O endividamento de famílias no Brasil apresentou uma melhora significativa em janeiro de 2025, com uma queda para 76,1% do total de famílias endividadas. Esse resultado representa uma redução de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro de 2024 e de 2 pontos percentuais na comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar dessa melhoria momentânea, especialistas alertam que o cenário pode mudar ao longo do ano, com previsões indicando um aumento no endividamento de famílias a partir de março.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), conduzida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que o cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelos consumidores, respondendo por 83,9% do total de dívidas. No entanto, esse valor é 3% menor do que o registrado no início de janeiro, indicando uma leve desaceleração no uso desse tipo de crédito.
Neste artigo, vamos explorar os fatores por trás da queda no endividamento de famílias , as diferenças entre grupos socioeconômicos e as projeções para os próximos meses. Além disso, analisaremos como o comprometimento da renda e a inadimplência impactam o consumo e a economia brasileira.
A Melhora no Endividamento de Famílias em Janeiro de 2025
De acordo com a pesquisa, o endividamento de famílias caiu para 76,1% em janeiro de 2025, refletindo uma leve recuperação no orçamento doméstico. Essa melhora foi acompanhada por uma redução na inadimplência, com 29,1% das famílias relatando dívidas em atraso e 12,7% afirmando que não conseguirão quitá-las. Em dezembro de 2024, esses índices eram de 29,3% e 13%, respectivamente, enquanto em janeiro de 2024 estavam em 28,3% e 12%.
Esse recuo na inadimplência marca o primeiro desde julho de 2024, indicando que algumas famílias conseguiram ajustar suas finanças no início do ano. No entanto, especialistas ressaltam que essa melhoria pode ser temporária, especialmente considerando as perspectivas econômicas para os próximos meses.
O Papel do Cartão de Crédito no Endividamento de Famílias
O cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de crédito utilizada pelas famílias brasileiras, representando 83,9% do total de dívidas. Embora esse número tenha diminuído 3% em relação ao início de janeiro, ele ainda reflete a dependência dos consumidores em relação a essa forma de crédito.
O uso excessivo do cartão de crédito é frequentemente associado ao alto custo do crédito rotativo, que pode levar ao aumento do endividamento de famílias . Para muitos consumidores, o cartão se torna uma solução rápida para cobrir despesas imediatas, mas acaba gerando um ciclo de dívidas difícil de quebrar.
Diferenças Socioeconômicas no Endividamento de Famílias
A pesquisa também destacou disparidades no endividamento de famílias entre diferentes grupos socioeconômicos. As famílias mais vulneráveis, que recebem até três salários mínimos, foram as únicas a registrar um aumento no percentual de endividamento. Em janeiro de 2025, 79,2% dessas famílias estavam endividadas, e 18,4% afirmaram que não terão condições de quitar suas dívidas.
Além disso, um quinto de todas as famílias com dívidas tem mais da metade de sua renda comprometida. Esse cenário é particularmente preocupante para as famílias de baixa renda, que enfrentam maior dificuldade para equilibrar suas finanças e lidar com aumentos nos custos de vida.
Comprometimento da Renda e Perspectivas de Consumo
Em média, as dívidas comprometem 30% da renda das famílias ouvidas na pesquisa. Esse dado, embora subjetivo, sugere que muitas pessoas estão adotando uma postura mais conservadora em relação ao consumo. Com o aumento das incertezas econômicas, os consumidores tendem a priorizar o pagamento de dívidas existentes em vez de realizar novas compras.
Essa tendência pode impactar negativamente setores como o varejo e os serviços, que dependem do consumo das famílias para sustentar seu crescimento. Além disso, o comprometimento elevado da renda limita a capacidade das famílias de investir em educação, saúde e outros gastos essenciais.
Projeções para o Endividamento de Famílias em 2025
Apesar da melhora observada em janeiro, a CNC estima que o endividamento de famílias voltará a crescer ao longo de 2025. Segundo o estudo, os percentuais devem começar a subir a partir de março, fechando o ano com 77,5% das famílias brasileiras endividadas e 29,8% delas inadimplentes.
Essa projeção é baseada em fatores como o aumento esperado nos juros, a inflação persistente e a desaceleração do mercado de trabalho. Para muitas famílias, essas condições podem dificultar ainda mais o equilíbrio financeiro e aumentar o risco de novas dívidas.
Como Reduzir o Endividamento de Famílias?
Para mitigar os impactos do endividamento de famílias , especialistas recomendam medidas como:
- Educação financeira: Promover campanhas de conscientização sobre o uso responsável do crédito e a importância de planejar o orçamento familiar.
- Políticas públicas: Implementar políticas que facilitem o acesso ao crédito a taxas mais baixas, especialmente para famílias de baixa renda.
- Renegociação de dívidas: Incentivar programas de renegociação que permitam às famílias quitar suas dívidas de forma mais acessível.
Além disso, é fundamental que o governo e o setor privado trabalhem juntos para criar condições mais favoráveis ao crescimento econômico, reduzindo as pressões sobre o orçamento das famílias.
Conclusão: O Futuro do Endividamento de Famílias no Brasil
Embora o endividamento de famílias tenha apresentado uma melhora em janeiro de 2025, os desafios permanecem significativos. A dependência do cartão de crédito, o comprometimento elevado da renda e as disparidades socioeconômicas continuam a pressionar o orçamento doméstico. Para garantir uma recuperação sustentável, é essencial que políticas públicas e iniciativas privadas sejam implementadas de forma coordenada.
O futuro do endividamento de famílias dependerá diretamente da capacidade do país de promover um ambiente econômico mais estável e inclusivo. Enquanto isso, as famílias precisam adotar estratégias de gestão financeira que priorizem o equilíbrio entre dívidas e gastos essenciais.