador, essas questões são um desvio de atenção dos problemas reais que o Brasil enfrenta, como o desemprego, a inflação e a falta de uma agenda clara para o crescimento econômico. Nogueira ressaltou que o país precisa focar no que realmente importa para a população e não perder tempo com questões que considera irrelevantes nesse momento político.
Por fim, o senador concluiu sua entrevista afirmando que não irá mais comentar sobre as investigações de Bolsonaro. Ele defendeu a necessidade de superar os assuntos do passado e de focar na construção de um futuro mais sólido para o Brasil.