Dólar ronda estabilidade ante o real antes de dados de emprego dos EUA

O dólar está sendo amplamente monitorado pelos investidores nesta sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025, com a moeda norte-americana operando praticamente estável frente ao real. Apesar da estabilidade momentânea, o dólar acumula uma queda semanal de 1,24%, refletindo a cautela dos mercados antes da divulgação do relatório de emprego nos Estados Unidos, um indicador crucial para as decisões do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros. Com o índice do dólar global subindo 0,17%, a atenção dos investidores brasileiros também está voltada para questões domésticas, como declarações do ministro da Fazenda e os impactos das políticas econômicas do governo.


Cenário Atual

Na manhã desta sexta-feira, às 9h48, o dólar à vista no Brasil registrava leve queda de 0,03%, cotado a R$ 5,7631 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento apresentava alta de 0,10%, negociado a R$ 5,792. Esses movimentos refletem a incerteza dos investidores diante de fatores globais e locais que podem influenciar a trajetória da moeda.

Na quinta-feira, o dólar à vista no Brasil fechou em baixa de 0,49%, a R$ 5,7649, a menor cotação desde 18 de novembro de 2024. Esse desempenho foi impulsionado por expectativas de que o Fed pode adotar um tom mais “dovish” (flexível) em relação às taxas de juros, reduzindo a atratividade do dólar para investidores internacionais.


Relatório de Emprego dos EUA: O Fator Decisivo

Todas as atenções dos mercados globais estão voltadas para o relatório de emprego dos Estados Unidos, conhecido como payroll , que será divulgado hoje. Este indicador é fundamental para prever a trajetória da política monetária do Federal Reserve. Economistas consultados pela Reuters projetam que os empregadores norte-americanos criaram 170.000 vagas de trabalho fora do setor agrícola em janeiro, abaixo das 256.000 registradas em dezembro. A taxa de desemprego deve permanecer inalterada em 4,1%.

Um resultado acima do esperado reforçará a percepção de resiliência do mercado de trabalho dos EUA, o que poderia levar os investidores a reduzirem suas apostas em cortes de juros pelo Fed este ano. Por outro lado, um número decepcionante ou revisões para baixo nos dados anteriores podem reacender as expectativas de dois cortes de juros, pressionando o dólar globalmente.

Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank, destacou: “O payroll dos EUA de hoje será, sem dúvida, a chave para os mercados de câmbio. Uma decepção na criação de empregos ou uma revisão para baixo nos números anteriores pode reacender as expectativas de dois cortes de juros pelo Fed este ano.”


Impacto do Dólar Global no Brasil

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,17%, a 107,840. Esse movimento tem impacto direto no dólar à vista no Brasil , especialmente em momentos de volatilidade global. Uma perspectiva de menor afrouxamento monetário nos EUA pode manter os rendimentos dos Treasuries elevados, favorecendo o dólar em detrimento de outras moedas, incluindo o real.

No entanto, o cenário doméstico também desempenha um papel crucial. Declarações recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicam que o governo está trabalhando em políticas para levar o dólar à vista no Brasil a um “patamar mais adequado”. Durante entrevista à Rádio Cidade, de Pernambuco, Haddad afirmou que essas medidas terão reflexos nos preços nas próximas semanas.


Política Econômica e Reações do Mercado

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a inflação geraram certa preocupação entre os investidores. Na quinta-feira, Lula afirmou que a inflação está “totalmente controlada”, apesar de números recentes mostrarem que o nível de alta dos preços superou o teto da meta perseguida pelo Banco Central, fixada em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Essa divergência entre discurso oficial e dados concretos pode aumentar a volatilidade do dólar à vista no Brasil , especialmente em um momento em que o mercado busca sinais claros de estabilidade econômica. Para especialistas, a comunicação eficaz entre o governo e o mercado será essencial para evitar oscilações desnecessárias na moeda.


Impasse Comercial EUA-China e Seus Reflexos

Além do relatório de emprego, os mercados continuam acompanhando de perto o impasse comercial entre EUA e China. O presidente Donald Trump impôs tarifas de 10% sobre produtos chineses esta semana, medida que gerou retaliação por parte de Pequim. Embora Trump tenha suspendido temporariamente tarifas de 25% sobre México e Canadá após promessas de controle mais rígido das fronteiras, as tensões comerciais globais permanecem como um fator de risco para o dólar à vista no Brasil e outras moedas emergentes.


Perspectivas para o Dólar no Brasil

Com base nos dados atuais, o dólar deve continuar sendo influenciado por uma combinação de fatores globais e locais. A divulgação do payroll dos EUA será determinante para definir a trajetória imediata da moeda, enquanto as políticas econômicas do governo brasileiro e as tensões comerciais internacionais moldarão o cenário de médio prazo.

Investidores devem monitorar de perto:

  1. Dados de Emprego dos EUA: Resultados acima ou abaixo das expectativas podem alterar significativamente as projeções para o Fed.
  2. Políticas Econômicas Brasileiras: Declarações do ministro da Fazenda e medidas governamentais podem impactar diretamente o dólar.
  3. Tensões Comerciais Globais: Qualquer escalada no conflito EUA-China pode aumentar a demanda por ativos seguros, como o dólar.

O Futuro do Dólar

O dólar à vista no Brasil está em um momento de transição, influenciado por variáveis globais e domésticas. Enquanto os investidores aguardam o relatório de emprego dos EUA para ajustar suas estratégias, o governo brasileiro precisa garantir uma comunicação clara e consistente para evitar volatilidades excessivas na moeda.

Seja qual for o desfecho desses eventos, fica evidente que o dólar continuará sendo um dos principais indicadores do cenário econômico nacional e internacional. Para quem acompanha o mercado financeiro, estar atento a essas tendências é essencial para tomar decisões informadas e estratégicas.